segunda-feira, 20 de julho de 2020

Vamos falar hoje do grande jornalista brasileiro Samuel Wainer.

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Samuel Wainer, em russo Самуил Хаимович Вайнер, nascido Samuel Haimovich Wainer (Edinet, 19 de dezembro de 1910 — São Paulo, 2 de setembro de 1980) foi um jornalita e empresário russo-brasileiro, fundador, editor-chefe e diretor do jornal Última Hora.


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Wainer tornou-se repórter dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, quando veio a entrevistar Getúlio Vargas em 1949, criando um gancho para o "queremismo", a campanha para a volta do ex-presidente ao comando da nação, tendo o petebista se candidatado e eleito em 1950. A amizade política entre eles, movida à base de interesses mútuos, viria a resultar na criação do Última Hora.

Vargas havia concebido a necessidade de um órgão de imprensa que pudesse sustentar as posições do populismo varguista contra uma imprensa anti-populista e anti-varguista. Sabendo da insatisfação de Wainer com o trabalho nos Diários Associados, onde estava sujeito às humilhações quotidianas que implicava o trato diário com Assis Chateaubriand e suas práticas amorais, Vargas sabia poder contar com a lealdade pessoal daquele a quem havia apelidado de "Profeta". Para tal, uma vez eleito, garantiu que o Banco do Brasil fornecesse um crédito a Wainer para a constituição do jornal em condições privilegiadas.


Embora formado em farmácia, jamais exerceu a profissão. Começou sua carreira de jornalista ainda estudante, no Diário de Notícias. Em 1938, após o golpe do Estado Novo (10/11/1937), fundou a revista mensal Diretrizes. Transformada, em 1941, em semanário, Diretrizes adotou uma linha de oposição ao regime ditatorial liderado por Getúlio Vargas, tendo diversas edições apreendidas



Diretrizes ou Novas Diretrizes: perfeito antagonismo | Biblioteca ...


Em 1944, Diretrizes publicou uma entrevista de Lindolfo Collor, na qual o ex-ministro do Trabalho afirmava esperar que o fim da guerra contra o nazismo na Europa fosse acompanhado pelo término da ditadura no Brasil. Em conseqüência, o suprimento de papel ao jornal foi suspenso. Obrigado a retirá-lo de circulação, Wainer partiu para o exílio, primeiro no Chile e depois nos Estados Unidos, onde trabalhou como correspondente de O Globo.

Foi o fundador do Jornal "Última Hora" que foi um grande foco de resistência à ditadura militar.


capa-do-jornal-ultima-hora-de-samuel-wainer-1024x989 - Café História


O jornal nasceu em 12 de junho de 1951, próximo a zona portuária do Rio, o jornal ''Última Hora''. Um marco no jornalismo brasileiro, chamava atenção pelo perfil ousado, era desenhado, tinha cores, com grandes fotos estampadas na capa e nova diagramação. Revolucionário para a época, entrou para a História também por sua influência política. Getúlio Vargas, que tentava voltar à Presidência da República nas eleições de 1950 mas não tinha o apoio da imprensa, ficou amigo do fundador do jornal e incentivou Samuel Wainer a criar o diário. Seu proprietário montou rapidamente dois jornais, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo - este começou a circular um ano depois, em 1952 -, além de comprar a Rádio Clube do Brasil.

Última Hora: instrumento político a favor de Getúlio Vargas1


Em 24 de agosto de 1954, dia em que Vargas se matou com um tiro no peito, em que Samuel Wainer publicou a manchete em edição extra: ‘’Matou-se Vargas!’’. Logo abaixo, publicando em letras garrafais a declaração de Getúlio, o diário carioca informava que ‘’o presidente cumpriu a palavra: 'Só morto sairei do Catete!'’’. E destacava, acima da manchete histórica, que o jornal de logotipo azul ‘’havia adiantado, ontem, o trágico propósito’’.

Nessa época, Wainer não esperava a fúria de Carlos Lacerda, ex-amigo e um ex-comunista que virou uma das principais vozes da conservadora União Democrática Nacional (UDN) e se tornou o inimigo número 1 de Vargas. Lacerda também viu no sucesso da ‘’Última Hora’’ uma ameaça ao seu jornal, a ‘’Tribuna da Imprensa’’ , fundado dois anos antes. Lacerda lançou uma campanha contra Wainer liderada pela ‘’Tribuna’’, acusando-o de favoritismo nas negociações com o Banco do Brasil, que culminou na criação, em abril de 1953, da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias, tendo conclusão em setembro do mesmo ano desfavorável a Wainer. No mesmo período da CPI, Wainer lançou a revista semanal ‘’Flan’’, elegante, impressa em policromia, trazendo grandes intelectuais da época. O novo produto atingiu diretamente a concorrência no mercado de revistas.

Quando a ‘’Última Hora’’ foi fundada, seus jornalistas passaram a receber os melhores salários da imprensa brasileira, levando Lacerda mais uma vez a acusar Wainer, agora de prática de ‘’dumping’’, em meio ao sucesso do jornal carioca, que atraía verbas publicitárias volumosas. Pelo diário também passaram grandes repórteres, como Sérgio Porto e Nelson Motta. Wainer também convidou para o seu time o cartunista Lan e o artista gráfico paraguaio Andrés Guevara, responsáveis por inovações gráficas. Entre as célebres caricaturas de Lan está a do corvo com a cara de Carlos Lacerda, desenhada a pedido de Wainer. Para Lan, esse foi o pior desenho que já fez, mas o que lhe deu mais notoriedade.

A onda de modernização que tomava a imprensa brasileira fez o jornal de Wainer combinar um jornalismo brilhante, popular, com sofisticação cultural, reunindo colunistas como Nelson Rodrigues e Vinícius de Moraes. O diário inovou ainda ao pôr o futebol e as artes nas primeiras páginas e ao valorizar histórias em quadrinhos nacionais. A ‘’UH’’, como era conhecida, tratava de Cidade, Esportes, Carnaval, Artes e Política. A sua tiragem sempre esteve associada ao prestígio do getulismo. Tanto que no dia seguinte à sua morte, vendeu cerca de 700 mil exemplares, número jamais superado por suas rotativas. Na década de 50, sua tiragem chegava a 140 mil só no Rio, acrescidos de mais 70 mil exemplares em São Paulo. Já em 1991, período da extinção do jornal, a tiragem diária era de apenas 70 mil exemplares.

Fotos da Última Hora trazem a mobilização popular para a cena - Sul 21

Durante o governo de Jânio Quadros, o jornal apoiou algumas iniciativas no campo da política externa, como a aproximação com os países socialistas. Após a renúncia de Jânio (25/08/1961), a Última Hora defendeu a posse do vice-presidente João Goulart, que na ocasião sofreu uma tentativa de veto por parte dos ministros militares. Durante o governo Goulart, o jornal manteve-se sempre ao lado do presidente, apoiando suas propostas de reformas de base.


Após o golpe militar de 31 de março de 1964, Wainer teve seus direitos políticos suspensos. Asilando-se na França, voltou ao Brasil em 1967 e reassumiu a direção da Última Hora. Vendeu o jornal em 1972. Trabalhou em diferentes órgãos da imprensa brasileira até o final da década de 1970.


O CASO DAS MÃOS AMARRADAS", PRISÃO E MORTE DE UM SARGENTO ...


Faleceu em São Paulo no dia 2 de setembro de 1980.

Foi casado três vezes e do matrimônio com Danusa Leão teve três filhos.


Samuel Wainer and Danuza Leao (brazilian writter and journalist ...
Samuel Wainer e Danuza Leão


Fontes:
cpdoc.fgv.br
wikipedia.org
google.com
acervo.oglobo.globo.com

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