" ...o que se poderia chamar de moralidade cotidiana exclui a angústia ética. Há angústia ética quando me considero em minha relação original com os valores. Estes, com efeito, são exigências que reclamam um fundamento. Mas fundamento que não poderia ser de modo algum o ser, pois todo valor que fundamentasse a sua natureza ideal sobre seu próprio ser deixaria por isso de ser valor e realizaria a heteronomia¹ de minha vontade. […] Daí que minha liberdade é o único fundamento dos valores e nada, absolutamente nada, justifica minha adoção dessa ou daquela escala de valores."
(¹) Sujeição à vontade do outro.
O trecho acima é do filósofo e escritor francês Jean Paul Sartre.
No trecho expõe a sua doutrina chamada de existencialismo. Onde afirma que as escolhas que fazemos durante a nossa existência é o que vai nos diferenciar de outra pessoa.
A liberdade para Sartre pressupõe responsabilidades, pois a medida em que escolhemos um caminho, mostramos que para nós, naquele momento ele é o caminho certo.
Para os filósofos adeptos dessa corrente, da qual Sartre é um dos expoentes, a essência humana é construída durante sua vivência, a partir de suas escolhas, uma vez que possui liberdade incondicional.
Em outras palavras, a corrente existencialista prega que o homem é um ser que possui toda a responsabilidade por meio de suas ações. Assim, ele granjeia durante sua vida um significado para sua existência.
Para os existencialistas, a existência humana é baseada nas angústias e no desespero. A partir da autonomia moral e existencial, fazemos escolhas na vida e traçamos caminhos e planos. Nesse caso, toda escolha implicará numa perda ou em várias, dentre muitas possibilidades que nos são postas.
Assim, para os existencialistas, a liberdade de escolha é o elemento gerador, no qual ninguém e nem nada pode ser responsável pelo seu fracasso, a não ser, você mesmo.
"Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos."
Nesse trecho Sartre reforça a tese que as escolhas são muito importantes em nossa vida, uma vez que nossas escolhas podem influenciar as escolhas de outros.
Sartre foi um intelectual de esquerda, engajado nas lutas sociais no mundo todo. Recusou o Prêmio Nobel de Literatura de 1964, por acreditar que nenhum escritor pode se transformar numa instituição.
Teve como companheira até o fim da vida a também escritora Simone de Beauvoir, com a qual tinha uma relação aberta, a ponto que nas cartas que trocavam exporem suas relações afetivas com outras pessoas.
Sartre dizia que a partir de seu nascimento o homem estava condenado a ser livre.
Essa liberdade pressupunha responsabilidade. Nem as sociedades anarquistas viviam sem responsabilidades.
Ateu, afirmava como Nietzsche, que a não existência de um deus que pudesse justificar os acontecimentos, e do destino para encobrir eventuais falhas de comportamento, então caberia somente ao homem, e a só ele a responsabilidade de suas escolhas.
Sartre fez ao Brasil a mais longa, a mais política de todas as viagens do filósofo existencialista. Jorge Amado e sua mulher, Zélia Gatai, organizaram todo o cronograma da visita. O casal francês conheceu plantações de tabaco, café e de cacau, poços de petróleo, mercados populares e cidades modernas.
Viram favelas, fazendas, vaqueiros, foram iniciados no candomblé e beberam batidas. Visitaram Recife, Bahia, Olinda, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Araraquara, Fortaleza e a Amazônia. Tiveram até direito a cocares de penas e arcos e flechas ofertados por índios. Encontraram personalidades brasileiras em todos os domínios profissionais, o arquiteto Oscar Niemeyer, o presidente Juscelino Kubitschek, o editor Rubem Braga, o pintor Di Cavalcanti, entre outros.
Com Zélia Gattai, Jorge Amado, Simone de Beauvoir, Sartre e Mãe Senhora
Em Araraquara, interior de São Paulo, participou de uma conferência organizada pelos então professores Fernando Henrique, Ruth Cardoso e Roberto Schwartz. Após assistirem à uma manifestação de estudantes, Sartre e Simone foram homenageados com um jantar oferecido pelo diretor de O Estado de S. Paulo, Júlio de Mesquita Filho, em sua fazenda em Louveira.
Seus romances mais importantes foram: L´age de raison ( A idade da razão) 1945; "La nausée" (A náusea) '1938 e "Le sursis" (sursis) 1947.
Sartre morreu em Paris em 15 de abril de 1980.
Fontes:
wikipedia.org
colunastortas.com.br
andreassisbarreto.org
todaamateria.com.br
opensadortorto.blogspot.com.br
avecdbeauvoir.wordpress.com
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