A parada seguinte, na Fazenda Pau D'Alho, em São José do Barreiro, se tornaria folclórica. Isto porque Dom Pedro, conforme os relatos da época, teria apostado corrida com os demais membros da comitiva e chegado antes do previsto, sozinho, à fazenda, então do Coronel João Ferreira.
Ele bateu palmas e, sem se identificar como príncipe, pediu comida para a proprietária da casa.
Cidade de Areias - Vale do Paraíba
Ela o atendeu, mas pediu para que comesse na cozinha "porque a sala de jantar estava sendo preparada com toda a pompa e circunstância para receber o príncipe regente.
No dia 19 de agosto, o grupo partiu para Guaratinguetá, onde Pedro foi hóspede do capitão-mor Manoel José de Melo. Lá a comitiva teria aumentado, com a adesão de novos seguidores, em uma espécie de guarda de honra.
Dom Pedro tinha novo compromisso público: visitar a então capela de Nossa Senhora Aparecida, hoje no município de Aparecida.
Capela de N. S. Aparecida
Tratava-se de um importante ponto de peregrinação católica, pois o pequeno templo havia sido erguido justamente para abrigar a imagem da santa, chamada de Nossa Senhora Aparecida, encontrada ali na região em 1717 e, depois, proclamada padroeira do Brasil.
De lá, a comitiva partiu para Pindamonhangaba.
Ali, o príncipe se encontrou com o influente major Domingos Marcondes de Andrade. "Dentre as muitas histórias registradas em diários, conta-se que Domingos Marcondes de Andrade estava montando em um garboso cavalo. Dom Pedro, ao ver o belo animal, começou a elogiá-lo, como que esperando a reação do proprietário", narra o historiador Almeida.
"Quando mais o príncipe elogiava o cavalo, mais Marcondes de Andrade ficava mudo. Por fim, quando Dom Pedro foi mais incisivo, dizendo que lhe agradaria possuir um cavalo como aquele, Domingos Marcondes propôs um acordo."
O major teria dito ao nobre que todos sabiam ser costume de Dom Pedro dar aos cavalos que ganhava o nome de seu proprietário anterior. "Mas, enfatizou o homem, nenhum Marcondes até aquela data tinha sido cavalgado por ninguém. Então ele daria, sim, o cavalo ao príncipe, desde que ele escolhesse outro nome para o animal", conta o historiador.
Em Pindamonhangaba, dom Pedro se hospedou no sobrado do monsenhor Ignácio Marcondes de Oliveira Cabral, irmão do então capitão-mor. A residência não existe mais. Ali, foram tantos os que se ofereceram a integrar a comitiva, na chamada guarda de honra do príncipe, que há um monumento na praça central da cidade em alusão a este fato. E a igreja de São José guarda um panteão onde estão enterrados todos os pindamonhangabenses que integraram a guarda do nobre.
No dia 21 de agosto, Dom Pedro chegou a Taubaté, onde seria recebido na casa do cônego Antônio Moreira da Costa - construção esta que não existe mais. Na cidade, visitou o convento de Santa Clara e a Igreja do Pilar.
A parada seguinte seria Jacareí. Na época, havia uma balsa que ligava os dois municípios, em travessia pelo Rio Paraíba.
"E então há uma outra anedota: a de que Dom Pedro, impaciente, não quis esperar a balsa e atravessou o rio a cavalo. Do outro lado, uma multidão o esperava, e ele, Pedro, sem pestanejar, saiu procurando alguém que usasse calças do mesmo tamanho que as dele, para propor a troca.
Conforme esses relatos, o "mérito" de ceder as calças ao futuro imperador teria ficado com um jovem pindamonhangabense, depois integrante da guarda de honra, chamado Adriano Gomes Vieira.
Em Jacareí, Dom Pedro ficou hospedado na casa do capitão-mor Cláudio José Machado.
Em Mogi das Cruzes, onde a comitiva chegou em 23 de agosto, Dom Pedro hospedou-se na casa do capitão-mor Francisco de Mello e assistiu à missa na então Igreja de Sant'Ana, hoje catedral homônima.
Penha de França, hoje parte do município de São Paulo, foi a última parada antes da capital paulista. Dom Pedro dormiu ali uma noite, do dia 24 para o dia 25, e assistiu a outra missa na igreja matriz.
Igreja velha Penha de França - 1622-1628
O grupo chegou a São Paulo na manhã do dia 25 de agosto. Houve uma entrada oficial. Dom Pedro foi recebido por vereadores, religiosos e a população em frente à Igreja do Carmo.
Igreja do Carmo - São Paulo
Em São Paulo, D. Pedro I teve muito trabalho para acalmar os ânimos dos políticos locais até convocar novas eleições, ele governou São Paulo nesse período.
Nesse período em São Paulo ele conhece Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos.
Em 5 de setembro, foi a Santos a fim de inspecionar as fortalezas e visitar pessoas da família de José Bonifácio, seu ministro de Estado. De regresso a São Paulo, no sábado, por volta das 16 horas, dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro e comitiva se encontravam no alto de colina próxima do riacho do Ipiranga, dois cavaleiros em rápida carreira vão a seu encontro, eram o major Antônio Ramos Cordeiro e Paulo Bregaro - hoje Patrono dos Carteiros -, este, como correio-real da Corte, trazia diversas correspondências: cartas de sua esposa Leopoldina, de José Bonifácio; duas de Lisboa - uma de seu pai D. João VI e a outra com instrução das Cortes, exigindo o regresso imediato do príncipe e a prisão e processo de José Bonifácio, e a última de Chamberlain (amigo de confiança do príncipe D. Pedro).
D. Pedro que naquele dia sofria com fortes dores abdominais, fruto de alguma coisa que tinha comido em Santos, aproximou-se perto da guarda que descrevia um semicírculo e falou:
"Amigos! Estão, para sempre, quebrados os laços que nos ligavam ao governo português! E quanto aos topes daquela nação, convido-os a fazer assim.' E arrancando do chapéu que ali trazia, a fita azul e branca, a arrojou no chão, sendo nisto acompanhado por toda a guarda que, tirando dos braços o mesmo distintivo, lhe deu igual destino."
... "E viva o Brasil livre e independente!" gritou D. Pedro. Ao que, desembainhando também nossas espadas, respondemos: - "Viva o Brasil livre e independente! Viva D.Pedro, seu defensor perpétuo!" ...E bradou ainda o príncipe:"Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou Morte!"
"...Por nossa parte, e com o mais vivo entusiasmo, repetimos: "Independência ou Morte!"
Fontes:
a.sp.gov.br
google.com
wikipedia.org
jornaltribunadonorte.net
mapa.an.gov.br
sao-paulo.estadao.com.br
g1.globo.com
obrabonifcacio.com
todamateria.com.br
Rezutti, Paulo - D. Pedro a história não contada - ed. São Paulo Leya - 2015
Gomes, Laurentino - 1822 - Editora Globo - 2015