Em 4 de fevereiro de 1961 teve início a Guerra Colonial Portuguesa, também conhecida como Guerra do Ultramar ou Guerra de Libertação, que durou até 1974. O conflito consistiu em confrontos entre o Exército de Portugal e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Influenciadas pelos movimentos de autodeterminação africanos do pós-guerra, o grande objetivo das organizações de independência era a libertação do colonialismo imposto pelo país europeu.
Naquela data, houve um ataque à cadeia de Luanda, que resultou na morte de sete policiais. A ação foi reivindicada pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), grupo apoiado pela União Soviética e por Cuba. No mês seguinte, em 15 de Março de 1961, a UPA (União das Populações de Angola), organização especializada em guerrilha rural, deu início a um massacre de populações brancas e trabalhadores negros naturais de outras regiões de Angola (Portugal considera esta data como o início oficial da guerra). As operações do Exército português contra a UPA prolongaram-se durante oito meses.
Algum tempo depois, confrontos também eclodiram em Guiné-Bissau e Moçambique. Em Guiné, ao contrário do que aconteceu em Angola, desde o início que as forças portuguesas constataram estar diante de um adversário bem organizado e militarmente eficiente. Em Moçambique, o movimento de libertação, denominado Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), efetuou as suas primeiras ações nos dias 24 e 25 de setembro de 1964.
Enquanto isso, em Portugal, a Guerra Colonial era contestada. A população via os seus familiares mortos ou feridos, enquanto o país vivia o esgotamento de seus recursos financeiros. Surgiam vozes discordantes do regime, desde a esquerda à direita, passando pela igreja católica, pelos movimentos estudantis e pelas associações sindicais.
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA)
Em Angola, o primeiro a surgir foi o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), em 1956, apoiado pelos Mbundu várias outras etnias da região de Luanda, Bengo, Cuanza Norte e Sul e Malange, brancos, mestiços, intelectuais angolanos e membros da elite urbana. O MPLA era uma organização da esquerda política, resultado da fusão do Partido da Luta Unida dos Povos de Angola (PLUA) e do Partido Comunista Angolano (PCA). Foi liderado por Agostinho Neto, secretariado por Viriato da Cruz e apoiado, exteriormente, pela União Soviética e por Cuba; ainda tentou apoio junto dos EUA mas sem sucesso visto este já estarem a ajudar a UPA/FNLA.
Agostinho Neto
Ao longo da guerra, a organização política e militar do MPLA foi evoluindo a tal ponto que, em 1970, ocupava uma grande área do país, que dividiu, militarmente, em Regiões Militares (RM)
As forças do MPLA ascenderam a 4 500 elementos e estavam equipados com armamento e munições soviéticos que era distribuído através da Zâmbia; era também a partir deste país que o MPLA recebia medicamentos e alimentos enlatados. O seu armamento incluía pistolas Tokarev TT; pistolas-metralhadora de calibres 9 mm M/25 e 7,62 mm PPSH; espingardas semiautomáticas Simonov e Kalashnikov; metralhadores de diversos calibres; morteiro de 82 mm; lança gtranadas-foguete (a partir de 1970) e minas anticarro e antipessoal.
União dos Povos de Angola (UPA)/Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA)
Emblema da UPA
A 7 de Julho de 1954, é formada a União das Populações do Norte de Angola, apoiada pelo Congo, pelo grupo étnico bacongo, do Noroeste e Norte de Angola e com fortes ligações ao Zaire, através do seu líder Holden Roberto, amigo e cunhado do Presidente Mobuto; em 1958 passa a designar-se, de forma mais abrangente, por União das Populações de Angola (UPA). A partir de 1962, une-se ao Partido Democrático de Angola criando a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), organização pró-americana e anti-soviética. Em 1960, Holden Roberto assina um acordo com o MPLA para juntos lutarem contra as forças portuguesas, mas acabou por lutar sozinho. A FNLA chegou mesmo a criar um governo no exílio, o GRAE - Governo Revolucionário de Angola no Exílio.
Mobuto
A facção armada da UPA/FNLA era o Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA). Os seus apoios vinham do Congo e da Argélia, e as suas tropas eram treinadas no Zaire as quais recebiam fundos norte-americanos e armamento dos países do Leste Europeu, embora se considerassem anticomunista. Estavam armados com espingardas semiautomáticas Simonov e Kalashnikov; pistolas; morteiros de 60 mm e 81 mm; e lança-granadas-foguete.
União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
Jonas Savimbi da UNITA
Em 1966, Jonas Savimbi, então membro da FNLA, entra em rota de colisão com Holden Roberto acusando-o de cumplicidade com os Americanos e da sua política Imperalista, e cria a União Nacional para a Independ~encia Total de Angola (UNITA), apoiada ocasionalmente pela Zâmbia e pela África do Sul, com ligações à PIDE (a partir de 1969; Savimbi chegou a fazer um acordo para combater contra o MPLA no Leste de Angola), à CIA e à China.
Savimbi fez parte do GRAE como Ministro das Relações Exteriores e representava o grupo étnico ovimbundo, do planalto central e províncias do sul.
As forças da UNITA eram as que tinham o menor número de guerrilheiros: 500, de acordo com os militares portugueses; cerca de 4000, de acordo com a própria UNITA. A sua área de atuação limitou-se ao Leste de Angola e o seu armamento sempre foi de fraca qualidade. As dificuldades sentidas pela UNITA, levaram Savimbi a fazer compromissos com Portugal e a Zâmbia. Parte da sua luta foi contra o MPLA, a favor do qual perdia terreno; as suas ações de guerrilha limitavam-se a ataques pontuais a viaturas, raptos e intimidações.
Os vários conflitos forçavam o ditador português António de Oliveira Salazar (e seu sucessor Marcello Caetano) a gastar uma grande parte do orçamento de Estado na o colonial e nas despesas militares. Em 25 de abril de 1974, o governo ditatorial português foi deposto durante a Revolução dos Cravos. Embora inúmeros fatores tenham contribuído para a revolução, a Guerra Colonial foi apontada como a principal justificativa para a queda do regime.
Salazar
Depois da reconquista da democracia portuguesa houve uma mudança de cenário nas colônias portuguesas na África. Em setembro de 1974 foi proclamada a independência de Guiné-Bissau. No ano seguinte, Angola e Moçambique também ficaram independentes. Outros países que se tornaram independentes foram Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Fontes:
wikipedia.org
google.com.br
seuhistory.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário