quarta-feira, 5 de outubro de 2016


O bandeirante (óleo sobre tela de Henrique Bernardelli)




Bandeirantes é a denominação dada aos sertanistas do período colonial, que, a partir do início do século XVI, penetraram nossertões da América do Sul em busca de riquezas minerais, sobretudo o ouro e a prata, abundante na América espanholaindígenas para escravização ou extermínio de quilombos. Contribuíram, em grande parte, para a expansão territorial do Brasil além dos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas, ocupando o Centro Oeste e o Sul do Brasil.[1] E foram os descobridores do ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.[2]
Segundo Carvalho Franco, a maioria dos bandeirantes eram descendentes de primeira e segunda geração de portugueses em São Paulo, sendo os capitães das bandeiras de origens europeias variadas, havendo não só descendentes de portugueses, mas também de galegoscastelhanos e cristãos novos, além de alguns casos de parentescos genovesesbascossarracenos,napolitanos e toscanos, entre outros Compunham minoritariamente as tropas segmentos de índios (escravos e aliados) e caboclos (mestiços de índio com branco)[4], normalmente chegando a, no máximo, vinte por cento do contingente total, e executando as tarefas secundárias da tropa, tal qual a manutenção dos mantimentos e cuidados dos animais de abate Informa Afonso d'Escragnolle Taunay, citando uma carta do jesuíta Justo Mancila, que a segunda bandeira, a de Nicolau Barreto, em 1602, foi composta por 270 portugueses, número elevado, considerando que São Paulo tinha poucos habitantes: "No ano de 1602, saiu de São Paulo a buscar e trazer índios, Nicolau Barreto com o pretexto de buscar minas e levou em sua companhia 270 portugueses e três clérigos".
Darcy Ribeiro apresenta um panorama racial diverso, afirmando que a miscigenação com os índios era a regra na sociedade bandeirante, inclusive entre a elite, os "homens bons". Nos primórdios, a estrutura familiar paulista era patricênica e poligâmica, formada pelo pai, suas mulheres indígenas com suas respectivas proles e os parentes delas. O casamento católico apenas se firmou mais tarde A maior bandeira de Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares, ocorrida em 1629, era composta por 69 brancos, 900 mamelucos e 2 mil indígenas, demonstrando o enorme peso demográfico ameríndio naquele ambiente.




Houve umas poucas expedições ao atual território de Minas Gerais nos séculos XVI e XVII, sendo que tais entradas foram mal registradas e sobram poucas informações sobre os caminhos e os acontecimentos das viagens. Sertanistas corajosos, não deram importância ao registro e à documentação das viagens. Uma bandeira vagueava anos por matas e sertões, sem uma só pessoa com conhecimento de astronomia e geografia para guiá-la (todos procuravam o limite do Brasil, que era o Rio Paraná, estabelecido por Pero Lopes de Sousa em 1531). Até mesmo a interpretação errônea da língua de uma tribo indígena fazia com que uma expedição alterasse o percurso, em incursões infrutíferas. Nem mesmo historiadores conseguiram definir, com exatidão, os caminhos usados. Capistrano de Abreu, comentando a descrição de Gabriel Soares de Sousa sobre a viagem de Sebastião Fernandes Tourinho, diz: "No meio destas indicações e contraindicações, fielmente resumidas por Gabriel Soares, é impossível uma pessoa entender-se"
Houve três tipos de bandeiras: as de tipo apresador, para a captura de índios (chamado, indistintamente, "o gentio") para vender como escravos; as de tipo prospector, voltadas para a busca de pedras ou metais preciosos e as de sertanismo de contrato, para combater índios e negros (quilombos).
De início, eram aprisionados os índios sem contato com o homem branco. Posteriormente, passaram a aprisionar os índios catequizados, reunidos nas missões jesuíticas. Grandes bandeirantes apresadores foram Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares, que forneciam índios às fazendas do Brasil que utilizavam de mão de obra escrava e que não contavam com suficiente quantidade de escravos negros.
A palavra "paulista", aliás, segundo comenta o livro Ensaios Paulistas, Editora Anhembi, São Paulo, 1958, página 636, se deve aoVisconde de Barbacena: "Quer-nos parecer que a este governador-geral se deve o mais longínquo emprego até hoje divulgado do adjetivo "paulista", ocorrente numa ordem expedida em 27 de julho de 1671. O gentílico deve ter-se generalizado rapidamente. Na documentação municipal de São Paulo aparece pela primeira vez em ata de 27 de janeiro de 1695"
Muitas vezes, o governo financiava a expedição; outras vezes, limitava-se a fechar os olhos para a escravização dos índios (ilegal desde 1595), aceitando o pretexto da "guerra justa". Dom Francisco de Sousa patrocinou as bandeiras de André de Leão (1601) e Nicolau Barreto (1602) que se estendeu por dois anos. Teria chegado à região do Guairá, regressando com um número considerável de índios, que algumas fontes estimam em 3.000. Em agosto de 1628, quase todos os homens adultos da Vila de São Paulo estavam armados para investir contra o sertão. Eram novecentos brancos e 3.000 índios, formando a maior bandeira até então organizada, com destino ao Guaíra, para expulsar os jesuítas espanhóis e prender quantos índios pudessem.

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