domingo, 28 de fevereiro de 2021

Vamos falar hoje da obra de Amadeu Amaral, "Memorial de um passageiro de bonde".




Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado, conhecido como Amadeo Amaral nasceu em Capivari, São Paulo em 6 de Novembro de 1875 e morreu em São Paulo em 24 de Outubro de 1929.





Fez o curso primário em Capivari e aos onze anos veio para São Paulo para trabalhar no comércio e estudar. Assistiu a algumas aulas do Curso Anexo da Faculdade de Direito, sendo um autodidata, pois não concluiu o curso secundário. Ingressou no jornalismo, trabalhando no Correio Paulistano e em O Estado de S. Paulo. Em 1922 transferiu-se para o Rio como secretário da Gazeta de Notícias. Do Rio mandava para O Estado de S. Paulo a crônica diária “Bilhetes do Rio”. Voltando a São Paulo exerceu cargos na administração pública.

Seu estilo claro, simples e elegante de exprimir suas emoções e sentimentos tanto na poesia como na prosa.

Na poesia escreveu:  "Urzes"; "Névoa"; "Espuma" e "Lâmpada antiga".

Na prosa escreveu: "Elogio da Mediocridade", uma conferência sobre Dante e Camões, considerada uma obra prima no gênero e "Letras Floridas".

Em 1919 ele foi eleito para Academia Brasileira de Letras.

Em "Memorial de um passageiro de bonde" ele revela seu lado irônico.




O livro é publicado em 1927, no Jornal O Estado de São Paulo. Ele retrata no livro, as viagens de João Felício Trancoso, um pseudônimo do autor,  funcionário público que tinha um diário onde anotava suas experiências como usuário frequente do transporte de bonde.

No prefácio ele nos apresenta João Trancoso, um funcionário público que por vinte anos faz o trajeto de casa para a repartição e da repartição para casa a bordo de um bonde.

João Trancoso insisti em retribuir um favor que nem ele próprio pode precisar qual foi. A pretexto disso e por tanta insistência do amigo ele pede para ler o diário que Trancoso cuidadosamente escrito sobre suas memórias durante suas viagens de bonde.

No primeiro capítulo; "O bonde", ele conta de como preteriu uma carona num automóvel de um amigo para seguir viagem num bonde.

"Preferi o bonde porque não tenho pressa. E não tenho pressa, porque estou contente, e o contentamento em mim propende naturalmente à lenteza das degustações silenciosas e chuchurreadas."





Na sequência ele prossegue: 


"O bonde permite que eu me concentre em mim mesmo. Não vale isso grande coisa, mas sempre é um meio de eu me sentir viver enquanto vivo. O que não é possível no automóvel à solta, onde a nossa alma se vai espadanando pelos caminhos como a água de uma vasilha sacolejada.

O bonde permite-me ver de perto, viver o bicho-homem na substancial realidade dos seus gestos inadvertidos. E esse bichinho (verme da terra, lá diz o Evangelho) é afinal só o que há de interessante no mundo."

No capítulo dois ele fala de um soneto que começou a escrever um soneto baseado numa noticia do jornal que ele leu pela manhã sobre a prisão de uma "negrinha gatuna" (Amadeu Amaral p .19). Estava ele absorto na fabulação de sua obra quando sentiu alguém tocar suas costas. Era Fabiano, prático de uma farmácia, que tagarelou durante toda a viagem, atrapalhando sua criação.




Capítulo 3

Rufina

- "Entre Rufina."
Quem proferiu a frase foi um senhor idoso com grande cara bonacheirona que falava a uma garota que insistia em ficar sobre o estribo.

Quando o bonde deu um solavanco para partir, a garota se desequilibrou e quase caiu, sendo amparado por João Trancoso.

Assim Trancoso vai descrevendo os acontecimentos, mesmo os mais triviais.

Problemas:

"Hoje, o bonde vinha cheio, e tive de ceder meu lugar a uma senhora. Esta ao invés de me agradecer, parece que ficou ligeiramente arrufada com minha gentileza."

Assim acontece o desenrolar da obra inteira, com leveza, comicidade e curiosidades sobre a descrição dos diversos personagens e situações vivenciadas ao logo de vinte anos das memórias de um passageiro de bonde.

Eu cheguei a andar de bonde, quando criança. Naqueles tempos não havia pressa em São Paulo. A lentidão do transporte era compensada pela beleza da observação da paisagem, que passava como que em câmara lenta aos nosso olhos.

Durante a viagem podíamos refletir, ler, estudar, observar, cochilar. Dava tempo para tudo. Lembro do bonde que saia do centro de São Paulo para Santo Amaro, então uma região muito distante e bucólica.

Tinha o bonde que saía do Mercado da Rua Mercúrio e vinha em direção ao bairro da Penha, onde fazia o balão (balão do bonde) em volta a uma fonte luminosa que ficava em frente ao Grupo Escolar Santos Dumont, de lá partindo novamente em direção ao centro da cidade. 


Fontes:

academia.org.br
literaturabrasileira.ufsc.br
google.com
mensagenscomamor.com
wikipedia.org
Memorial de um passageiro de bonde - Amaral, Amadeu - Ed, Cultura Brasileira - São Paulo


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