O livro é de 1517, e retrata, de uma forma jocosa, a sociedade do século XVI.
Antes vamos nos reportar aos termos "Auto" e "Farsa".
Auto é uma obra ligada a temas religiosos, e Farsa é mais ligada ao anedótico e a comédia.
O auto da Barca do Inferno: O cenário é um porto onde duas barcas esperam pelos mortos. Uma leva ao paraíso e a outra ao inferno! O Auto da compadecida de Ariano Suassuna, tem um enfoque parecido, onde os personagens para se livrarem do inferno, pedem ajuda a Nossa Senhora.
O primeiro a chegar é o fidalgo, que passou a vida na tirania e na luxúria. O diabo diz para que ele entre na barca que leva ao inferno. Ele se recusa e diz que muitos oram por ele!
O segundo é um Onzeneiro, uma espécie de agiota, que também tem seu pedido de tomar a barca para o paraíso negado, porque foi avarento e ganancioso.
Depois vem Joane, um parvo, tolo e inocente, o diabo tenta enganá-lo para entrar na barca do inferno, mas o anjo o aceita na barca do paraíso, por sua bondade e humildade.
E assim seguem o sapateiro, que não foi aceito na barca do paraíso por ter enganado seus clientes e os roubado, o frade, que se achava um homem santo, mas que chegou ao porto com uma amante, e é condenado por falso moralismo religioso. Brísida Vaz, uma alcoviteira, acusada de prostituir meninas.
O judeu Semifará,chega acompanhado de um bode, e não é aceito nem no barco do Paraíso, por rejeitar o Cristianismo, e pelo diabo que só aceita rebocá-lo, sem que ele entre no barco. Nessa época em Portugal, os judeus deveriam se converter ao cristianismo (cristãos novos) ou seriam expulsos.
Em seguida chegam os representantes da lei , um corregedor e um procurador, com seus livros, e não são aceitos no barco do paraíso, por manipularem as leis em seu favor.
Depois chegam quatro cavaleiros que lutaram e morreram defendendo o cristianismo, esses são aceitos no barco do paraíso.
Gil Vicente, nessa peça, faz uma crítica da sociedade da época, que pode muito em servir também para a sociedade atual.
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