quinta-feira, 30 de abril de 2020

Para que serve o Hífen ?




A função básica do hífen é criar novas palavras sejam compostas ou derivadas.

Juntamos duas palavras simples e formamos uma terceira composta: couve + flor = couve-flor; célula + tronco = célula-tronco; homem + bomba = homem-bomba; sequestro + relâmpago = sequestro-relâmpago...

Se fosse assim seria maravilhoso não é mesmo?

Afinal temos uma palavra,  copo e outra palavra,  leite. Me dê um copo de leite, por favor! Nessa frase tanto o substantivo copo como o substantivo leite continuaram com seu significado, ou seja, não formaram uma nova palavra.

Já quando nos referimos a flor copo-de-leite colocamos hífen porque formou-se uma nova palavra.

Infelizmente não é sempre tão simples assim!

A reforma ortográfica brasileira trouxe algumas alterações, mas em alguns casos a regra continuou a mesma.

1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.

2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, eva-do-chá, abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.

3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém-fiar, etc.

4. No geral, as locuções ( duas palavras que juntas têm a mesma função)  não possuem hífen, mas algumas exceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc.

6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- quando associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc.

7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.

8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.

9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.



Palavras com prefixo “sub” têm hífen apenas quando seguidas das letras “h”, “b” ou “r”.

Ex:  Sub-hepático, sub-história, sub-bélico, sub-bloco, sub-reitor, sub-região.



Nos demais casos, não há hífen.

Ex: Subprocurador, subchefe, subdiretor, subestação, subalimentar, subestimar, subnotificação,  subsolo.

Com prefixos : - anti, ante, entre, intra, contra, ultra, sobre, extra, usamos o hífen quando a outra palavra começar um com uma vogal idêntica ou com a letra H.

Ex: anti-inflamatório; anti-higiênico; anti-herói; contra-ataque

Com prefixos: hiper, inter, super, quando a outra palavra começar com a letra R ou H.

Ex: - hiper-raivoso; inter-racial; super-homem; super-resistente.

Com os prefixos: pré; pós

Ex: pré-escolar, pós-operatório; pós-graduação.


Vocês notaram que todas as vezes que uma palavra composta iniciar om a mesma vogal da palavra anterior ou om a consoante H,  haverá hífen.




Fontes:
brasilescola.uol.com.br
g1.globo.com/educacao
clubedoportugues.com.br
google.com
soportugues.com.br


quarta-feira, 29 de abril de 2020



Frase

Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo ser formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou não. A frase exprime, através da fala ou da escrita:



Frase, portanto, é todo enunciado capaz de transmitir, de traduzir sentidos completos em um contexto de comunicação, de interação verbal.




- ideias
- emoções
- ordens
- apelos

A frase se define pelo seu propósito comunicativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâmbio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a situação em que é utilizada.

Exemplos:

O Brasil possui um grande potencial turístico.
Espantoso!
Não vá embora.
Silêncio!
O telefone está tocando.

Observação: a frase que não possui verbo denomina-se Frase Nominal.

Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoação, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação pode vir acompanhada por gestos, expressões do rosto, do olhar, além de ser complementada pela situação em que o falante se encontra. Esses fatos contribuem para que frequentemente surjam frases muito simples, formadas por apenas uma palavra. Observe:

Rua!
Ai!

Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acompanhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfazer suas necessidades expressivas.

Na língua escrita, a entoação é representada pelos sinais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é fornecido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário que as frases escritas sejam linguisticamente mais completas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obedecer as regras gerais da língua. Portanto, a organização e a ordenação dos elementos formadores da frase devem seguir os padrões da língua. Por isso é que:

As meninas estavam alegres.

constitui uma frase, enquanto:

Alegres meninas estavam as.

não é considerada uma frase da língua portuguesa.



Fontes:
soportugues.com.br
portugues.com.br

terça-feira, 28 de abril de 2020

Na América do Norte, como no Brasil, no período que se estende da metade do século XIX às três primeiras décadas do século XX, recebeu milhões de imigrantes europeus, que chegaram de suas terras praticamente sem nada para trabalhar nas indústrias, sendo parte de um grande processo de industrialização, expansão e consolidação do sistema Capitalista.



Rogério Correia - FILME SACCO E VANZETTI: DOIS INOCENTES ...


Ao aportarem nos Estados Unidos, os imigrantes italianos traziam a ambição de conquistarem a América, fazer fortuna e retornar à sua pátria.

Porém, o estilo de vida americano, vendido nos cartazes divulgados na Europa (na verdade em busca de mão de obra barata), não condizia com as reais condições a que os imigrantes eram submetidos.

Na América, os italianos sofreram grande discriminação, tendo que viver em aglomerados, observados como forasteiros aos olhos da sociedade americana.

Se por um lado os italianos trouxeram pouco, ou quase nada, em contrapartida, chegaram à América com uma imensa bagagem de ideias oriundas de um longo processo das relações conflituosas entre capital e trabalho, que se iniciara há mais de 100 anos na Europa.

Em contraponto ao capitalismo selvagem onde as relações entre capital e trabalho eram infinitamente conflitantes e desigual surgiram diversos movimentos sindicalistas nos EUA.

Pena de morte para Sacco e Vanzetti | Acervo

O medo do socialismo, como acontecera na Revolução Bolchevique, na Rússia (1917), fez com que a vigilância e repressão aumentassem em diversos pontos do globo. Movimentos como o anarquismo e o socialismo, que propunham um sistema diferente do modo de vida e estruturação social do Capitalismo, eram reprimidos com violência.


Foto histórica de Sacco e Vanzetti

        Sacco e Vanzetti

Mas quem eram estes dois italianos? Sacco era filho de camponeses pobres italianos, emigrou para a “América” em 1908, aos 17 anos. Viveu períodos de grandes dificuldades (chegando a passar fome, desemprego e muita miséria), trabalhou em diversas fábricas, como em uma de sapatos na qual conheceu sua companheira, com quem teve seus dois filhos. Sacco chegou a participar da Federação Socialista Italiana, mas logo se envolveu com a prática sindicalista revolucionária e anarquista. 

Bartolomeu Vanzetti, por sua vez, quando jovem, teve um envolvimento com ideias religiosas e humanistas. No entanto, gostava muito de estudar e logo se desligou de qualquer instituição religiosa. Emigrou para os Estados Unidos aos 20 anos, fato que levou a uma profunda transformação em sua vida. Segundo Vanzetti, na América viu “todas as brutalidades da vida, todas as injustiças e as depravações em que se debate tragicamente a humanidade”. E decidiu dedicar-se física e intelectualmente, chegando a estudar importantes teóricos de sua época como Bakunin, Marx, Kropotkin, Gorki, Mazzini, Tolstoi, Leopardi, Darwin, dentre outros. Leu grande parte destas obras nas madrugadas, após longas jornadas de trabalho na fábrica, debruçado sobre um livro à luz de velas. Vanzetti se tornou um convicto anarquista e importante liderança no movimento operário. 

Site Taquiprati - A balada de Sacco e Vanzetti


Tanto o sapateiro Ferdinando "Nicola" Sacco como o vendedor ambulante Bartolomeo Vanzetti haviam emigrado da Itália para os Estados Unidos em 1908, e se engajavam politicamente, dizendo-se anarquistas. Sua prisão aconteceu numa época em que os sindicatos ganhavam cada vez mais força nos Estados Unidos, na batalha contra a exploração dos trabalhadores. Governo e opinião pública viam nisso uma tentativa de revolução comunista.


90 Anos da morte de Sacco e Vanzetti | Oriundi.net


A classe média – insuflada pela grande burguesia – temia pela sua situação privilegiada. Sentia-se ameaçada pela massa de imigrantes provinda da Europa. Eram espanhóis, portugueses e, especialmente, italianos. Além de sua fisionomia e língua latinas, traziam estranhas ideias que colocavam em risco a ordem e o modo de vida norte-americano: o anarquismo e o socialismo.


Depois de sangrentos conflitos entre grupos de imigrantes russos, chegaram a ser enviadas tropas a Boston para controlar o que se suspeitava serem "os primeiros passos dos bolcheviques na conquista dos Estados Unidos". Dois rapazes de origem italiana acabaram sendo vítimas desse estado de ânimos.


O assalto a uma fábrica de sapatos de Massachusetts, em 15 de abril de 1920, com a morte de dois homens, levou à prisão dos dois imigrantes italianos. Embora sempre tenham jurado inocência, em julho de 1921, os jurados os declararam culpados. A sentença de morte baseou-se apenas em provas circunstanciais, num processo muito questionável. As testemunhas da defesa nunca chegaram a ser ouvidas. A condenação à morte de Sacco e Vanzetti provocou uma onda de protestos e consternação em todo o mundo.


Repercussão internacional


Sacco e Vanzetti, condenados pela ira do capitalismo norteamericano


Tudo indicava que os dois acusados haviam sido vítimas de um julgamento precipitado e privados de processo justo, devido a suas convicções políticas. A embaixada norte-americana em Paris recebeu ameaça de atentado, a representação em Havana teve que pedir reforço policial e uma bomba explodiu na casa do governador de Massachusetts.


Vanzetti e Sacco



Os vários pedidos de revisão provocaram o adiamento da execução da sentença diversas vezes. Em carta ao governador do Estado, insistiram, em vão, em sua inocência . Não pediram por clemência, pois isso equivaleria a reconhecer a autoria do crime. Mas, com os recursos esgotados, no dia 23 de agosto de 1927 eles foram mortos na cadeira elétrica: Vanzetti contava 39 anos, Sacco, 36.




Sacco e Vanzetti 1971




A história desses dois anarquistas italianos foi levada ao cinema em 1971, porém devido a censura, no Brasil o filme só foi exibido em 1980. O filme foi dirigido por Giuliano Montaldo com Riccardo Cucciola como Nicola Sacco e Gian Maria Volunté como Bartolomeu Vanzetti. Triloha sonora de Ennio Moricone



Fontes:

brasil247.com
justificando.com
dw.com/pt-br
wikipedia.org
google.com
youtube.com

segunda-feira, 27 de abril de 2020

No dia 27 de abril de 1521 morria, em uma batalha em Cebu, nas Filipinas, o navegador português Fernão de Magalhães. 


Fernão de Magalhães, circunavegação faz 500 anos - Mar Sem Fim


Nascido em data desconhecida no ano de 1480, em Sabrosa, ele é de origem nobre e, desde cedo, se interessou por longas viagens de exploração. A serviço do rei de Espanha, comandou a expedição marítima que realizou a primeira viagem ao redor do mundo. Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo, no extremo Sul do continente americano, a atravessar o hoje Estreito de Magalhães e a cruzar o Oceano Pacífico, inclusive nomeando este último. Da expedição ao redor do mundo, o escritor italiano Antonio Pigafetta fez um diário completo de toda a viagem e ele foi um dos 18 homens que retornam vivos para a Europa.


Fernão de Magalhães, inspiração de exploradores 500 anos após ...
Fernão de Magalhães

Com 25 anos de idade, alistou-se como voluntário para participar da viagem às Índias Orientais, região que abrangia China, Japão, Índia, Arábia e Pérsia, acompanhando o primeiro vice-rei português do Leste.

Desde o século XV, as Índias exerciam grande fascínio sobre os navegantes e exploradores. As "especiarias" eram vendidas a custos reduzidos. Encontrar a rota marítima para as Molucas, as famosas ilhas de onde provinha a preciosa mercadoria era o principal objetivo.

Sempre viajando pelo Oriente, ele fez parte de expedições a Quíloa, Sumatra e Malaca. Em 1506 foi ferido em Cananor. Em 1508 voltou à Índia, onde novamente foi ferido na batalha de Diu.


Fernão de Magalhães, circunavegação faz 500 anos - Mar Sem Fim

Acusado de negociar com os mouros, o que para Portugal era sinônimo de traição, perdeu o prestígio junto ao rei D. Manuel (sucessor de D. João II), sendo impedido de continuar trabalhando em Portugal.

Fernão de Magalhães renunciou sua nacionalidade e se ofereceu para prestar serviço ao rei da Espanha. Em 1517 chegou a Sevilha e em seguida foi para Valladolid, encontrar o rei Carlos V.

Com a ajuda de amigos importantes consegue expor seus planos de atingir as Índias Orientais, viajando pelo Ocidente. Com a ajuda do astrônomo português, também exilado, Rui Faleiro, elaborou o projeto da viagem que foi financiado por Cristóvão de Haro, um rico proprietário de Antuérpia, inimigo do rei de Portugal.

No dia 22 de março de 1518, Magalhães e Faleiro assinam um compromisso com D. Carlos V, pelo qual proclamariam espanholas todas as terras que encontrassem no curso da navegação pelo ocidente e que receberiam 1/5 do ganho obtido, descontadas as despesas.


Os 500 anos da fantástica expedição de volta ao mundo iniciada por ...


A armada era composta de cinco embarcações, "Vitória", "Santiago", "Conceição", "Santo Antônio" e a nau "Trindad" sob o comando de Magalhães, com tripulação, provisões e armas para dois anos.

A tripulação, com mais de 265 homens, entre composta de marinheiros espanhóis, portugueses, italianos, franceses, alemães, gregos, ingleses, africanos e também malaios que serviriam de interpretes.

Fernão de Magalhães e sua esquadra partiram de Sanlúcar, porto andaluz no oceano Atlântico, no dia 20 de setembro de 1519. A viagem era lenta, por falta de ventos favoráveis. No dia 29 de novembro chegam próximo ao Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco.

O ano passado fez 500 anos da viagem e ainda existem desmiolados que acreditam que a Terra é plana!


A 1ª volta ao mundo: os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães ...


No dia 13 de dezembro entram na baía do Rio de Janeiro, para buscar suprimentos e reparar as embarcações. No dia 10 de janeiro de 1520 chegam a um rio batizado de Rio da Prata.

No dia 31 de março chegam ao Golfo de São Matias e resolvem invernar até que chegasse a primavera. Nessa região encontraram um povo de estatura elevada e pés grandes, que receberam o nome de “patagones”, (hoje, Patagônia).

Em fins de maio, a nau "Santiago" naufraga e alguns marinheiros conseguem se salvar. Em 24 de agosto, a frota reinicia a viagem. Na altura do rio “Santa Cruz”, a frota para por dois meses, devido às tempestades.

No dia 21 de outubro encontram o "Cabo das Onze Mil Virgens", finalmente chegam a uma passagem que os levariam ao outro lado do oceano. A paisagem era aterrorizante, rochas íngremes, penhascos altíssimos, labaredas das fogueiras dos indígenas.

A região foi chamada de “Terra do Fogo”. No dia 1 de novembro começa a travessia do estreito, batizado de “Todos os Santos” (hoje, Estreito de Magalhães). A travessia levou 27 dias. Ao chegarem ao novo oceano o chamaram de “Pacífico”, por suas águas calmas.


Viajando com Puny: Estreito de Magalhães - para grandes navegadores!


No dia 6 de março de 1521, quase sem suprimentos encontram algumas ilhas com grande variedade de frutas e água doce. No dia 16 chegam às Filipinas, onde são bem recebidos pelos indígenas.



Batalla de Mactán – Muerte de Magallanes – Toda Historia | El ...


No dia 27 de abril ao desembarcarem em Mactán, Fernão de Magalhães é atingido por uma flecha e morre na praia. O que resta da armada prosseguiu viagem sob o comando de Juan Sebastián Elcano.


Juan Sebastián Elcano – Wikipédia, a enciclopédia livre
Juan Sebastián Elcano


Finalmente, o dia 21 de dezembro, as duas naus restantes, “Trinidad” e “Vitória”, chegam ao destino e fazem um enorme carregamento de especiarias nas ilhas Molucas. Na viagem de volta, contornam o Cabo da Boa Esperança em 19 de maio de 1522. No dia 7 de setembro, somente 18 homens regressam ao porto de Sanlúcar.

Embora Fernão de Magalhães não tenha chegado pessoalmente à ilha das especiarias, sua tarefa foi cumprida, chegou bem perto e demonstrou que o mundo era redondo.

Em homenagem aos seus feitos, o nome do navegador foi dado a um estreito (Estreito de Magalhães), às duas nebulosas mais próximas (Nuvens de Magalhães), a uma zona meridional do Chile (Território de Magalhães) e a um conjunto de ilhas da Micronésia (Arquipélago de Magalhães).



500 anos depois de Magalhães, há outro português a preparar uma ...



Fernão de Magalhães faleceu em Mactán, Filipinas, no dia 27 de abril de 1521.


Fontes:
seuhistory.com
wikipedia.org
ebiografia.com
google.com


domingo, 26 de abril de 2020

Muitas vezes usamos certas expressões, mas não temos idéia do que elas significam.São ditados ou termos populares que através dos anos permaneceram sempre iguais, significando exemplos morais, filosóficos e religiosos.


Tanto os provérbios quanto os ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura.

Historiadores e escritores sempre tentaram descobrir a origem dessa riqueza cultural, mas essa tarefa nunca foi nada fácil;.

O grande escritor José da Câmara Cascudo já dizia que: "os ditados populares sempre estiveram presentes ao longo de toda a História da humanidade".

No Brasil isso não é nenhuma novidade. Muitas vezes ocorrem expressões tão estranhas e sem sentido, mas que são muito importantes para a nossa cultura popular.



Veja aqui algumas dessas expressões ou ditados populares:


Bicho-de-sete-cabeças


Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules. A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para enfrentá-la.


Com o rei na barriga


A expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do soberano, passavam a ser tratadas com deferência especial, pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se a uma pessoa que dá muita importância a si mesma.


Ver (ou adivinhar) passarinho verde


Significa estar apaixonado. O passarinho em questão é uma espécie de periquito verde. Conta uma lenda que alguns românticos rapazes do século passado adestravam o bichinho para que ele levasse no bico uma carta de amor para a namorada. Assim, o casal de apaixonados tinha grandes chances de burlar a vigilância de um paizão ranzinza.


Com a corda toda


Antigamente, os brinquedos que possuíam movimento eram acionados torcendo um mecanismo em forma de mola ou um elástico, que ao ser distendido, fazia o brinquedo se mexer. Ambos os mecanismos eram chamados de "corda". Logo, quando se dava "corda" totalmente num brinquedo, ele movia-se de forma mais agitada e frenética. Daí a origem da expressão.


Favas contadas


De acordo com o pesquisador Câmara Cascudo, antigamente, votavam-se com as favas brancas e pretas, significando sim ou não. Cada votante colocava o voto, ou seja, a fava, na urna. Depois vinha a apuração pela contagem dos grãos, sendo que quem tivesse o maior número de favas brancas estaria eleito. Atualmente, significa coisa certa, negócio seguro.


Fazer ouvidos de mercador


Orlando Neves, autor do Dicionário das Origens das Frases Feitas, diz que a palavra mercador é uma corruptela de marcador, nome que se dava ao carrasco que marcava os ladrões com ferro em brasa, indiferente aos seus gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de mercador é uma alusão a atitude desse algoz, sempre surdo às súplicas de suas vítimas.


Tapar o sol com a peneira


Peneira é um instrumento circular de madeira com o fundo em trama de metal, seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra substância moída. Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é inglória, uma vez que o objecto é permeável à luz. A expressão teria nascido dessa constatação, significando atualmente um esforço mal sucedido para ocultar uma asneira ou negar uma evidência.


O pomo da discórdia


A lendária Guerra de Troia começou numa festa dos deuses do Olimpo: Éris, a deusa da Discórdia, que naturalmente não tinha sido convidada, resolveu acabar com a alegria reinante e lançou por sobre o muro uma linda maçã, toda de ouro, com a inscrição “à mais bela”.

Como as três deusas mais poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o troféu, Zeus passou a espinhosa função de julgar para Páris, filho do rei de Troia. O príncipe concedeu o título a Afrodite em troca do amor de Helena, casada com o rei de Esparta.

A rainha fugiu com Páris para Troia, os gregos marcharam contra os troianos e a famosa maçã passou a ser conhecida como "o pomo da discórdia" – que hoje indica qualquer coisa que leve as pessoas a brigar entre si.




Afogar o ganso


No passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima. Daí a origem da expressão, que se refere a um homem que está precisando fazer sexo.


Ave de mau agouro


Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças. O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Na antiga Roma, a predição dos bons ou maus acontecimentos (Avis spicium, em Latim) era feita através da leitura do vôo ou canto das aves. Os pássaros mais usado para isso eram a águia, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.


Santinha do pau oco


Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.


Mais vale um pássaro na mão que dois voando


Significa que é melhor ter pouco que ambicionar muito e perder tudo. É tradição de antigos caçadores. Eles achavam melhor apanhar logo a ave que tinham atingido de raspão, antes que ela fugisse, do que tentar atirar nas que estavam voando e errar o alvo.


Apressado come cru


Quando não existia o forno microondas, era preciso muito tempo para a comida ficar pronta, ou então comê-la crua. Nessa época, a culinária japonesa ainda não estava na moda e comida crua era vista com maus olhos. Assim, a expressão passou a ser usada para significar afobamento, precipitação.


Chorar as pitangas


Pitangas são deliciosas frutinhas cultivadas e apreciadas em todo o país, especialmente nas regiões norte e nordeste do país. A palavra deriva de pyrang, que, em tupi-guarani, significa vermelho. Sendo assim, a provável relação da fruta com lágrimas, vem do fato de os olhos ficarem vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se chora muito.


Farinha do mesmo saco


Homines sunt ejusdem farinae” esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.


Aquela que matou o guarda


Tratava-se de uma mulher que trabalhava para D. João VI e se chamava Canjebrina, que, como informam os dicionários, significa pinga, cachaça. Ela teria matado um dos principais guardas da corte do Rei. O fato não foi provado. Mas está no livro “Inconfidências da Real Família no Brasil”, de Alberto Campos de Moraes.




Sangria desatada


Diz-se de qualquer coisa que requer uma solução ou realização imediata. Esta expressão teve origem nas guerras, onde se verificava a necessidade de cuidados especiais com os soldados feridos. É que, se por qualquer motivo, se desprendesse a atadura posta sobre as feridas, o soldado morreria, por perder muito sangue.


Colocar panos quentes


Significa favorecer ou acobertar coisa errada feita por outro. Em termos terapêuticos, colocar panos quentes é uma receita, embora paliativa, prescrita pela medicina popular desde tempos remotos. Recomenda-se sobretudo nos estados febris, pois a temperatura muito elevada pode levar a convulsões e a problemas daí decorrentes. Nesses casos, compressas de panos encharcados com água quente são um santo remédio. A sudorese resultante faz baixar a febre.


Cor de burro quando foge


A frase original era “Corra do burro quando ele foge”. Tem sentido porque, o burro enraivecido, é muito perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou virando “cor”.


Pagar o pato


A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer benefício em troca.


De pequenino é que se torce o pepino


Os agricultores que cultivam os pepinos precisam de dar a melhor forma a estas plantas. Retiram uns “olhinhos” para que os pepinos se desenvolvam. Se não for feita esta pequena poda, os pepinos não crescem da melhor maneira porque criam uma rama sem valor e adquirem um gosto desagradável. Assim como é necessário dar a melhor forma aos pepinos, também é preciso moldar o caráter das crianças o mais cedo possível.


Salvo pelo gongo


O ditado tem origem na na Inglaterra. Lá, antigamente, não havia espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados para o ossário e o túmulo era utilizado para outro infeliz. Só que, às vezes, ao abrir os caixões,os coveiros percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na época).

Assim, surgiu a ideia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. Desse modo, ele seria salvo pelo gongo. Atualmente, a expressão significa escapar de se meter numa encrenca por uma fração de segundos.


Elefante branco


A expressão vem de um costume do antigo reino de Sião, situado na atual Tailândia, que consistia no gesto do rei de dar um elefante branco aos cortesões que caíam em desgraça. Sendo um animal sagrado, não podia ser posto a trabalhar. Como presente do próprio rei, não podia ser vendido. Matá-lo, então, nem pensar. Não podendo também ser recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo, acomodá-lo e criá-lo com luxo, sem nada obter de todos esses cuidados e despesas. Daí o ditado significar algo que se tem ou que se construiu, mas que não serva para nada.


Comer com os olhos


Soberanos da África Ocidental não consentiam testemunhas às suas refeições. Comiam sozinhos. Na Roma Antiga, uma cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete oferecido aos deuses em que ninguém tocava na comida. Apenas olhavam, “comendo com os olhos”. A propósito, o pesquisador Câmara Cascudo diz que certos olhares absorvem a substância vital dos alimentos. Hoje o ditado significa apreciar de longe, sem tocar.



Amigo da onça


Segundo estudiosos da língua portuguesa, este termo surgiu a partir de uma história curiosa. Conta-se que um caçador mentiroso, ao ser surpreendido, sem armas, por uma onça, deu um grito tão forte que o animal fugiu apavorado. Como quem o ouvia não acreditou, dizendo que , se assim fosse, ele teria sido devorado, o caçador, indignado, perguntou se, afinal, o interlocutor era seu amigo ou amigo da onça. Atualmente, o ditado significa amigo falso, hipócrita.


Estar com a corda no pescoço


O enforcamento foi, e ainda é em alguns países, um meio de aplicação da pena de morte. A metáfora nasceu de anistias ou comutações de pena chegadas à última hora, quando o condenado já estava prestes a ser executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no pescoço, situação que, de fato, é um sufoco. Hoje, o ditado significa estar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros.


Como sardinha em lata


A palavra sardinha vem do latim sardina. Designa o peixe abundante na Sardenha, conhecida região da Itália. É um alimento apreciado e nutritivo, de sabor bem peculiar. As sardinhas, quando enlatadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas às outras. Por analogia, usa-se a expressão popular sardinha em lata para designar a superlotação de veículos de transporte público.


O pior cego é o que não quer ver


Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.

Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.

O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se refere a a alguém que se nega a admitir um fato verdadeiro.


Andar à toa


Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Uma mulher à toa, por exemplo, é aquela que é comandada pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos já escrevia, em 1619: Cuidou de levar à toa sua dama. Hoje, o ditado significa andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.


Casa de mãe Joana


Este dito popular tem origem na Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “Que tenha uma porta por onde todos entrarão”.
O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o Brasil a expressão virou “Casa da Mãe Joana”. A outra expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma origem, naturalmente.


Onde judas perdeu as botas


Como todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore.

Acontece que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados partiram em busca as botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro.

A história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou vinte séculos. Atualmente, o ditado significa lugar distante, inacessível.


Quem não tem cão caça com gato


Significado: Se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra.
Histórico: Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como gato”, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.


Da pá virada


Significado: Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio.

Histórico: a origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando ela está virada para baixo, é inútil não serve para nada. Hoje em dia, “pá virada” tem outro sentido. Refere-se a uma pessoa de maus instintos e criadora de casos ou a um aventureiro.


Deixar de Nhenhenhém


Significado: Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga.

Histórico: Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.


Estar de paquete


Significado: Situação das mulheres quando estão menstruadas.

Histórico: Paquete, já nos ensina o Aurélio, é um das denominações de navio. A partir de 1810, chegava um paquete mensalmente, no mesmo dia, no Rio de Janeiro. E a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se vulgarizou a expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres. Foi até escrita uma “Convenção Sobre o Estabelecimento dos Paquetes”, referindo-se, é claro, aos navios mensais.


Pensando na morte da bezerra


Significado: Estar distante, pensativo, alheio a tudo.

Histórico: Esta é bíblica. Como vocês sabem, o bezerro era adorado pelos hebreus e sacrificados para Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar “pensando na morte da bezerra”. Consta que meses depois veio a falecer.


Não entender patavina


Significado: Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo.

Histórico: Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.


Jurar de pés junto


A expressão surgiu das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para confessar seus crimes.


Testa de ferro


O Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido como Testa di Ferro, foi rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a alguém que aparece como responsável por um por um negócio ou empresa sem que o seja efetivamente.


Erro crasso


Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os Partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso“.


Lágrimas de crocodilo


O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima. Daí a expressão significar choro fingido.


Fila indiana


Tem origem na forma de caminhar dos índios americanos, que, desse modo, encobriam as pegadas dos que iam na frente.


Passar a mão pela cabeça


Significa perdoar, e vem do costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronuncia a bênção.


Gatos pingados


Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo fervente em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos.

Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão “gatos pingados” passou a significar pequena assistência sem entusiasmo ou curiosidade para qualquer evento.


Queimar as pestanas


Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar num momento de descuido queimar as pestanas. Por essa razão, aplica-se àqueles que estudam muito.


Sem papas na língua


Significa ser franco, dizer o que sabe, sem rodeios. A expressão vem da frase castelhana “no tener pepitas em la lengua”. Pepitas, diminutivo de papas, são partículas que surgem na língua de algumas galinhas, é uma espécie de tumor que lhes obstrui o cacarejo. Quando não há pepitas (papas), a língua fica livre.


A toque de caixa


A caixa é o corpo oco do tambor que foi levado para a a Europa pelos árabes. Como os exercícios militares eram acompanhados pelo som de tambores, dizia-se que os soldados marchavam a toque de caixa. Atualmente, refere-se a uma tarefa que se tem de fazer rapidamente, eventualmente a mando de alguém ou mesmo à força.


Maria vai com as outras


Dona Maria I, mãe de D. João VI (avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II), enlouqueceu de um dia para o outro . Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. Passou a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”. Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa que não tem opinião e se deixa convencer com a maior facilidade.



Fonte:

Cascudo,  Luís da Câmara. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo, Editora Global/2008
varaldetextoeideias.blogspot.com

sábado, 25 de abril de 2020




No dia 25 de abril de 1984, era rejeitada em Brasília a emenda constitucional que previa a realização de eleições diretas para presidente no Brasil, após 20 anos de ditadura militar. A sessão foi muito tensa. As galerias da Câmara dos Deputados estavam cheias e milhões de brasileiros estavam na expectativa pela volta do direito de eleger o mandatário do país. Por apenas 22 votos, os deputados rejeitaram a proposta.



Diretas Já: é a hora de realizar as eleições que nos foram tiradas ...


A Emenda Dante de Oliveira (batizada com o nome do deputado que a propôs) não atingiu os 320 votos necessários para que fosse enviada ao Senado. Foram 298 votos a favor, 65 contra, e três abstenções. O governo militar fez pressão para esvaziar a votação e 113 deputados não apareceram para a sessão.


Direitas Já: rejeição da Emenda Dante de Oliveira marca a história ...


Dante de Oliveira

Logo que foi apresentada, a emenda recebeu grande apoio popular. O primeiro comício em favor da eleição direta aconteceu no município pernambucano de Abreu e Lima, em março de 1983. Em abril de 1984, um milhão de participantes lotaram a Cinelândia, no Rio de janeiro. No dia 16 de abril, 1 milhão e 700 mil pessoas compareceram ao comício pró-Diretas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.


Proposta de eleições diretas é rejeitada por maioria dos ...




Mesmo com a rejeição, a emenda das Diretas Já foi essencial para unir a população e vozes de diferentes opiniões políticas por um ideal comum, a volta da democracia por meio das eleições. As manifestações das Diretas concluíram o processo de enfraquecimento da ditadura.




Mesmo permanecendo indiretas, as eleições pelo colégio eleitoral consagraram o candidato da oposição, o civil Tancredo Neves, em 1985. O candidato apoiado pelos militares, Paulo Maluf, foi derrotado. Tancredo acabou não assumindo a presidência, pois adoeceu e morreu sem tomar posse. Seu vice, José Sarney, se tornou o presidente. Em 1989, cinco anos após a rejeição da emenda e um ano depois da promulgação da nova Constituinte, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente com votos da população pela primeira vez depois do regime militar.



Fontes:
seuhistory.com
google.com
camara.leg.br
acervo.estadao.com.br

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...