Olá, pessoal !
Hoje vamos falar do filme Orfeu Negro de Albet Camus, inspirada na peça Orfeu da Conceição de Vinicius de Moraes.
Orfeu, por sua vez, foi inspirado na mitologia grega, onde o herói se apaixona perdidamente por Eurídice, que morre tragicamente picada por uma serpente.
Orfeu viaja até o Inferno com sua lira, consegue convencer o barqueiro Caronte a levá-lo pelo rio Estige em busca de sua amada.
Lá consegue convencer o deus Hades a traze-la de volta à vida. O deus permite com uma condição, que Orfeu não olhe para o rosto de Eurídice até sair do Inferno.
Orfeu desobedece a condição, e Eurídice volta para o mundo dos mortos.
O filme é uma coprodução de França, Itália e Brasil e foi lançado em 1959. Levou a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar de melhor filme estrangeiro. Também imortalizou o Rio de Janeiro no imaginário mundial. Na trama, o motorista Orfeu cai de amores por Eurídice e desce do Olimpo da favela para o inferno do asfalto em busca de sua amada. Até o presidente Barack Obama, em visita à Cidade Maravilhosa, contou que suas primeiras impressões do Brasil vinham do filme, que ele assistiu com a mãe quando ainda era criança.
Vinicius, porém, não gostou da versão cinematográfica de sua obra. Dizia que faltava a ela "a natureza de um dos divinos músicos do morro carioca". O Poetinha teve bons motivos para não gostar do tratamento que Jacques Viot e Camus deram ao roteiro. Mas nada o teria aborrecido tanto quanto a traição à música original, por mais que a trilha sonora do filme tenha feito sucesso por todo o mundo.
Dos seis temas escritos, na primeira vez em que Tom Jobim e Vinicius trabalharam juntos, nada se aproveitou. "Se todos fossem iguais a você", primeiro êxito da dupla, nem foi lembrada. A valsa "Eurídice" também não aparece.
Vinicius e Tom Jobim Se todos fossem iguais a você
Valsa de Eurídice na voz de Mariana de Moraes (neta de Vinícius)
Vinicius & Tom fizeram três novas canções para o filme, uma delas "A felicidade", cantada na trilha por Agostinho dos Santos, a voz de Orfeu para Breno.
Breno Mello e Marpessa Dawn
Curiosamente, a canção que realmente aconteceu no cinema foi "Manhã de carnaval", cuja letra é de Antônio Maria para música de Luiz Bonfá. O samba-canção saiu da tela para ganhar o mundo como "A day in the life of a fool", "Mañana de carnaval", "Chanson d'Orphée", "Carnival" na Itália, "Wala kif" no Líbano, "Shou bkhaf" no mundo árabe, em cerca de 300 gravações.
A peça que inspirou o filme estreou em 25 de setembro de 1956, no Teatro Municipal. Embora sucesso de público e crítica, a temporada curta não foi suficiente para cobrir os gastos. A cenografia era assinada por ninguém menos do que Oscar Niemeyer. “Orfeu da Conceição” foi escrito em decassílabos, intercalados pelas canções de Tom Jobim. Mas a grande sacada de Vinicius foi enxergar alguma similaridade entre a vida nas favelas cariocas e as celebrações da Grécia antiga. Surgia aí a ideia de levar o mito grego de Orfeu para o morro. Detalhe: o elenco era inteiramente formado por 45 atores, todos negros.
Orfeu - tralier
Manhã de Carnaval - na voz de Agostinho dos Santos
Felicidade na voz de Agostinho dos Santos
Fontes:
acervo.oglobo.globo.com
google.com.br
wikipedia.org
youtube.com
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