sábado, 27 de fevereiro de 2021

Um dos contos do livro "Papéis avulsos" do grande Machado de Assis é "Teoria do Medalhão" de 1881.






É um conto pequeno de 14 páginas que narra o diálogo entre um pai e um filho após o jantar dele de 21 anos.


O mestre Machado usado de toda sua ironia e sarcasmo para difundir as ideias dos pseudos intelectuais.



O conteúdo da conversa é sobre o futuro do filho. O pai aconselha-o a “profissão” de medalhão, para assegurar que seu esforço durante a vida será recompensado de alguma forma. “Profissão” porque não é um ofício real, braçal ou intelectual, mas um ofício social, cujo pagamento é ser reconhecido pela sociedade. Para exercer este ofício deve-se estar sempre bem informado, parecer ser culto e frequentar festas e lugares onde ficará exposto ao público. Todo conhecimento que tiver ou adquirir, não deve ter aplicação prática. Mas, principalmente um medalhão não deve formular nenhuma ideia nova, pois assim existe o risco de discordar de alguém, o que é contra os princípios do ofício em questão. Sendo assim, então, uma pessoa que se destaca por certas qualidades que dá a entender que tem mas, na verdade não as tem. O autor enfatiza que os medalhões estão na política mas também hoje encontram-se na mídia os que posso chamar de ” marqueteiros”, pessoas que tem uma imagem exclusivamente fruto do marketing que fazem sobre si mesma, e assim enraízam nas mentalidades de outrem o que desejam que as outras pessoas pensem delas, como modelos, pessoas que posam nuas em revistas, participantes de reality shows e até mesmo apresentadores de televisão; Estão em toda parte, podem ser os medalhões da época do conto ou então como diria Lima Barreto, “os que falam javanês” hoje.

Das páginas 1 ao 9 o pai fala para o filho da importância de ter um profissão e uma carreira.

Das páginas 10 a 14, o pai ensina a profissão de medalhão.

Das páginas 15 a 23, o pai diz ao filho que ele deve abster de ter ideias, e que a profissão é a ideal para o filho que não tem ideias próprias.

O filho pergunta ao pais de pode enfeitar o que fala ou o que escreve ao que o pai  que pode sempre usar frases feitas e citações, que isso passa a noção de conhecimento e sapiência.

O pai discorre então sobre a publicidade que o filho deve dar aos seus feitos, mesmo os mais insignificantes.

Pode-se, então, entrar na política, ficar ligado a algum partido, contato que não adote a ideia de nenhum. Se entrar nela, é bom usar a tribuna para chamar a atenção pública. É melhor que sejam discursos sobre algum assunto que incite debates ou discussões, mas sem que surjam novas ideias, como, por exemplo, falar de assuntos ligados à metafísica política, pois neste ramo tudo já está pensado, devendo a pessoa só recorrer à memória para eventuais comentários.




O filho indaga se não deve ter nenhuma imaginação ou filosofia. O pai responde que não, mas que deve se saber falar sobre “filosofia da história”, mas não sabê-la, devendo-se fugir a tudo que leve à reflexão. Quanto ao humor, ser medalhão não é sinônimo de ser sério, podendo-se brincar, mas sem usar de ironia, mas usar da chalaça.



Vendo que já é meia noite, o pai pede ao filho para que vá dormir e pense bem no que foi conversado, pois, guardadas as proporções, a noite valeu pelo “Príncipe” de Maquiavel.

Como a obra de Nicolau Maquiavel, que dedicou a obra a Loureço II de Médici,  o conto dá conselhos para que o filho tenha sucesso.

Quantos medalhões conhecemos hoje, que ganham a vida falando o óbvio com palavras escolhidas para plateias embasbacadas pela cultura e conhecimento do palestrante ?

Hoje existem os famosos "coaching",  que são os  medalhões modernos. A primeira vez que ouvi a palavra "medalhão" era usada no futebol para determinar jogadores famosos, às vezes, nem tão habilidosos assim.



Fontes:
coladaweb.com
guiadoesrtudante.abril.com.br
google.com
Papeis avulsos - Assis, Machado W.M.Jackson Inc - 1947

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