sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Vamos falar hoje de um caso rumoroso na sociedade brasileira na década de 60 e que até hoje permanece um mistério. O caso de Dana de Teffé.





Dana Edita Fischerova de Teffé, nascida Dana Edita Fischerova (Tchecoslováquia, atual República Tcheca, 04 de maio de 1921 — Brasil, 29 de junho de 1961), foi uma socialite e milionária, supostamente vítima de assassinato, cujo corpo, porém, nunca foi encontrado. O caso Dana de Teffé movimentou a opinião pública brasileira e o imaginário  popular, nos anos  1960.




Dana Edita Fischerova era de uma família judia muito rica de Praga. Por conta de sua posição social, nunca teve de trabalhar e vivia com a riqueza de sua família, frequentando locais caracterizados pela classe alta.





Ainda adolescente, perdeu os pais e a irmã na Segunda Guerra Mundial e fugiu para a Itália, onde seu primeiro marido também foi morto. Fugiu de novo para a Espanha, onde esteve casada por quatro anos. Depois da guerra, já separada, mudou-se para o México, onde se casou pela terceira vez. Dois anos depois já estava separada outra vez, e desembarcou no Brasil, onde se casou pela quarta vez e se separou pela terceira.

Tida como belíssima, culta, falando seis idiomas, Dana de Teffé gostava de coisas caras e requintadas.

Veio para o Brasil e casou-se com o diplomata Manuel de Teffé. O casamento não durou muito tempo. 

Sua última separação havia lhe rendido várias joias e um apartamento no Rio de Janeiro, mas ela não podia viver de renda para sempre, então teve vários empregos a partir de 1958.







Ao se divorciar de Manuel, Dana teve respaldo jurídico de Leopoldo Heitor, que tratou dos processos burocráticos da separação. Ainda com o histórico duvidoso do Dr. Leopoldo, que envolvia condenações de dois anos de prisão por estelionato onde a Receita Federal estava envolvida no caso, e uma fuga para Argentina com sua família até a anulação da sentença, Dana ainda assim confiou em sua pessoa, ciente da fama de “advogado do diabo”, por razão de ter levado à condenação o tenente Alberto Bandeira no caso conhecido como “o crime da rua Sacopã”.

A partir deste marco, uma amizade mortal e sem final feliz se instaurava entre Dana e Leopoldo.



O dia 29 de junho de 1961 foi fatídico por representar a última vez que a ex-Sra. de Teffé foi vista com vida. A mesma tinha destino a São Paulo, partindo do Rio de Janeiro, e o trajeto seria feito de carro na companhia unicamente de seu advogado Leopoldo.

No dia 30 de junho de 1961, Leopoldo Heitor surge com um ferimento em sua perna e relata a primeira versão sobre o que teria acontecido com Dana, visto que a mesma encontrava-se desaparecida: ao encontrar um velho conhecido que a convencerá de que sua mãe (até então tida como morta durante a Segunda Guerra Mundial junto com seu pai e irmã) estaria viva, Dana emocionada e impulsionada pelo desejo infinito de reencontrar sua mãe teria embarcado em uma viagem rumo a Europa e ainda com uma promessa de emprego na empresa Olivetti.




Antes de partir, porém, e abandonar sua vida no Brasil ela havia deixado uma procuração a Leopoldo a fim de que o mesmo vendesse todos os seus bens para assegurar os custos da viagem a Europa. Menos de meio ano após, o advogado já havia se desfeito de todos os bens de Dana, incluindo seu apartamento no Rio de Janeiro e por preços considerados muito abaixo do mercado imobiliário da época. Contudo, Dr. Leopoldo passou então a apresentar um status de enriquecimento chamando atenção de amigos de Dana e de seu próprio colega, também advogado, Oscar Stevenson.

Dr. Oscar seguindo seus instintos alertou a polícia, que iniciou uma investigação pesada sobre o sumiço de Dana de Teffé. Foi descoberto então que não havia qualquer registro referente à saída de Dana do Brasil e muito menos um emprego reservado a ela em Olivetti.






A primeira versão de Leopoldo caiu, portanto, por terra e deu espaço para que um segundo relato emergisse a tona: no caminho do Rio de Janeiro a São Paulo, o carro teria apresentado algum problema mecânico que obrigou Leopoldo a estacioná-lo e verificar o que houve em plena Via Dutra. Neste meio tempo assaltantes surgiram, tiros foram trocados, tanto da parte de Leopoldo como meio de defesa, quanto dos assaltantes, e dentre esses tiros um teria se perdido e atingido Dana levando a sua morte. Leopoldo, também baleado, porém vivo e consciente teria ainda resistido à dor que sentirá em sua perna com o ferimento à bala e retornado ao Rio de Janeiro, onde ordenou a um empregado de seu sítio de nome Chico que sumisse com o corpo de Dana com receio de ser indiciado como suspeito da morte da mesma.

Chico, por sua vez, testemunhou contra Leopoldo informando que não havia enterrado corpo qualquer no sítio de seu patrão. Após investigações da polícia, ossadas foram encontradas, porém pertencentes a um cavalo. Ainda que sem a principal prova do crime, o copo de Dana de Teffé, Leopoldo Heitor foi indiciado como o assassino da socialite. Enquanto aguardava a realização de seu julgamento, Leopoldo foi retido, fugiu da prisão e foi capturado quinze dias após no estado do Mato Grosso.
Leopoldo Heitor


No mês de novembro ainda de 1961, o suspeito foi ouvido pelo juiz e deu o terceiro relato sobre o desaparecimento de Dana de Teffé, que consistia em um suposto sequestro de Dana, onde ela teria sido e levada à força para a Europa por espiões comunistas utilizando um nome falso e devido a este fato não foi possível encontrar registro de sua saída do Brasil. Indagou ainda que o motivo de não ter contato esta versão (a tida como verdadeira segundo Leopoldo) seria porque havia sido ameaçado pelos sequestradores.

Leopoldo Heitor foi condenado a 35 anos de prisão, recorreu e mais tarde conseguiu o direito de realizar sua própria defesa e ainda que o julgamento do caso acontecesse por meio de um júri popular em Rio Claro, onde tinha alta popularidade.

A polícia continuou a procurar incansavelmente o corpo de Dana de Teffé, mas não obteve sucesso. Nas buscas realizadas no sítio de Leopoldo em Rio Claro, o mais próximo que encontraram foi uma mão, que não pode ser identificada e estava em um chiqueiro.

Com sua experiência como advogado e o fato de ser um personagem bem quisto em Rio Claro, Leopoldo Heitor conseguiu sua absolvição. Ao todo foi julgado três vezes, sempre em Rio Claro e teve absolvição concedida em todas elas.




Em maio de 1966, Leopoldo Heitor lançou um livro sobre o caso, “A cruz do advogado do diabo”. Hélio Vinagre foi julgado em Rio Claro e foi absolvido por unanimidade.

Leopoldo Heitor morreu em 22 de fevereiro de 2001 vítima de infarto.



Fontes:
wikipedia.org
google.com
aventurasnahistoria.uol.com.br
andressateil.jusbrasil.com.br
jus.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...