quarta-feira, 15 de julho de 2020

Vamos falar hoje do livro "Cidades Mortas" de Monteiro Lobato, um livro de contos que narra a decadência das pequenas cidades do Vale do Paraíba após a abolição da escravatura e com o declínio na agricultura do café.


Cidades Mortas | Amazon.com.br



Em Cidades mortas, livro publicado pela primeira vez em 1919, é reunida uma série de contos escritos entre 1900 e 1910. Monteiro Lobato (1882-1948) critica as especificidades do rural brasileiro. Ele o vê como decadente e sem perspectivas de ser reabilitado, porque, segundo entende, caíra em profunda exaustão. Nos contos ambientados na região val paraibana, as imagens elaboradas para falar da decadência são trágicas e mórbidas. A ideia de rural aparece em oposição ao urbano.


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Colaborador da imprensa paulista e carioca, Lobato não demoraria a suscitar polêmica com o artigo “Velha praga”, publicado em 1914 em O Estado de S.Paulo. Um protesto contra as queimadas no Vale do Paraíba, o texto seria seguido
de “Urupês”, no mesmo jornal, título dado também ao livro que, trazendo o Jeca Tatu, seu personagem símbolo, esgotou 30 mil exemplares entre 1918 e 1925.


Vale do Paraíba sofre com esvaziamento populacional - Jornal O Globo
São José do Barreiro


O período áureo da produção cafeeira no Vale do Paraíba ocorreu na década 1850/1860. No ano de 1854, a produção anual de café do Vale do Paraíba foi de 2.730.000 arrobas, e o município de Bananal, sozinho, exportou neste ano a impressionante cifra de 554.000 arrobas.


Sete prédios em Areias que dão uma aula cultura para você - Meon
Areias


O café transformou o vale paulista na principal região econômica da Província de São Paulo na mais importante região econômica e política do Brasil-Império. A paisagem rural sofreu uma violenta transformação, derrubando-se a floresta nativa e os cafezais, esparramando-se pelos morros e vales. Fez surgir as casas-grandes, as senzalas, as tulhas construídas em taipa de pilão, os terreiros de pedra batida para secar grãos de café, os carros de bois, as tropas de burros, as casas de máquinas para beneficiar o café. Posseiros derrubavam as matas e abriam as lavouras, lançando as primeiras sementes e alguns anos depois, começavam a colher os primeiros frutos. Famílias mineiras deslocaram-se do planalto com seus bens e escravos para ocupar as terras que marginavam o “caminho novo”. Fizeram nascer e florescer as grandes fazendas e as poderosas oligarquias, enobrecidas pelo Imperador, dominando as câmaras municipais, as irmandades religiosas e projetando-se no cenário político e social do Império.


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Vale do Paraíba


Vassouras, Valença, Três Rios, Paraíba do Sul, Resende, Pirai, Barra Mansa, Bananal, São José do Barreiro, Areias, Silveiras, nasceram e cresceram em torno das fazendas produtoras de café e à sombra dos fazendeiros e dos “barões de café”. As casas-grandes dominavam a paisagem, imponentes, assobradas, com dezenas de janelas, portas, alcovas, salões, corredores, pátios e cozinhas.


Cidade de Bananal, Debret
Cidade do Bananal  - pintura de Debret




Cidades mortas recebeu em suas primeiras edições o subtítulo “Contos e impressões”, segundo Câmara Cascudo bem adequado a um livro em que o autor, em lugar de criar histórias, apenas descreve o marasmo que observara durante suas andanças pelo interior. “As sensações daquelas cidades adormecidas num recanto quieto da província e ligadas à vida dos centros maiores pelo ‘débil cordão umbilical do correio’são flagrantíssimas e apontamo-las iguais em todos os Estados.” Suas páginas vão reverberando o abandono de Itaoca, cidadezinha fictícia à margem da civilização, na qual resiste um “pugilato de caboclos opilados, de esclerótica biliosa, inermes, incapazes de fecundar a terra, incapazes de abandonar a querência, verdadeiros vegetais de carne que não florescem nem frutificam”.

Monteiro Lobato - Brasil Escola


A despeito de todo seu conservadorismo  e ser avesso a uma sociedade mais plural; colocando a culpa pelo atraso brasileiro unicamente no povo mais pobre, em certo ponto ele acerta ao relatar que o Brasil era monoculturista e seus fazendeiros não sabiam produzir sem  mão de obra escrava.

Segundo o autor em sua crítica ácida naquelas cidades não havia presente, só pretérito.


Essas cidades que prosperaram com o café e no século XVIII e XIX compunham o trajeto da rota do ouro que vinha de Minas Gerais até o Rio de Janeiro. 

Com o fim da escravidão e a decadência do cultivo do café essas cidades que outrora foram ricas hoje estão decadentes.



Veja as imagens das cidades mortas - Jornal O Globo
Uma das primeiras farmácias do Brasil



Fontes:
wikipedia.org
infoescola.com
passeiweb.com
revistas.usp.br
vitruvius.com.br
googlee.com

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