A Estilística é a parte dos estudos da linguagem que, como o próprio nome denota, preocupa-se com o estilo. Nela, a linguagem pode ser utilizada para fins estéticos, conferindo à palavra dados emotivos.
A linguagem afetiva é representada por esse importante recurso, no qual podemos observar os processos de manipulação da linguagem utilizados para extrapolar a mera função de informar. Na Estilística há um interessante contraste entre o emocional e o intelectivo, estabelecendo uma relação de complementaridade entre seu estudo e o estudo da Gramática, que aborda a linguagem de uma maneira mais normativa e sistematizada.
Muitas pessoas ainda associam o estilo a uma ideia de deformação da norma linguística, o que não é necessariamente uma verdade, visto que existe uma grande diferença entre traço estilístico e erro gramatical. O traço estilístico acontece quando há uma intenção estético-expressiva que justifique o desvio da norma gramatical. Já o erro gramatical não apresenta uma intenção estética, pois configura-se apenas como um desconhecimento das regras.
A Estilística estuda os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua.
Para auxiliar na organização das palavras, tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, a Estilística ocupa-se do estudo dos elementos expressivos, abarcando assim a conceitualização e os diversos usos das figuras, vícios e funções de linguagem.
De acordo com os estudiosos, a Estilística pode ser dividida nos seguintes campos:
Estilística Fônica
Nesse campo, as figuras de som contribuem para atribuir harmonia aos textos mediante a sonoridade, como podemos verificar nas figuras de som ou harmonia abaixo:
Aliteração: a repetição de consoantes marca o ritmo do texto. Exemplo:
O peito do pé do Pedro é preto
Assonância: a repetição harmônica das vogais intensificam o ritmo do texto. Exemplo:
Minha Foz do Iguaçu
Pólo Sul, meu azul
Luz do sentimento nu
(Trecho da música Linha do Equador - Djavan)
Onomatopeia: a reprodução de fonemas e palavras que imitam sons aumentam a expressividade do discurso. Exemplo:
Anáfora: a repetição de palavras de forma regular marca o ritmo do texto. Exemplo:
Anacoluto: caracteriza-se pela mudança na sequência lógica da estrutura da frase tornando o texto mais interessante. Exemplo:
Eu, porque sou mole, você fica abusando. (Rubem Braga)
Metonímia: é marcada pela transposição de significados, que considera a parte pelo todo. Exemplo:
Tinha tanta fome que comeu três pratos ao almoço.
A metonímia está presente na ideia "comer o pratos". Na verdade, a pessoa não comeu os pratos, mas o que continha neles.
Assim como as diversas figuras de linguagem usadas para exprimir uma ideia ou um estilo, a estilística utiliza-se também de outros recursos para traçar uma forma à escrita.
Exitem os textos ou as palavras denotativas e conotativas.
A menina está com a cara toda pintada.
Aquele cara parece suspeito.
No primeiro exemplo, a palavra cara significa "rosto", a parte que antecede a cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no segundo exemplo, a mesma palavra cara teve seu significado ampliado e, por uma série de associações, entendemos que nesse caso significa "pessoa", "sujeito", "indivíduo".
Algumas vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou mais) possibilidades de interpretação. Veja: Marcos quebrou a cara.
Em seu sentido literal, impessoal, frio, entendemos que Marcos, por algum acidente, fraturou o rosto. Entretanto, podemos entender a mesma frase num sentido figurado, como "Marcos não se deu bem", tentou realizar alguma coisa e não conseguiu.
Pelos exemplos acima, percebe-se que uma mesma palavra pode apresentar mais de um significado, ocorrendo, basicamente, duas possibilidades:
a) No primeiro exemplo, a palavra apresenta seu sentido original, impessoal, sem considerar o contexto, tal como aparece no dicionário. Nesse caso, prevalece o sentido denotativo - ou denotação - do signo linguístico.
b) No segundo exemplo, a palavra aparece com outro significado, passível de interpretações diferentes, dependendo do contexto em que for empregada. Nesse caso, prevalece o sentido conotativo - ou conotação do signo linguístico.
Existem outras maneiras de atribuição de um estilo da escrita e cada escritor utiliza um recurso ao qual é dado de forma mais precisa o desenvolvimento de uma ideia ou de uma imagem.
Fontes:
portugues.com.br
soportugues.com.br
todamateria.com.br
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