sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Olá, pessoal !

Hoje vamos continuar falando sobre o teatro de Nelson Rodrigues.

Em 1944, passou a usar o pseudônimo de Suzana Flag, escrevendo o romance "Meu destino é pecar", que foi publicada como folhetim.
Sob o mesmo pseudônimo escreveu os romances " a mentira" e o "homem proibido".

Em 1946, escreveu "Álbum de família", que falava sobre incesto, sendo censurada e só encenada vinte anos depois.

Álbum de família é uma peça que aborda personagens do teatro grego, como Édipo, Jocasta e Electra, usados como arquétipos de Freud em seus estudos de psicologia.
A peça  é um exemplo bastante característico para se analisar o conceito de perversão sob a perspectiva freudiana. Trata-se de uma família aparentemente comum e de acordo com os padrões da sociedade, formada pelo casal, seus quatro filhos e uma tia solteirona. Esta família tem seus momentos fotografados e registrados em um álbum de fotografias, o álbum de família, e nele são retratados como indivíduos bastante enquadrados nos padrões socialmente aceitos. Contudo, no seio familiar, a situação é bastante diversa e perversa. A história inicia-se com uma passagem da filha caçula, Glória, no internato no qual estuda, trocando juras de amor e beijos com uma colega de dormitório. Ambas prometem amar-se para sempre e morrer juntas, e mostram-se bastante apaixonadas. 
A peça conta a história de Glória, filha de Edmundo, que é apaixonada pelo pai, o filho é apaixonado pela mãe. Guilherme o primogênito castrou-se para não ameaçar a virgindade da irmã por quem era apaixonado.
Dona Senhorinha, a mãe é apaixonada pelo filho Nonô, que é louco e vive pelado pela fazenda.

A família vive fora da realidade social, onde se amam e se odeiam.

A crueza com que Nelson apresenta seus personagens, sem metáforas, e desprovidos dos princípios morais que regem a família.

A peça só foi liberada em 1967, tendo como atores principais; Luiz Linhares e Vanda Lacerda.


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                     Rubens Correa, Dina Sfat e Vanda Lacerda
filme baseado na peça álbum de família.



Nelson e alguns de seus irmãos e irmãs trabalharam no jornal “Última Hora”. Lá ele escreveu as crônicas de “A Vida Como Ela É”, publicadas em forma de série na coluna diária.
Em 1954 escreveu a peça “Senhora dos Afogados”, barrada pela censura. Em 1957, estreou como ator na peça “Perdoa-me Por Me Traíres”. Em 1960 sua peça “Boca de Ouro”, retratando os bastidores da reportagem policial, foi encenada nos palcos do atual Teatro Cacilda Becker.
Em 1961 a peça “O Beijo no Asfalto” alcançou grande sucesso, ficando sete meses em cartaz no Teatro Ginástico.
Nos anos seguintes estreiam as telenovelas “A Morta Sem Espelho” e “Pouco Amor Não é Amor”.
Em 1965 escreveu “Toda Nudez Será Castigada”, adaptada para o cinema e premiada no primeiro Festival de Gramado em 1973. Também conquistou o Urso de Prata no Festival de Berlim.
Em 1974 estreia a peça “Anti-Nelson Rodrigues”. Em 1978 a crônica “A Dama do Lotação” chega ao cinema, protagonizada pela atriz Sonia Braga. Escreve sua última peça, “A Serpente”.
Nelson Rodrigues escandalizou público e imprensa com seu estilo marcante, criando textos recheados de crimes e escândalos.
Após complicações cardíacas e respiratórias, faleceu no dia 21 de dezembro de 1980 no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista.

Outra peça de enorme sucesso foi "Anjo Negro" escrita em 1946, a peça abrange problemas raciais.


Conta a história de Ismael e Virgínia que velam a morte do terceiro filho do casal quando chega o irmão de criação de Ismael, Elias, que é um homem branco e cego. Ele é impedido pelo irmão de entrar. Depois do episódio, Ismael e Virgínia discutem no quarto. Virgínia é trancada, mas consegue escapar, encontra-se com Elias e os dois conversam. 


Elias revela que Ismael nunca se conformou com o fato de ser negro e ter um irmão branco. Na infância, Elias pediu ajuda para resolver um problema na vista e Ismael teria aproveitado a oportunidade para cegar o irmão. Virgínia conta que era órfã e que se casou com Ismael depois de ter sido violentada por ele, foi uma vingança armada por sua tia. O marido, então, comprou a casa em que ela morava com a tia e passou a mantê-la presa. 


Após contarem suas histórias, Virgínia e Elias têm uma relação sexual e planejam fugir. A tia chega com suas filhas e, ao ver Elias descendo as escadas, vai até o quarto. Lá ela consegue descobrir a traição e ameaça Virgínia. Ismael chega e encontra a mulher no quarto. Os dois começam uma discussão e Virgínia revela ter matado os filhos por serem negros. 


Mesmo assim, a mulher finge se interessar pelo marido e pede que tenham outro filho. A tia revela, no entanto, que o filho é de Elias. Ismael ameaça matar o filho branco de Virgínia e Elias. Então, ela corre para buscar Elias que está em outro quarto esperando-a, mas Ismael o mata com um tiro.


Dezesseis anos depois, Ana Maria, filha branca que Virgínia teve com Elias, descobre que ficou cega por causa de Ismael, que não queria que ela soubesse da sua cor. A mãe planeja fugir com a filha, mas descobre que a menina gosta de Ismael, que havia abusado dela muitas vezes. 


Depois de anos fora, a tia retorna com o corpo de sua última filha, que havia sido violentada e morta, era a única que não havida morrido virgem. Virgínia conversa com Ismael e ele confessa que ama Ana Maria. Ele diz para Virgínia ir embora, mas ela fala que a filha só gosta dele por ter sido iludida e que somente ela poderia amá-lo de verdade. Virgínia, com ciúmes, diz que a filha é apaixonada por outro homem. Ismael fica com raiva e decide trancar a menina num mausoléu para que morra. Ismael e Virgínia terminam juntos.


                                            O anjo negro






A peça teatral Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, aborda um problema que pouco era discutido no Brasil daquela época: a questão racial. O escritor resolveu escrever a peça ao perceber o forte preconceito racial na sociedade brasileira. Rodrigues identificava não apenas o preconceito do branco, mas também do próprio negro. 


Naquela época, o negro era sempre representado no teatro apenas como figurante e sempre com tom de humor. Nelson Rodrigues criou um personagem, Ismael, que tinha outro estereótipo: era médico, pertencia à elite, mas ainda assim não deixava de sofrer com a questão racial. 


O preconceito faz com que o personagem busque a inserção na sociedade a partir da negação da sua cor. Renega a sua mãe, por ser negra, e constitui família com uma mulher branca, desfrutando do dinheiro e prestígio social que sua profissão lhe trazia.

Os personagens masculinos rodriguianos geralmente são homens amargurados e traídos pelas esposas.
A pena mais comum para punir os personagens femininos era a traição.

Já a personagem feminina, normalmente é penalizada com a violência sexual.

Nelson Rodrigues, apesar dos padrões morais e conservadores que sempre regeram sua vida, não se absteve de escrever sob temas como adultério, incesto, racismo, homossexualismo, e outros temas difíceis de serem abordados na época, tanto que várias de suas peças foram censuradas.

Suas peças originaram vários filmes como : "A dama do lotação", "Os sete gatinhos", "Bonitinha mas ordinária", "beijo no asfalto" e muitos outros.



                                        A dama do lotação (música tema - Caetano Veloso- pecado original)



Os sete gatinhos 


Bonitinha, mas ordinária



Toda a nudez será castigada (Darlene Glória, Paulo César Pereio e Paulo Porto



Na época da faculdade abordamos o teatro de Nelson Rodrigues num curso de um semestre; seriam necessárias muito mais postagens para abranger o tamanho da obra e da importância de Nelson Rodrigues para o teatro no Brasil.

Espero que essa amostra aguce a curiosidade de algum leitor do blog para o maior dramaturgo brasileiro.



Fontes:
educacao.globo.com
wikipedia.org
youtube.com
infoescola.com

Um comentário:

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