Olá, pessoal !
Hoje vamos falar do lendário Café Nice no Rio de Janeiro, local de encontro de artistas e sambistas na Rua Rio Branco 174.
No final da década de 20 surgia no centro do Rio de Janeiro o Café Nice, estabelecimento bem ao estilo parisiense (não à toa homenageava no nome uma cidade francesa). A casa, localizada na avenida Rio Branco, número 174, tornou-se símbolo de um período de formação da identidade nacional. Lá, se reuniam escritores, cantores, compositores e intelectuais de um modo geral. Era o ponto de encontro dessas pessoas para trocarem idéias e formarem novas parcerias.
Fundado em 18 de agosto de 1928, o Nice – como era conhecido pelos clientes – ficou aberto durante 26 anos ao público. E foi justamente na chamada fase de ouro da MPB (1928/1946) que a casa reinou. Compositores como Ari Barroso, Mario Lago, Cartola e Noel Rosa faziam parte da clientela do café.
Uma curiosidade do Nice: o local foi inaugurado dias depois do surgimento da primeira escola de samba e por suas mesas passaram alguns de seus criadores, entre eles Ismael Silva, Bide e Marçal.
Do lado de fora do Café, ficavam, nas calçadas, as mesas e cadeiras de vime. O interior tinha dois ambientes. Um mais requintado, onde se serviam lanches, chás e bebidas finas, e outro onde eram vendidos cafezinhos, a tradicional média pão com manteiga e bebidas mais simples, local preferido pelos artistas. Foi esse lado do Nice que o tornou famoso; espécie de sede da música brasileira. Lá rolavam amizades, encontros, contratos, compra e venda de músicas, imperando a conhecida máxima de Sinhô de que "samba é igual a passarinho, é de quem pegar".
Nestor Holanda, jornalista e assíduo frequentador do Nice, relata que ali se realizava, talvez, o maior mercado de música popular do mundo. As transações se davam a qualquer hora, já que o Nice abria cedo e fechava bem tarde. Segundo ele, o pianista e violonista Augusto Vasseur quando estava sem dinheiro ia para o Nice, levando lápis e papel de música. Logo aparecia quem precisasse de uma partitura escrita, pela qual cobrava dez cruzeiros, por peça. Se fosse orquestração cobrava bem mais caro, cem cruzeiros.
Assim como ele era comum deparar-se, nas mesas do Nice, com músicos como Pixinguinha, Benedito Lacerda, Osvaldo Borba, Guerra Peixe, Raul de Barros transcrevendo melodias para o pentagrama, orquestrando, consultando métricas e melodias. Figura curiosa de gênio analfabeto em música era Lamartine Babo. Afinadíssimo já trazia tudo praticamente pronto na cabeça, mas não sabia colocar no papel, aí a turma do Nice resolvia o impasse.
A malandragem, também, corria solta no Nice. Conta-se que certa vez "o compositor Frazão, que vivia em Paquetá, fez uma melodia na travessia da barca da Cantareira e, chegando ao Rio, foi direto para o Nice e pediu ao primeiro músico que encontrou, para escrevê-la. Boêmio e disperso, saiu, em seguida, para uma pescaria com os amigos, por vários dias". Resultado, quando retornou ouviu sua melodia já gravada, em nome de outro, que comprara do tal músico. Por essas e outras é que alguns frequentadores diziam, "até as paredes do Nice têm ouvidos para roubar idéias"...
Símbolo de uma época de ouro para a Música Popular Brasileira, ponto de encontro de grandes compositores e cantores do Rio de Janeiro, o Café Nice é um capítulo da história da nossa música.
O cantor Milton Carlos, nascido em 1954, ano em que o Café Nice fechou, fez uma homenagem ao bar "Memórias do Café Nice "
Memórias do Café Nice
Osmar Frazão lembra, com a saudade gravada na voz, uma história presenciada no Café Nice:
Osmar Frazão (direita ) Orlando Silva (centro) Nadia Maria (esquerda)
"Eu era garotinho em 1944, tinha uns oito anos. Estava sentado ali, com minha família, e Francisco Alves, o Rei da Voz, pediu licença e subiu na nossa mesa. Minha mãe ficou danada da vida. Ele cantou: 'Que Rei sou eu, sem reinado, sem coroa, sem castelo e sem rainha, afinal que rei sou eu?'. Minha mãe aborrecida falou 'por que esse cara subiu nessa mesa, com tantas mesas em outros lugares?' e o meu pai disse: 'Deixa, é meu amigo, Francisco Alves, o Rei da Voz.'"
O ambiente era diversificado. Do lado de fora, haviam mesas e cadeiras de vime. Na parte interna, dois espaços diferentes: um mais sofisticado, servindo lanches, chás e bebidas finas; outro, mais popular, com a tradicional média com pão e manteiga, cafezinho e bebidas simples. Este local era o preferido dos intérpretes e compositores.
Fontes:
wikipedia.org
drzem.com.br
google.com.br
/bethcafe.blogspot.com.br
youtube.com
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