Vamos falar hoje do escritor português Julio Diniz.
Júlio Diniz (1839-1871) foi um escritor e médico português, um dos mais importantes ficcionistas românticos de Portugal. Sua obra representou uma verdadeira análise da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX.
Júlio Diniz, pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nasceu em Porto, Portugal, no dia 14 de novembro de 1839. Neto de ingleses foi educado sob os moldes da burguesia britânica, da qual assimilou os costumes e valores.
Autor de um dos romances mais importantes do período romancista português; "As pupilas do senhor reitor", transformado em telenovela no Brasil. Exibida pelo SBT de dezembro de 1994 a julho de 1995.
Em 1867, Júlio Diniz publicou o romance “As Pupilas do Senhor Reitor”. O enredo campesino desenvolve-se em função dos desencontros amorosos de Daniel, um dos filhos do lavrador João das Dornas, que voltando ao campo depois de concluídos os estudos, Daniel sente-se meio deslocado no ambiente rústico da aldeia.
Daniel acaba se ligando afetivamente a Clara, noiva de seu irmão Pedro, sem perceber que, na verdade, era amado pela irmã dela, Margarida. Depois de vários acontecimentos, os pares se definem: Daniel, finalmente é integrado à vida no campo e casa-se com Margarida e Pedro une-se a Clara.
Capítulo I
Pedro era, de fato, o tipo de beleza masculina, como a compreendiam os antigos. O gosto moderno tem-se modificado, ao que parece, exigindo nos seus tipos de adoção o que quer que seja de franzino e delicado, que não foi por certo o característico dos mais perfeitos homens de outras eras. A organização talhara Pedro para a vida de lavrador, e parecia apontá-lo para suceder ao pai no amanho das terras e na direção dos trabalhos agrícolas. Assim o entendera José das Dornas, que foi amestrando o seu primogênito e preparando-o para um dia abdicar nele a enxada, a foice, a vara, a rabiça, e confiarlhe a chave do cabanal, tão repleto em ocasiões de colheita. Daniel já tinha condições físicas e morais muito diferentes. Era o avesso do irmão e por isso incapaz de tomar o mesmo rumo de vida.
Possuía uma constituição quase de mulher. Era alvo e louro, de voz efeminada, mãos estreitas e saúde vacilante. O sangue materno girava-lhe mais abundante nas veias, do que o sangue cheio de força e vida, ao qual José das Dornas e Pedro deviam aquela invejável construção. Votar Daniel à vida dos campos seria sacrificá-lo. Apertava-se o coração do pobre pai, ao lembrar-se que os sóis ardentes de julho ou os tufões regelados de dezembro haviam de encontrar sem abrigo aquela débil criança, que mais se dissera nascida e criada em berços almofadados e sob cortinados de cambraia, do que no leito de pinho e na grosseira enxerga aldeã.
O romantismo foi o gênero cultivado em todos os romances de Júlio Dinis, com exceção de “Uma Família Inglesa” (1868), onde analisa os costumes citadinos do modo de vida inglês como o português. Seu romance de destaque foi “As Pupilas do Senhor Reitor” (1867), que foi adaptado para uma novela televisiva no Brasil. Escreveu também: “A Morgadinha dos Canaviais” (1868) e “Os Fidalgos da Casa Mourisca” (1871). Escreveu ainda, as peças: “Um Rei Popular” (1858) e “Um Segredo de Família” (1860). Seus poemas foram publicados postumamente em “Poesias” (1873). Júlio Dinis faleceu, acometido de tuberculose, na cidade do Porto, Portugal, no dia 12 de setembro de 1871.
Fontes:
curitibadegraca.com.br
ebiografia.com
dominiopublico.gov.br
pensador.com
google.com
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