Olá, pessoal !
Hoje vamos falar do livro Quarup de Antonio Callado.
Antonio Carlos Calado, Niterói 26 de janeiro de 1917 - Rio de Janeiro - 28 de janeiro de 1997, foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro. Apesar de ser formado em direito, nunca exerceu a advocacia.
Em plena Segunda Guerra Mundial, foi morar em Londres (1941-1947) onde trabalhou na BBC.
Na volta ao Brasil na década de 50, nos chamados "anos dourados" da construção de Brasilia, da Bossa Nova, do título Mundial de Futebol e do Bi-Campeonato Mundial de Basquete masculino, de Maria Ester Bueno campeã de Wimbledon.
Enfim um país que tinha tudo para dar certo, e mais uma vez foi alijado por uma elite reacionária, e inconsequente.
O livro Quarup, que é um ritual dos índios do Xingu para trazerem os mortos de volta à vida, foi escrito em 1967.
Quarup
O livro retrata o período do suicídio de Getúlio Vargas em 1954 até 1964 com o golpe militar.
A obra trata do surgimento de movimentos populares e sindicatos rurais a influência estrangeira no Brasil, os conflitos indígenas no Norte do país e a criação das ligas camponesas.
Quarup fala de Nando, um padre que vive enclausurado entre as paredes do mosteiro, alheio à realidade e ao sofrimento do povo brasileiro.
Com o tempo, Nando vai transformado o seu modo de pensar, e a entender melhor seu país.
Essa transformação reflete as próprias mudanças que o Brasil sofreu ao longo de sua história. Assim, a trajetória de Nando pode ser entendida como uma alegoria ao processo de amadurecimento por que passa o Brasil. Após abandonar o sacerdócio e se entregar ao sexo e às drogas, Nando volta a seu estado de origem, o Pernambuco, desiludido de seu projeto inicial, e junta-se à luta armada no sertão.
Essa volta às origens para um recomeço faz um paralelo com o título da obra, que significa "ressurreição" . Assim Nando passa para uma vida nova, fugindo da alienação para entender os problemas do povo brasileiro, que vivem em condições miseráveis, sem liberdade, e sujeito à exploração do grande capital.
Nando viaja para o Rio de Janeiro, e lá tem contato com uma burguesia alienada e suas festas com muita droga e bebida.
Nando começa a entrar nesses rituais e a esquecer seus principais objetivos, quando conhece Otávio, um comunista com ideais enraizados e que tira Nando dessa vida de futilidades e sem objetivos.
Ao ir para o Xingu, Nando idealiza um Brasil onde as diferenças entre o campo e a cidade pudessem ser resolvidos, bem como as diferenças sociais e de classes.
Com isso ele vai se envolvendo cada vez mais nas lutas sociais, entrando para a guerrilha que combatia o regime vigente.
Se de um lado as forças militares que governavam o país tentavam calar qualquer voz discordante, por outro lado os intelectuais e a esquerda tentavam gritar mais alto, para que seu grito não fosse abafado pela opressão.
O foco narrativo é em terceira pessoa, onde o narrador é onisciente, ou seja ele conhece todos os pensamentos e sentimentos dos personagens e os revela ao leitor, em algumas partes do livro existe o discurso indireto livre, onde o autor mistura a sua fala em terceira pessoa, com as falas do personagens.
O tempo flui de forma cronológica entre os anos de 1954 e 1964.
O livro pertence a terceira geração do Modernismo brasileiro que vai de 1945 até agora.
O livro e dividido em 7 partes: O ossuário, o éter, a maçã, a orquídea, a palavra, a praia, e o mundo de Francisca.
O livro é emblemático no sentido que mostra a transformação de Nando, antes um padre, que vivia dentro dos muros do mosteiro, seguro, mas alienado da realidade que o cercava, assim como a maioria da população brasileira da época, que não tinha a menor consciência de tudo o que acontecia no Brasil.
Viviam a suas vidas, dia após dia, com baixo salários, carestia, sem liberdade de reivindicar melhores condições de trabalho ou salários, mas conformados com o "statos quo", e esperando que um dia as coisas melhorassem, sem no entanto, nada fazer para mudar o estado das coisas.
Quando Nando deixou a batina, ele enxergou uma realidade que lhe era negada, ou que ele não queria ver.
Assim como grande parte da população brasileira.
A censura impedia que as noticiais fossem veiculadas, e as novelas, os noticiários e o futebol em emissoras engajadas com o regime se incumbiam de mostrar uma realidade enganosa e distorcida do Brasil naquela época.
O livro Quarup é muito pedido em exames do Enem e em vestibulares pelo Brasil.
Já postei nesse blog inúmeros outros livros muito pedidos nos exames.
Boa leitura a todos!
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