Sérgio Milliet da Costa e Silva (São Paulo, 20 de setembro de 1898 - São Paulo, 9 de novembro de 1966) foi um escritor, pintor, poeta, ensaísta, crítico de arte e de literatura, sociólogo e tradutor brasileiro. Foi também diretor de biblioteca, tendo dirigido a Biblioteca Mário de Andrade.
Biblioteca Mário de Andrade - SP
Filho de Fernando da Costa e Silva e Aida Milliet (1878 - 1900), ficou orfão de mãe aos dois anos de idade e, quando adquiriu alguma maturidade, foi levado à Suíça para estudar humanidades em Genebra. Isso aconteceu quando mal havia completado doze anos. Cursou também ciências econômicas e sociais na Escola de Comércio, concluindo seus estudos na Universidade de Berna na Suíça.
Sergio Milliet permaneceu na Suíça de 1912 a 1920, portanto exatamente no período em que a Europa se via envolvida na primeira Grande Guerra. A Suíça se manteve neutra e por isso lá se refugiaram vários expoentes da intelectualidade européia. Milliet pode, assim, conhecer e conviver com escritores, poetas e artistas plásticos que já tinham renome internacional.
Em Genebra escreveu e editou seus primeiros livros de poesia usando a língua francesa que dominava bem: Par le Sentier, em 1917, e Le Depart sous la Pluie dois anos após.
No Brasil novamente.
Em 1920 retorna ao Brasil e logo integra-se no acanhado meio intelectual e artístico de São Paulo. Pouco depois iria participar da Semana de arte Moderna, mas como ainda não falasse e escrevesse corretamente a língua pátria, apresentou no Teatro Municipal um poema...em francês, lido por um amigo genebrino. Por suas ligações e amizades formadas na Europa e uma liderança que lhe foi atribuída naturalmente, sem que ele procurasse por isso, pelos homens e mulheres que formavam a intelectualidade paulista, Milliet tornou-se o homem-ponte entre os dois mundos, um com sua cultura já sedimentada, o outro tentando fugir do estilo provinciano e acomodado que o caraterizava. Curioso o depoimento de Di Cavalcanti sobre essa ligação exercida por Sérgio Milliet na primeira metade do século XX (publicada no jornal O Estado de S. Paulo de 24 de outubro de 1998): Quando Sérgio Milliet em 1923 voltou para a Europa, fui atrás.
Ibiapaba Martins, Oliveira Ribeiro Neto,Henrique L.Alves, Érico Veríssimo, Sérgio Milliet e Raimundo de Menezes
Sobre a trilogia "O tempo e o vento" de Érico Veríssimo, ele disse em 20 de dezembro de 1951:
"Não me arrisco ainda a emitir uma opinião sobre a trilogia de Érico Veríssimo. Surpreendeu-me agradavelmente o primeiro volume "O continente", e não me desilude o segundo (O retrato)".
Naquele tempo, enquanto Oswald de Andrade gastava o dinheiro do pai do modo mais provinciano e burguês possível e Mário de Andrade era um moço de igreja, que adorava procissões, eu conheci a dureza da sobrevivência por conta própria; arranjei um emprego na revista Monde e, como jornalista, sem contar a ninguém que era pintor, entrei em contato com Braque, Picasso e toda a vanguarda francesa, sempre levado e guiado pela mão de Sérgio Milliet. E foi homenageado com seu nome em várias escolas do Brasil.
«Homem-ponte» da crítica brasileira, conforme o alcunhou Antonio Candido (1978), Sérgio Milliet sempre desempenhou o papel de mediador cultural, dialogando com diferentes gerações de intelectuais, de várias regiões do Brasil, bem como com autores estrangeiros. A leitura dos dez volumes que compõem seu Diário crítico (1940-1956) coloca em evidência sobretudo os interlocutores franceses de Milliet, dentre os quais destacamos Albert Thibaudet (1874-1936), autor de vasta produção crítica, e cujas obras Physiologie de la critique, de 1930, e Histoire de la littérature française de 1789 à nos jours, publicada em 1936, são comentadas pelo crítico brasileiro, apesar de nunca terem sido traduzidas em português.
Por sua vivência na Europa, naturalmente, Milliet entrou em contato com as técnicas cubistas e futuristas, as quais empregou em sua poesia. Observa-se "falta quase total de pontuação, superposição de idéias e imagens em lugar da seqüência lógica, técnica analógica, simultaneidade, versos elíticos, independentes, dando ideia de descontinuidade", conforme Leodegário A. de Azevedo Filho.
Fontes:
literalmeida.blogspot.com
wikipedia.org
google.com
abralic.org.br/eventos
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