segunda-feira, 17 de agosto de 2020





Morte e vida Severina - João Cabral de melo Neto


Capa da primeira edição de Morte e Vida Severina


O retirante explica ao leitor quem é e a que vai

"- Meu nome é Severino, não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos, 
quem é santo de romaria, deram então de me chamar
Severino de Maria;"




Tânia Alves  - Morte de Lavrador - Chico Buarque e João Cabral de Melo Neto





Morte e Vida Severina retrata a trajetória de Severino, que deixa o sertão nordestino em direção ao litoral em busca de melhores condições de vida. Severino encontra no caminho outros nordestinos que, como ele, passam pelas privações impostas ao sertão.

A aridez da terra e as injustiças contra o povo são percebidas em medidas nada sutis do autor. Assim, ele retrata o enterro de um homem assassinado a mando de latifundiários.

Assiste a muitas mortes e, de tanto vagar, termina por descobrir que é justamente ela, a morte, a maior empregadora do sertão. É a ela que devem os empregos, do médico ao coveiro, da rezadeira ao farmacêutico.

Nota, ao vagar pela Zona da Mata, onde há muito verde, que a morte a ninguém poupa. Retrata, contudo, que a persistência da vida é a única a maneira de vencer a morte.

No poema, Severino pensa em suicídio jogando-se do Rio Capibaribe, mas é contido pelo carpinteiro José, que fala do nascimento do filho.

A renovação da vida é uma indicação clara ao nascimento de Jesus, também filho de um carpinteiro e alvo das expectativas para remissão dos pecados.



Morte e Vida Severina é um poema de construção dramática com exaltação à tradição pastoril. Ele foi adaptado para o teatro, a televisão, o cinema e transformado em desenho animado.

Por meio da obra, João Cabral de Melo Neto, que também era diplomata, foi consagrado como autor nacional e internacional.

Como diplomata, o autor trabalhou em Barcelona, Madri e Sevilha, cidades espanholas que permitiram clara influência sobre sua obra.

João Cabral de Melo Neto foi seduzido pelo realismo espanhol e confessou ter, daquela terra, o reforço ao seu anti idealismo, antiespiritualismo e materialismo.

Os instrumentos lhe permitiram escrever com mais clareza sobre o nordeste brasileiro em Morte e Vida Severina e outros poemas.

A obra é, acima de tudo, uma ode ao pessimismo, aos dramas humanos e à indiscutível capacidade de adaptação dos retirantes nordestinos.

"- Severino retirante,
deixe agora que eu lhe diga;
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga; 
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vês, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
om sua presença viva."





Fontes:
Melo Neto, João Cabral - Morte e vida Severina
todamateria.com.br
youtube.com

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