O livro Serafim Ponte Grande foi escrito pelo escritor modernista Oswald de Andrade entre os anos de 1925 e 1929, publicado quatro anos mais tarde em 1933.
Oswald de Andrade (1890-1954) foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
Escritor e dramaturgo, Oswald foi o mais rebelde dos escritores da geração de 22. Filho de uma rica família, o irreverente, combativo e polêmico, viveu parte de sua juventude em Paris, onde teve contato com as ideias futuristas que iriam moldar seu estilo modernista.
Na sua estada em Paris conheceu uma jovem estudante francesa, Henriette Denise Boufflers, uma donzela de família abastada. Ele passou a chamá-la carinhosamente de Kamiá. Eles se apaixonaram intensamente, e mantiveram um caso amoroso escondido por um mês, até assumirem o namoro e Oswald ser aceito pela família dela. Após dois meses, em setembro do mesmo ano, sua mãe faleceu, e Oswald, então, voltou para o Brasil, trazendo Kamiá junto consigo, que recebeu autorização da família para ir com ele. Eles passam a morar juntos na casa dele em São Paulo. Em 1914 nasceu o filho do casal, José Oswald Antônio Boufflers de Andrade, apelidado por eles de Nonê. A partir daí o casamento se desestabilizou, com as inseguranças e ciúmes de Kamiá, e as traições de Oswald. Nesse mesmo ano tornou-se bacharel em ciências e letras, pelo Colégio São Bento, e fez um curso de filosofia no Mosteiro de São Bento.
Oswald de Andrade e o filho Nonê
Mais tarde casou-se com a pintora modernista Tarsila do Amaral.
A obra Serafim Ponte Grande, não tem capítulos, mas 203 fragmentos. Em linhas gerais, pode-se dizer que é um livro de memórias dividido em 11 partes agrupadas em três. Nelas, é possível encontrar de tudo um pouco: personagens que aparecem e desaparecem sem explicação alguma, narração em primeira e em terceira pessoa, cartas, diário de viagem, anotações íntimas, textos teatrais, poemas curtos, abaixo-assinados e um dicionário de bolso que vai até a letra L.
É um livro de memórias apresentado em três partes:
Na primeira parte, a descoberta do erotismo e o tratamento irreverente do tema é uma das principais características. O elo de ligação são os anos de formação do protagonista, contando sua infância, adolescência e a união com Lalá, a quem desvirginara e com quem fora obrigado a contrair matrimônio. O pano de fundo é a Revolução de 1924, vista com muito senso de humor e ironia. As viagens de Serafim pela Europa e Oriente, após o seu enriquecimento, concentram a atenção da segunda parte, enquanto na terceira ocorre o retorno ao Brasil, onde se dá a derrocada da utopia da personagem por um futuro melhor. O resultado é marginalidade, amargura e tristeza do protagonista.
TEXTOS PRIMEIRO CONTATO DE SERAFIM COM A MALÍCIA
A - e- i- o - u Ba- Be -Bi - Bo- Bu Ca - Ce - Ci - Co - Cu
PROPICIAÇÃO
Eu fui o maior onanista de meu tempo Todas as mulheres Dormiram em minha cama Principalmente cozinheira E cançonetista inglesa Hoje cresci As mulheres fugiram Mas tu vieste trazendo-me todas no teu corpo.
Apesar de ser considerado continuação de Memórias Sentimentais de João Miramar, a presente obra representa um dos pontos máximos da prosa dos anos heroicos do modernismo, mesmo que não chegue perto de Brás, Bexiga e Barra Funda, de Antônio de Alcântara Machado ou de Macunaíma, de Mário de Andrade.
Seu grande valor está no cuidado em se colocar na vanguarda literária de seu tempo.
Sua temática, por exemplo, se não é moderna, é típica do Modernismo.
Despeja-se um humor corrosivo em cima das tradições e valores de uma classe social da qual faz parte e chega a compactuar em certos momentos: a burguesia paulistana. É uma postura contraditória, mas muito comum entre os primeiros modernistas.
A segunda parte narra a viagem de Serafim pela Europa e Oriente.
O casamento de Serafim com Lalá, por exemplo, é uma farsa, pois, quando vão para a cama, ambos imaginam que estão com uma estrela de cinema. Não existe nenhum tipo de atração entre ambos. A repartição pública onde o protagonista trabalha também é um ataque à burguesia, com personagens como o traficante de cocaína Birimba e Pinto Calçudo, secretário tão bajulador que, por incomodar Serafim - e ocupar muito espaço na narrativa -, é expulso do romance, retornando mais tarde. Irônico e sarcástico, Serafim ataca o quartel da polícia, a imprensa e o serviço sanitário. Numa tentativa desesperada para mudar a sociedade, luta contra o conformismo e a hipocrisia burguesa. Calçudo, por sua vez, apossa-se do navio El Durasno e funda uma sociedade utópica com os tripulantes, defendendo a liberação dos impulsos sexuais e o nudismo, como forma de retorno aos instintos mais primitivos. Extrovertido, provocador e criativo, Oswald de Andrade, com sua linguagem telegráfica e concisa, era um iconoclasta e seus estilos o colocam como uma expressão de vanguarda nos anos 1920 e 1930. Embora integrasse a burguesia paulistana, tem prazer em corroê-la por meio do humor, com capítulos muito curtos, autênticos poemas-pílulas, instituindo uma narrativa inovadora e caótica. Oswald, como costuma acontecer com autores rebeldes, destruía a tradição, embora ainda sem ter exata certeza daquilo.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
culturatura.com.br
educacao.uol.com.br
vestibular1.com.br
todamateria.com.br
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