Bicho da seda.
O bicho-da-seda é a larva ou lagarta da mariposa doméstica Bombyx mori (latim: "bicho-da-seda da amoreira"). É um inseto economicamente importante, sendo um produtor primário da seda. A comida preferida do bicho-da-seda é a amoreira branca, embora comam outras espécies de amoreira e até mesmo laranja de osage.
laranja de osage
O bicho-da-seda é coberto por pelos, tem corpo de coloração branca e não pode voar. Ainda que vivam apenas entre 10 e 16 duas, podem colocar de 300 a 400 ovos, que se chocam dentro de 15 dias, em média.
Para a produção do casulo, cada larva de bicho-da-seda tece um fio único que pode ter 1,3 km de comprimento. Em três dias o casulo fica pronto e protege a lagarta por 10 a 15 dias, quando ela se transforma em crisálida.
Mariposas domésticas são intimamente dependentes de seres humanos para a reprodução, como resultado de milênios de reprodução seletiva. As selvagens são diferentes de suas primas domésticas, pois não foram criadas seletivamente; elas não são comercialmente viáveis na produção de seda.
Na indústria, Logo após a formação dos casulos, os bichos-da-seda são abatidos antes que possam danificar os fios de seda. Para isso, eles vão para um calor de até 105 ºC, capaz de desidratar as criaturas.
Depois de secos, os casulos são cozinhados em água para que possam ser reidratados e desenrolados. Os fios, então, são separados em meadas de 300 gramas. Em média, cada kg do fio pode valer entre US$ 80 e 90.
Por outro lado, as larvas mortas de bicho-da-seda são novamente úteis no processo de fabricação de ração para animais.
Os primeiros a conhecer a seda foram os chineses. Diz-se que foi Fo Xi, o primeiro imperador da China, que ensinou o seu povo a cultivar amoreiras e a criar bichos-da-seda, embora tenha sido Hsi-Ling, esposa do imperador amarelo Huang-Ti, que ficou historicamente associada à descoberta da fiação da seda, sendo mesmo adorada, segundo reza a lenda, como a deusa do bicho-da-seda. Conta-se que Hsi-Ling descansava no jardim quando um casulo caiu dentro da sua chávena de chá quente.
Observando o desenrolar do fio da seda, Hsi-Ling interessou-se pela arte de criar casulos e levou as lagartas do bicho-da-seda para os aposentos reais onde as protegeu dos seus inimigos naturais e do tempo inclemente, inaugurando assim a cultura doméstica do bicho-da-seda.
O reinado do imperador amarelo é datado tradicionalmente entre 2677-2597 a.C. mas sabe-se hoje que, apesar desta lenda, por essa altura a sericicultura já era uma atividade desenvolvida. Graças ao aperfeiçoamento das técnicas de exploração arqueológica e de conservação dos materiais tornou-se possível resgatar têxteis que, no passado, teriam entrado em decomposição imediata assim que expostos ao ar e à luz. Assim, descobriram-se em Zhejiang vários laços, fios e fragmentos de tecido tingidos de vermelho e datados de 3000 a.C., assim como foram encontradas sedas muito antigas num cesto de bambu durante as escavações de Chekiang. Um desses fragmentos era de seda produzida pelo bicho-da-seda doméstico, o Bombyx mori.
Na verdade, existem muitas espécies de bichos-da-seda selvagens encontrados em diversos países mas a chave para a compreensão do domínio da China, na manufatura da seda, reside apenas numa espécie: a borboleta cega e incapaz de voar denominada Bombyx mori. A sua antecessora selvagem é provavelmente a Bombyx mandarina Moore, uma borboleta que vive apenas nas amoreiras brancas da China. Durante milhares de anos, os chineses estudaram todos os tipos de bichos-da-seda e desenvolveram a sericicultura, fazendo com que a Bombyx mori evoluísse no sentido de se tornar a produtora especializada de seda dos dias de hoje: uma borboleta cuja vida tão breve se resume ao acasalamento e à produção dos ovos, que darão vida às gerações seguintes de bichos-da-seda.
A cultura do bicho-da-seda e o labor do seu fio foram segredos preciosamente guardados e sanções sem piedade esperavam aqueles que violassem o sigilo. O terror e o negócio perpetuaram o segredo. A seda era vendida pelos chineses, sendo transportada por terra, através dos Himalaias, da Índia e da Pérsia até chegar à Turquia, à Grécia e a Roma. Eram as famosas Rotas da Seda, fundadas no tempo do imperador Han Wu e do império romano, que constituíram um dos fatores mais decisivos de expansão e de encontro entre culturas.
Por volta do ano 550, aquando do reinado do imperador bizantino Justiniano, dois missionários viajaram à China e conseguiram trazer, para Constantinopla, ovos de bichos-da-seda escondidos dentro de bengalas de bambu.
Começa assim, gradualmente, a divulgar-se a sericicultura no mundo ocidental que há muito cobiçava este negócio precioso o qual, no entanto, tardou em explorar e dominar. Em Portugal, a mais antiga referência à cultura do bicho-da-seda diz respeito a Trás-os-Montes, no século XIII, sendo que Bragança, no século XV, surge como o berço do fabrico da seda. A partir de finais do século XVII, o cultivo da amoreira, a criação dos bichos-da-seda e a manufatura de tecidos em seda conheceu um importante desenvolvimento no nordeste transmontano.
Em Trás-os-Montes, e particularmente no distrito de Bragança, a criação e venda dos casulos gerou lucros substanciais, que permitiram atenuar as dificuldades reais de uma região quase exclusivamente dedicada à agricultura. Ora, na penúltima década do século XIX, deu-se o afundamento da sericicultura, com as doenças do bicho-da-seda, e instalou-se a crise vinícola vivendo-se, na região de Trás-os-Montes, momentos dramáticos em que famílias inteiras emigraram, devido à fome e à miséria, aumentando consideravelmente a mortalidade infantil e a pobreza.
Com efeito, após 1870-1875, a história da indústria das sedas no nordeste transmontano foi uma história de sucessivas tentativas de recuperação desta indústria, por parte do Estado. No início do século XX, persistiram algumas medidas que visavam reanimar a sericicultura, mas esta já não tinha condições de desenvolvimento. Foi assim que a indústria da seda em Trás-os-Montes se tendeu a esbater no século XX, tornando-se o labor do fio da seda uma atividade cada vez mais artesanal e rara, dependente da proteção dos municípios e das populações locais.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
braganca.cienciaviva.pt
segredosdomundo.r7.com
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