quinta-feira, 30 de janeiro de 2020





A eleição presidencial de 1910 foi, provavelmente, uma das mais injustas e maldosas já registradas na história das eleições no País, envolvendo Rui Barbosa de um lado e o marechal Hermes da Fonseca de outro. O ano de 1910, portanto, marcou a eleição da toga contra a farda.

A população se encarregou de pintar a maldade no pleito, ao qualificar a eleição da inteligência contra a burrice, porque um dos candidatos, Rui Barbosa, era reconhecidamente o mais culto dos brasileiros.

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                                         Ruy Barbosa

O adversário marechal Hermes da Fonseca que, quietinho, quietinho, acabou derrotando Rui Barbosa, para exercer um mandato cheio de altos e baixos.

Além da fama que adquiriu de ser um militar de inteligência curta, o marechal Hermes foi considerado o presidente mais sem sorte que o Brasil conheceu, até então. Portanto, na briga farda x toga, venceu a farda.

Vemos, portanto que a História sempre se repete, em 2018 tivemos algo bastante parecido, onde um professor foi derrotado por um militar cujos dotes intelectuais são bastante questionados.

Na época em que governou -de 1910 a 1914- o jogo do bicho era legalizado no País; mas, um fato inusitado ocorreu: o chefe de polícia do governo do marechal proibiu os jornais de publicarem a sugestão para o apostador jogar no burro.

Entendia o chefe de polícia que a simples menção da palavra "burro" publicada nos jornais poderia ser entendida como uma insinuação de que se estava fazendo uma referência injuriosa ao presidente da República.

Podia-se sugerir, portanto, que se apostasse em qualquer um dos outros 24 espécies de bichos, menos no burro.

Um fato digno de registro ocorreu no governo do marechal Hermes, que serve para atestar que se tratava realmente de um presidente de pouca sorte: o Brasil conseguiu um valioso empréstimo em libras esterlinas em banco da Inglaterra.

O dinheiro, contudo, foi depositado, para render juros, em uma agência de Moscou. Quando os comunistas, porém, tomaram o poder na Rússia, os bancos privados foram estatizados e os ativos financeiros, inclusive depósitos, foram confiscados.O Brasil perdeu tudo e ainda ficou devendo aos ingleses.

É oportuno atestar que o marechal Hermes da Fonseca foi favorecido na eleição contra Rui Barbosa pela morte do presidente que o antecedeu, o mineiro Afonso Pena, ocorrida em 1909, 1 ano e meio antes de concluir o mandato.

Afonso Pena era o principal suporte da candidatura de Rui. Com sua morte, Rui ficou desamparado na campanha, perdendo, então, a eleição para o marechal. (O restante do mandato de Afonso Pena -17 meses- foi exercido pelo vice Nilo Peçanha).






Hermes Rodrigues da Fonseca era oriundo de uma família de tradição militar, sendo sobrinho do fundador da República marechal Deodoro da Fonseca. Hermes da Fonseca cursou a Escola Militar do Brasil e foi aluno de Benjamin Constant que o iniciou nos estudos sobre o positivismo. Na época da proclamação da República, Hermes da Fonseca assumia o posto de capitão do Exército e auxiliava o marechal Deodoro nas articulações políticas no meio militar para a instauração do regime republicano.

Durante o período republicano, Hermes da Fonseca ascendeu na carreira militar, tornando-se marechal em 6 de novembro de 1906. No dia 15 do mesmo mês Afonso Pena assumiu a presidência da República e designou Hermes da Fonseca ministro da Guerra, função que cumpriu até 27 de maio de 1908. O governo de Afonso Pena foi marcado pelo empenho em reformar as forças armadas, tarefa protagonizada pelo então ministro da Guerra.



Hermes da Fonseca

                                    

Em 15 de novembro de 1910, marechal Hermes da Fonseca assumiu a presidência do país, sendo o oitavo presidente da República. Para assegurar a continuidade do respaldo dos governos estaduais ao governo federal recorreu à “política das salvações". 


A alegação da implantação dessa política era a defesa da integridade das instituições republicanas. Contudo, as “salvações” consistiam na deposição das oligarquias, substituídas por interventores ligados ao presidente, muitos deles militares, com o objetivo de açambarcar os governos estaduais para a base de apoio ao presidente.

O estado de sítio tornou-se constante para conter os distúrbios decorridos das “salvações”. Apesar dessa política, as oligarquias mais influentes permaneceram no poder, como foram os casos de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. No Ceará, desencadeou-se uma revolta na região do Cariri insuflada por Padre Cícero em 1913 na defesa da área de influência do deputado Pinheiro Machado e da família Acioly, opondo-se ao governo de Franco Rabelo.

A primeira semana de governo de Hermes da Fonseca foi marcada pela insurreição de marinheiros, liderada por João Cândido Felisberto. A Revolta da Chibata, iniciada em 22 de novembro com o motim de marinheiros nos encouraçados Minas Gerais e São Paulo, reivindicava o fim dos castigos físicos, melhorias nas condições de trabalho e o acesso dos militares aos direitos dos cidadãos civis. Em 26 de novembro o presidente aceitou as pautas dos marinheiros sublevados e concedeu anistia aos que se entregaram. Porém, persistiram as perseguições àqueles que se amotinaram, muitos sofrendo o banimento nos seringais no Norte do país.

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João Cândido Felisberto

Outro conflito desencadeado durante o mandato de Hermes da Fonseca, a Guerra do Contestado também afetou a autoridade do presidente da República. Em 1911, houve a expansão da linha férrea de propriedade da empresa norte-americana Brazil Railway Company  nos arredores curitibanos, resultando na expulsão dos camponeses que ocupavam a região. 

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José Maria

Esses camponeses, liderados pelo beato José Maria Agostinho, migraram para uma região disputada pelos Estados de Santa Catarina e Paraná, agravando os dissídios gerados pela posse do território. Entre os anos de 1912 e 1916 foram enviados contingentes policiais estaduais e de soldados do Exército para combater os camponeses que resistiram aguerridamente até o final da contenda.

Após deixar o poder, em 1914, Hermes da Fonseca envolve-se em diversos incidentes políticos, entre eles a Revolta do Forte de Copacabana (1922), que o leva à prisão por seis meses. Libertado, retira-se para Petrópolis, onde morre poucos meses depois.


Fontes:
sohistoria.com.br
google.com
wikipedia.org
dcomercio.com.br
todamateria.com.br

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