domingo, 29 de julho de 2018

Olá, pessoal !


Hoje vamos falar de um dos ícones do Modernismo Oswald de Andrade e seu grande romance "Memórias Sentimentais de João Miramar"


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Memórias Sentimentais de João Miramar é o primeiro grande romance da prosa modernista brasileira. Redigido entre 1916 e 1923, foi publicado em 1924. Composto de 163 episódios numerados, tem por personagem principal João Miramar. A montagem fragmentária do romance impossibilita uma leitura tradicional e linear da história. O “enredo” se inicia na infância do herói, sugerida pela linguagem propositadamente infantil dos primeiros capítulos. Ainda adolescente, e com grande inclinação para a boemia, Miramar faz sua primeira viagem à Europa, a bordo do navio Marta. O romance assumi, a partir daqui, a forma de um verdadeiro diário de viagem, que acentua o cosmopolitismo dos pontos turísticos da Europa. De volta ao Brasil, por causa do falecimento de sua mãe, João Miramar casa-se com Célia, sua prima, mantendo, ao mesmo tempo, um romance com a atriz Mlle. Rolah, o que vai provocar seu posterior desquite. No final do romance, o herói fica viúvo, é abandonado pela amante e vai à falência, devida à má aplicação de fundos na indústria cinematográfica. Nos últimos fragmentos, notamos o amadurecimento de João Miramar que, retrospectivamente, redige as Memórias que o leitor está lendo. Uma série de inventivos traços de estilo combinada a um agudo senso crítico da sociedade da época fazem deste texto uma grande obra da vanguarda. Nas palavras de Machado Penumbra, personagem encarregada de prefaciar o romance: “Esperamos com calma os frutos dessa nova revolução que nos apresenta pela primeira vez o estilo telegráfico e a metáfora lancinante”. De fato, o estilo fragmentário e sintético do texto é revolucionário na nossa prosa, assim como seu caráter cinematográfico. Os episódios assemelham-se mais a sequências de um filme do que a capítulos de romance. Há uma ênfase muito grande no elemento visual e muitas das descrições adotam uma linha geométrica e sintética, bastante próxima dos princípios cubistas, que visa a apresentar fragmentos justapostos da realidade, numa tentativa de captá-la na sua totalidade. 


63. IDIOTISMOS

" Um crayon de um arquiteto de Paris que tínhamos visto antes do casamento dera-nos a inveja desesperada de uma calma existência a dois, com pijama e abat-jours, sob a guarda dos antigos deuses do home. Iríamos em tournée à Europa. E pela tarde lilás de Bois, ela guiaria a nossa Packard 120 H.P. Sairíamos nas férias pelos caminhos sem mata-burros nem mamangavas nem taturanas e faríamos caridade e ouviríamos a missa dos bons curas nas catedrais da Média Idade. E prosseguiríamos por hotéis e hotéis, olhos nos olhos etc. No rentrée, falar-nos-ia à noite a voz telepática da radiola do foyer. Ou penetraríamos nos dancings a fim de fox-trotar com sanfona e champagne. "

Reparem nesse trecho com o escrachado título, uma mostra da viagem de "lua de mel" de João Miramar e Célia, por Paris.
O jeito caipira e burguês e o deslumbramento típico do turista pelas novidades e o linguajar repleto de neologismos e  palavras estrangeiras.
Infelizmente, isso tornou-se um traço de nossa cultura de submissão. Mesmos nos dias de hoje vemos a utilização de palavras e termos estrangeiros que associamos naturalmente ao nosso vocabulário.

47. SOHO SQUARE 

"Picadilly fazia fluxo e refluxo de chapéus altos e corredores levando ingleses duros para a música e talheres de portas móveis e portas imóveis. Elevadores klaxons cabs tubes caíam de avião na plataforma preta de Trafalgar15 Mas nosso quarteirão agora grupava nas calçadas casquettes heterogêneas penetrando sem nariz no whisky dos bars. Bicicleta levantavam coxas velhas de girls para napolitanos vindos da Austrália. E Isadora Duncan helenizava operetas no Hipódromo."

Notem no texto acima a eliminação de qualquer nexo sintático, e a falta de pontuação, como num enumerar de diversos acontecimentos que Miramar presenciou em Trafalga Square (praça em Londres). Isso era uma das características do Modernismo de Oswald de Andrade.


 48. CHUVA DE PEDRA

Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus sobre ruas molhadas de pipilos nos arbustos dos squares. Mas a abóbada de garoa desabava os quarteirões. E um dia o dinheiro chegou demais dentro dum telegrama com resposta paga de minha rápida volta.

Nesse trecho termina uma fase da vida de João Miramar, uma fase mais boêmia e de rapaz rico sem responsabilidades, e inicia-se outra, onde ele volta para o Brasil para assumir suas responsabilidades de chefe de família depois da morte de sua mãe.

No final, João Miramar, termina com as finanças arruinadas, e abandonado pela mulher e pela amante.

De certa forma um retrato do autor, que também perdeu a fortuna com a crise de 1929, e teve diversos casamentos desfeitos, assim como algumas sólidas amizades como a dele com o escritor Mário de Andrade.


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                                           Oswald e Pagú                                               

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                                                                   Oswald e Tarsila




Memórias Sentimentais de João Miramar, publicado em 1924, é tão importante para a literatura brasileira quanto Macunaíma, de Mário de Andrade, publicado alguns anos depois. Nos dois casos, nota-se o esforço de renovação da ficção brasileira, tanto na abordagem do assunto quanto em sua expressão verbal. Obra de leitura exigente, Memórias Sentimentais representa um dos pontos altos do radicalismo oswaldiano.



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Mário e Oswald de Andrade






Fontes:
educacao.globo.com
sosestudante.com
repositorio.geracaoweb.com.br
google.com.br

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