terça-feira, 23 de fevereiro de 2021



Existem algumas expressões na língua portuguesa que usamos muitas vezes e não sabemos a sua origem. Vamos tentar explicar algumas delas:



Pode sair, madame!




A expressão “amigo da onça” tem origem em uma velha anedota, famosa nos anos 40, que vai mais ou menos assim:

“Dois caçadores estão conversando:
– O que você faria se estivesse na selva e aparecesse uma onça na sua frente?
– Dava um tiro nela.
– E se você não tivesse uma arma de fogo?
– Furava ela com minha peixeira.
– E se você não tivesse uma peixeira?
– Pegava qualquer coisa, como um grosso pedaço de pau, para me defender.
– E se não encontrasse um pedaço de pau?
– Subia numa árvore.
– E se não tivesse nenhuma árvore por perto?
– Saía correndo.
– E se suas pernas ficassem paralisadas de medo?
Nisso, o outro perdeu a paciência e explodiu:
– Peraí! Você é meu amigo ou amigo da onça?... 



Terminar em pizza





Aconteceu na década de 60, quando alguns cartolas palmeirenses ficaram 14 horas seguidas trancados numa reunião discutindo e brigando. No final estavam todos mortos de fome e resolveram ir a uma pizzaria. No dia seguinte a manchete de um jornal paulistano era : "Reunião no Palmeiras termina em pizza. 






Olha o passarinho

Essa expressão vem do século XIX quando a fotografia foi inventada. Nessa época a tecnologia das câmeras fotográficas ainda engatinhava e a impressão da imagem no filme era bem lenta. As pessoas que iam ser fotografadas tinham que ficar imóveis por até 15 minutos até que a imagem fosse impressa na máquina. Se isso era desagradável para os adultos, para as crianças era particularmente difícil. Foi  então que se teve a ideia de pendurar uma gaiola de passarinho atrás dos fotógrafos, para que o bichinho chamasse a atenção dos pequenos e eles ficassem imóveis. A expressão então ficou bastante conhecida. 



Puxa-saco:




Usada para caracterizar alguém que é muito bajulador, a expressão “puxa saco” surgiu no meio militar. Durante as viagens, alguns oficiais costumavam carregar os sacos de roupa suja dos seus superiores, ganhando assim, o apelido de puxa saco. Com o passar dos anos, esse termo saiu do ambiente militar e passou a fazer parte do vocabulário popular.


Meia tigela:





Usada para caracterizar alguém ou algo que não é bom o suficiente para executar alguma tarefa, a expressão “meia tigela” vem de um sistema usado na monarquia portuguesa. Naquela época, os empregados recebiam sua alimentação dos patrões de acordo com a qualidade do serviço que faziam. Aquele que se saía melhor ganhava uma tigela cheia de comida. Porém, quem apresentava um trabalho mal feito, ganhava apenas meia tigela de comida.


Segurar vela:







Usada para designar quando alguém acompanha um casal sozinho, a expressão “segurar vela” surgiu de um costume que existiu durante a Idade Média. Nessa época, era comum os senhores feudais terem empregados cuja a função era única e exclusivamente segurar as velas para os empregados mais experientes conseguirem fazer suas tarefas no escuro. Às vezes, essa tarefa também se aplicava durante as relações sexuais dos patrões, onde o serviçal deveria ficar de costas para não ver o que estava acontecendo.


Espírito de porco:



Usada para caracterizar alguém malicioso ou que só atrapalha, a expressão “espírito de porco” surgiu dos livros do Antigo Testamento, onde os porcos possuíam a fama de que são impuros e demoníacos. Um outro exemplo é a história do Evangelho de São Marcos no Novo Testamento, que conta que, para salvar um grupo de humanos que haviam sido possuídos por espíritos ruins, Jesus os transferiu para uma vara de porcos que estavam passando pelo local.


A cobra vai fumar:


Usada para designar que algo muito importante está para acontecer, a expressão “a cobra vai fumar” surgiu durante os acontecimentos da 2ª Guerra Mundial. A FEB (Força Expedicionária Brasileira), que lutou na Europa na 2ª Guerra, tinha um símbolo curioso de uma cobra fumando um cachimbo. A figura foi criada em resposta à um Jornalista do Rio de Janeiro que fez uma declaração provocativa à Força, a qual dizia que “era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”.


Motorista barbeiro:


Usada para designar quem não é bom motorista, a expressão “motorista barbeiro” teve origem por volta do século XIX, quando era comum os barbeiros fazerem todo tipo de serviço além do corte de cabelo e barba, inclusive cuidados médicos. Logicamente, como nenhum deles era profissional em nenhuma dessas outras áreas, o trabalho acabava sendo mal feito.

Então, não demorou para que a associação à qualquer serviço de má qualidade aos barbeiros fosse feita. Sempre que algum trabalho de baixa qualidade era visto, diziam: “que coisa de barbeiro!”. No Brasil, essa expressão acabou sendo usada apenas para se referir à maus motoristas.


Salvo pelo congo:


A expressão “salvo pelo gongo” pode estar relacionada com uma doença rara, chamada de catalepsia, onde os membros do indivíduo se enrijecem de tal forma que ele não consegue se mover. Muitas pessoas que sofriam desse mal na Antiguidade eram dadas como mortas e acabavam sendo enterradas vivas. Os arranhões encontrados do lado de dentro dos caixões posteriormente comprovavam essa realidade.
Mas o que deu origem de fato à expressão popular foi um mecanismo criado pelos ingleses durante o século XVII; O braço do “defunto” era amarrado a uma corda, ligada a um sino do lado de fora do túmulo. Dessa forma, se o indivíduo tivesse sido enterrado equivocadamente, o mecanismo seria ativado devido à sua movimentação e ele seria, literalmente, “salvo pelo gongo”.


Engolir um sapo:



Usada para designar o ato de suportar uma situação desagradável sem hesitar ou reclamar, acredita-se que a expressão “engolir sapo” tenha surgido a partir das pragas que atingiram o Egito Antigo, no tempo de Moisés, relatadas na bíblia.

Uma dessas pragas foi a infestação de rãs, ocorrida numa proporção tão grande que os egípcios se deparavam com vários desses animais pulando em seus pratos durante as refeições.


Ovelha negra:



Usada para designar alguém que se diferencia de um grupo, da mesma forma que uma ovelha de de cor preta se destoa das demais brancas, a expressão “ovelha negra” se originou na Antiguidade e não é restrita à língua portuguesa. Naquela época, animais pretos eram sacrificados em oferendas aos deuses ou para acertar acordos, pois eram considerados animais maléficos. Foi daí que surgiu o hábito de chamar aqueles que se diferenciam por chocar ou desagradar os demais de “ovelha negra”.


Lua de mel:






Usada para representar o primeiro mês de casais recém-casados, a expressão “lua de mel” é oriunda da língua inglesa. Na Idade Média, na Irlanda, era costuma dar uma bebida fermentada aos jovens recém-casados, chamada de “mead”, composta por levedo, malte, mel, água e outros ingredientes. O mel era tido como um alimento afrodisíaco, considerado uma fonte da vida. Então, tal bebida era dada aos novos casais durante um mês, ou uma lua, como costumavam chamar. Foi por essa razão que esse período recebeu o nome de lua de mel.


Comprar gato por lebre:



Usada para caracterizar uma situação em que se é enganado, a expressão “comprar gato por lebre” surgiu em tempos de carestia e de guerra. Nesta época, era comum comerciantes venderem carne de gato no lugar de lebre como alimento, devido à semelhança entre os dois animais após lhes retirarem a pele. Para disfarçar o cheiro, a carne do gato era deixada marinando na água temperada. Assim, eles conseguiam vender a carne do gato como se fosse carne de lebre tranquilamente.


Ao deus dará:

Usada para representar alguém que está entregue à própria sorte, a expressão “ao deus dará” tem sua origem por volta do século XVII. Nessa época, o abastecimento de soldados em Recife recebia grande ajuda do comerciante Manuel Álvares. Mas sempre que os recursos ficavam escassos, ele dizia “deus dará”. Depois disso a expressão foi se popularizando, passando a ser usada por pessoas ao serem abordadas por mendigos e chegando no significado que possui hoje.


Batismo de fogo:


Usada para caracterizar o momento de enfrentar uma situação muito difícil, a expressão “batismo de fogo” surgiu no tempos da Inquisição. Para os fanáticos, aqueles que não eram batizados  da forma tradicional, deveriam ser condenados à fogueira, pois só assim seus pecados seriam redimidos. Alguns séculos depois, o sobrinho de Napoleão Bonaparte, Napoleão III, não entendeu direito o sentido da expressão e passou a usá-la com os soldados novatos que iam para a guerra.


Marmelada:


Usada para designar uma ação desonesta ou algo ilegítimo, a expressão “marmelada” surgiu de uma prática não muito apreciada de fazer com que o doce de marmelo rendesse mais. Um dos métodos existentes bastante usados era misturar o insípido chuchu no doce. Dessa forma, a ilusão de que tinha uma grande quantidade de doce era criada, sem que ninguém percebesse o gosto do vegetal. Como essa era uma das formas de enganar os clientes, então a o termo “marmelada” virou sinônimo de trapaça.





Essa expressão tem origem religiosa. Nas cerimônias hebraicas do Yom Kippur, o Dia da Expiação que acontecia na época do Templo de Jerusalém, um pobre animal era escolhido para ser apartado do rebanho  e deixado ao relento na natureza selvagem como sacrifício, levando consigo todos os pecados da comunidade para serem expiados. Na Bíblia, essa cerimônia é descrita no livro do Levítico. Na Bíblia, essa cerimônia é descrita no livro do Levítico. Na teologia cristã, a figura do bode expiatório é um simbolismo para o sacrifício de Jesus, que deu a vida para salvar o mundo dos seus pecados. 
Hoje em dia a expressão perdeu sua carga religiosa, e é usada para descrever aquela pessoa que é escolhida, muitas vezes injustamente, para levar toda a culpa em situações em que as coisas não deram muito certo. 





Fontes:
gramatica.net.br
super.abril.com.br
google.com

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