Vamos falar da obra de Ribeiro Couto - Chão de França.
Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto, conhecido como Ribeira Couto, nasceu em Santos, São Paulo, no dia 12 de março de 1898. Cursou a Escola de Comércio José Bonifácio.
Em 1912, estreou no jornalismo ao ingressar no jornal A Tribuna. Em 1915, mudou-se para a capital, para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Ao mesmo tempo que cursava Direito, escrevia para o Jornal do Comércio e depois para o Correio Paulistano.
Em 1918, após vencer o concurso literário da revista “A Cigarra” com o poema “Anhangabaú”, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso de Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais.
Colaborou com os periódicos “Gazeta de Notícias” e “A Época”. Nesse período, iniciou uma amizade com o poeta Manuel Bandeira.
Ficou conhecido pela obra Cabocla de 1931, transformado em telenovela pela Globo.
Ribeiro Couto foi jornalista e diplomata na França, Suíça e Portugal.
Nesse livro em seu prefácio o autor diz:
" Um livro sobre a França ?
- Não: um pouco da poeira das estradas, reflexo de águas, farrapos de nuvens; e pedaços do chão de França, que pisei amorosamente...."
Como faziam os viajantes europeus em suas viagens para a terra nova, onde suas excentricidades e de seus povos que andavam nus, suas belezas naturais, fauna e flora desconhecidas no velho continente, assim como já o fizera Gilberto Amado na sua obra !"A primeira viagem à Europa", assim faz Ribeiro Couto, trazendo suas narrativas da viagem para França.
"Pelas nove horas da noite, quando os lampiões domésticos principiavam-se a apagar-se anunciando o sono do arrabalde, eu saia para descoberta das sombras." (p. 13)
" Agora, é muito mais difícil. Depois de longa travessia, é a França que está perto. Antecipada tristeza, a de saber que vou encher a memória de novas imagens e que elas me ficarão afeiçoadas! Dentro de mim há sempre um gesto de amor para cada encontro do caminho.'' (p.14).
Ribeiro Couto, em visita a Paris, em 1935, irá também reforçar o
laço entre o saber do sujeito que viaja e a sua experiência de leitura,
ao contemplar a cidade como cenário de ficção montado por seus
escritores ilustres. O olhar subjetivo dirigido à cidade é, contudo,
mediatizado pela literatura, que irá fornecer as pistas de reconhecimento
dos lugares simbólicos, registrados e ficcionalizados pelo gesto do escritor,
responsável pela construção de signos urbanos a serem decifrados por
um leitor especial. Ter na bagagem um guia turístico não se compara à
prática de leitura do intelectual que viaja com outro tipo de bagagem,
que lhe permite penetrar, mais facilmente, na cultura do país visitado:
“Esta noite quem sabe, se eu for olhar de perto a fachada de Notre-Dame,
sou capaz de ver lá em cima, perto do sino, o perfil de Quasímodo (e
Esmeralda andará por aí). É por isso que, no Jardim de Luxemburgo, ainda
há pouco, vi Jean Valjean levando pela mão Cosette, que tossia. “Os
Miseráveis” e outros romances lidos na meninice andam a seguir-me os
passos, neste fim de tarde.
Como viajante levamos em nossas memórias reminiscências daquilo que vimos ou sabemos dos locais visitados. A cada passo que damos é uma nova experiência e uma nova visão da realidade apresentada.
Compete ao leitor a tarefa de preferir a leitura da cidade através de
um repertório composto de citações intelectualizadas ou de outra natureza;
criticar a leitura apressada dos signos urbanos e o desconhecimento dos
verdadeiros tesouros aí escondidos traduz uma concepção ainda
racionalista do comportamento intelectual moderno, que define o
conhecimento como traço diferencial de certa classe social. Felizmente,
nos dias atuais, os mal-nascidos talvez consigam desfrutar, ao seu estilo,
dos prazeres que a cidade de Paris oferece: seja em momento mais popular,
como aquele transcorrido durante a Copa do Mundo, seja em encontros
específicos, dos quais escritores e intelectuais brasileiros participaram
por ocasião da Feira do Livro do Brasil, ocorrida em 1998. A cidade-luz,
privada no século XX do título de capital, encontra-se povoada de
imigrantes de todas as partes do planeta, os virtuais construtores de
narrativas urbanas que pululam das periferias e se infiltram nas grandes
avenidas. Narrativa pós-moderna, construída com fragmentos de culturas
diversas e composta de personagens cuja sina são o constante
deslocamento, o embaralhamento de identidades e a crise social, sintomas
da falta de representatividade de classe e do apagamento do sentido de
nação. A alta cultura encontra-se, paradoxalmente, disseminada nas baixas
esquinas do mundo: nos viadutos de Nova York, na bolsa de valores de
Tóquio e no centro das maiores cidades brasileiras.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
ebiografia.com
O não lugar da literatura - Eneida Maria de Souza
Couto, Ribeiro - Chão de França - Companhia Ed.Nacional - 1935
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