Hoje vamos falar da campanha vitoriosa do Brasil na Copa do Mundo de 1958, depois da decepcionante derrota para o Uruguai no Maracanã em 1950.
Feola (técnico) D.Santos, Zito, Bellini,N.Santos, Orlando, Gilmar
Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagalo, Paulo Amaral (preparador físico)
A história do primeiro título mundial da seleção brasileira é muito conhecida, vamos falar, no entanto, da preparação, das dificuldades, e dos medos que os jogadores, comissão técnica, dirigentes e torcida brasileira vivenciaram antes do embarque à Suécia e antes da estréia.
Nelson Rodrigues cunhou a frase: "O brasileiro tem complexo de vira-latas":" — Não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado?
Eis a verdade, amigos: — desde 50 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos uruguaios, na última batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar. Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos ficou dos 2 x 1. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar uma dor tão grande."
Após o Brasil chegar tão perto da conquista em 1938 na França, ficando em terceiro lugar e em 1950, vice campeão no Brasil, a desconfiança na seleção brasileira era muito grande.
Diziam que o Brasil tinha excelente jogadores, mas que na hora de decidir o estado emocional atrapalhava.
Falava-se também da desorganização do Brasil na parte administrativa e técnica.
Criou-se uma comissão chefiada pelo empresário paulista Paulo Machado de Carvalho (dono da TV Record - canal 7 de São Paulo).
A equipe contava além de equipe médica, de preparador físico e massagistas, dentista e também de um psicólogo, algo inédito na época.
Psicólogo não ganha jogo, mas foi só quando contou com um profissional da área que o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo, em 1958, acabando com seu complexo de 'vira-lata' no futebol.
O psicólogo João Carvalhaes, tinha como missão preparar os jogadores para resistir às pressões sobre derrotas passadas e a cobrança de serem campeões mundiais.
João Carvalhaes entre Pelé e Mazzola
“Dizem que o Feola não gostava do Garrincha porque antes da Copa fizemos um amistoso contra a Fiorentina, em Firenze, era a despedida do Julinho. Ele driblou a defesa adversária toda, inclusive o goleiro, e ainda, achando pouco, ao invés de fazer o gol, voltou driblando todo mundo de novo". (Nilton Santos).
"Teve até um beque deles que vinha na corrida e, sem esperar, foi driblado pela ginga de corpo do Mané, acabando por se arrebentar contra a trave. Só depois de fazer um carnaval com os italianos, Garrincha resolveu afundar-se na rede com bola e tudo." Diziam que a Comissão o achou irresponsável, comentavam, inclusive, que ‘futebol é coisa séria e esse rapaz não joga com seriedade’, por isso, não queriam escalá-lo.
Paulo Amaral (preparador físico) contestou a Comissão, já que conhecia o Mané do Botafogo. E tentou explicar o fenômeno Garrincha, dizendo que ele não fazia aquilo por deboche. Era o jeito dele de jogar futebol. Mas, mesmo assim, não foi ouvido.
Nos testes psicológicos o professor Carvalhaes, disse que Garrincha não tinha condições intelectuais de jogar na seleção brasileira.
Garrincha vivia no mundo dele, ele absolutamente não se preocupava com nada que não fosse entrar em campo e jogar bola.
Nilt0n Santos conta numa entrevista que conversou muito com o psicólogo na época:
"Eu conversava muito com o professor, explicava que o Mané só sabia jogar futebol e estava ali, na Suécia, para isso. Não tinha jeito de convencê-lo, porque, em compensação, de futebol o professor não entendia nada. Quando era dia de teste, eu tinha sempre a preocupação de ir antes do Garrincha para ver como era, depois transmitir a ele.
Um desses testes, era você desenhar um boneco, dar vida a ele, contando uma história. Eu sai e disse para o Mané: ‘Olha, você vai desenhar um boneco qualquer e vai contar uma história dele. Como você é caçador, não terá problemas. Inventa que ele está caçando, pegou um bicho, enfim, vai lá e faz direitinho’. Dei as dicas e fiquei torcendo do lado de fora da porta.
Quarentinha |
O Garrincha foi, desenhou um boneco ‘tipo criança de primário’, com uma cabeça enorme e troncos menores, todo desproporcional. Quando o Carvalhaes perguntou: ‘Quem é esse boneco? Dê vida a ele’, Mané olhou, olhou e falou: ‘Êh, parece o Quarentinha!’. Este era um jogador do Botafogo que tinha a cabeça muito grande. O professor saiu e disse para mim: ‘É Nilton, não tem jeito, o homem é horrível, não passar nunca e não posso liberá-lo para a escalação’."
No primeiro jogo do Garrincha contra a Rússia, nos dois primeiros ele não jogou ; contra a Austria (Brasil 3x0) e com a Inglaterra (0x0), Nilton Santos foi que contou para o Garrincha que ele iria jogar.
Para Garrincha, todos os seus marcadores se chamavam "João". Essa era a forma descontraída que ele tratava a importância das partidas; depois ele jamais iria decorar os nomes estrangeiros dos marcadores russo, franceses e suecos.
Para Garrincha, todos os seus marcadores se chamavam "João". Essa era a forma descontraída que ele tratava a importância das partidas; depois ele jamais iria decorar os nomes estrangeiros dos marcadores russo, franceses e suecos.
Diante da tensão que antecedia a partida, com os jogadores perfilados para o Hino Brasileiro, Garricha ficava brincando "Ué o seo Carlito veio ? " "Do que você está falando ?" disse Nilton Santos. "Olha, Nilton o bandeirinha careca é a cara do Seo Carlito" (Carlito Rocha foi dirigente e presidente do Botafogo, naquela época).
O Brasil venceu por 2x0 dois gols de Vavá.
O goleiro da URSS era o lendário Yaschin ( o aranha negra)
A seguir o Brasil venceu nas quartas de finais o Pais de Gale por 1x0 gol de Pelé (o primeiro gol de Pelé em Copas do Mundo)
Na semifinal venceu a França, que tinha um excelente time por 5x2 (dois de Vavá, um de Didi e dois de Pelé)
E na final vencemos a Suécia por 5x2 (Vavá dois, Pelé dois e Zagallo)
Primeiro gol de Vavá
narração de Pedro Luís e Edson Leite
reparem como o som às vezes some, era comum nas transmissões da época
Uma curiosidade da Copa, centroavante Altafini (Mazzola) que marcou dois gols na vitória sobre a Áustria no primeiro jogo, e perdeu a posição para o Vavá, devido a sua origem italiana, e por jogar na Itália, disputou a Copa de 62 no Chile pela seleção italiana.
Mazzola
Hoje isso não seria possível.
Na época eu tinha 4 anos, e a única coisa que me lembro foi da quantidade de balões nos céus de São Paulo, era dia 29 de junho de 1958, dia de São Pedro.
Meu saudoso tio Osvaldo, fez um balão com as cores do Brasil e colou nele as fotos coloridas dos jogadores do Brasil, recortadas do Jornal "A Gazeta Esportiva", as fotos coloridas eram uma novidade na época.
Fontes:
wikipedia.org
espn.uol.com.br
literaturanaarquibancada.com
releituras.com
youtube.com
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