sexta-feira, 30 de julho de 2021

 



Sempre ouvimos falar em Reino Unido, Grã Bretanha, Inglaterra. Alguns pensam se tratar da mesma coisa, mas não é.

No mapa acima, vemos duas grandes ilhas; uma à direita, que chamamos de Grã Bretanha e a outra à esquerda  a qual chamamos de Irlanda, essa dividida entre Irlanda do Norte, que pertence ao Reino Unido e a República Democrática da Irlanda, um país independente.

A Grã Bretanha é o conjunto de ilhas que formam os quatro países do Reino Unido (Inglaterra - capital Londres; Escócia, capital Edimburgo; País de Gales, capital Gardiff; e Irlanda do Norte cuja capital é Belfast, de maioria protestante). Já a República Democrática da Irlanda, capital Dublin,  está na Grã Bretanha, mas não faz parte do Reino Unido. Sua população é de maioria católica.




A rainha Elizabeth é chefe de Estado do Reino Unido e outros 15 países: Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, São Cristóvão  e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu. Todos estes territórios estiveram sob mandato do Reino Unido.  

No entanto, somente Escócia, Gales, Inglaterra e Irlanda do Norte fazem parte do Reino Unido têm certa independência, mas seguem as leis aprovadas  pelo Parlamento Britânico.

Bandeiras:



Bandeira do País de Gales

Como podemos notar a bandeira do Reino Unido é uma junção entre as bandeiras da Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte. O dragão do país de Gales ficou de fora.




Fontes:
wikipedia.org
google.com
estudarfora.org.br
infopedia.pt
novaescola.org.br
veja.abril.com.br







quinta-feira, 29 de julho de 2021

No dia 29 de junho de 1846 nascia, no Rio de Janeiro, a princesa Isabel, uma das mulheres de grande destaque na história do Brasil. 




Conhecida pela sua luta pelo fim da escravidão no Brasil, ela decretou, no dia 13 de maio de 1888, por meio da Lei Áurea, o fim do trabalho escravo no país.

Filha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina, com 4 anos foi declarada “princesa imperial e herdeira do trono”, após a morte de seus irmãos mais velhos Afonso Pedro (1845-1846) e Pedro Afonso 1848-1850). Sua irmã mais nova, Princesa Leopoldina (1847-1871) foi sua grande amiga.




Em 1860, teve início as sondagens para contratar o casamento da Princesa Isabel e de sua irmã, a princesa Leopoldina com príncipes europeus. Em 1864 chegaram os primos Gastão de Orleans, o Conde D'Eu e Augusto de Saxe, netos do rei Luís Filipe da França.

Dom Pedro desejava casar Isabel com Augusto, mas segundo ela, seu coração escolheu o Conde D’Eu. Em 15 de outubro de 1864 foi realizado o casamento da Princesa Isabel com o príncipe Gastão de Orléans.

O cortejo saiu do Palácio São Cristóvão, e seguiu para a capela do Paço Imperial onde foi realizada a cerimônia. O casal passou a residir no bairro carioca das Laranjeiras (no atual Palácio Guanabara) e passava o verão em Petrópolis.

A princesa Isabel e o Conde D’Eu tiveram quatro filhos: Luísa Vitória (nascida morta), Pedro de Alcântara, príncipe do Grão-Pará (1875-1940), Luís Maria Filipe (1878-1920) e Antônio Gastão Francisco (1881-1918).





Milhões de escravos foram libertados após mais de três séculos de uso desse tipo de mão de obra. Por ter acabado com a escravidão no Brasil , que atingiu 12 milhões de africanos, o papa João XIII ofereceu à princesa a comenda da Rosa de Ouro. Anos antes, ela já tinha sancionado a Lei do Ventre Livre, no dia 28 de setembro de 1871, que deu um passo fundamental para a extinção da escravidão. Por esta lei, todos os filhos de escravos nasciam livres.



A princesa Isabel foi regente do Império em três ocasiões, sempre durante viagens do imperador Dom Pedro 2º para a Europa. Fato raro na época, a princesa Isabel só teve o seu primeiro filho, Pedro de Alcântara, 11 anos após seu casamento, em 1864, com Gastão de Orléans, o conde d Eu. Depois, nasceram outros dois filhos: Luiz Maria Felipe e Antônio Gusmão Francisco. Com a proclamação da República, em 1889, a família real deixou o Brasil para se exilar na Europa. A princesa Isabel viveu os seus últimos dias em Paris, com grandes dificuldades de locomoção no final de sua vida. Um curiosidade é o tamanho do seu nome completo: Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon d Orléans. A princesa morreu morreu no dia 14 de novembro de 1921, durante seu exílio na Europa, na cidade francesa de Eu.



Fontes:
history.uol.com.br
ebiografiacom
google.com

terça-feira, 27 de julho de 2021

 A saga de jacaré e a jangada São Pedro.


Manuel Olímpio Meira

A vida dos pescadores artesanais, que se aventuram no mar em busca de seu sustento e de sua família, é uma luta arriscada e perigosa, e muito mal remunerada.

Nascido em 25 de dezembro de 1903, no Rio Grande do Norte, Manuel se estabeleceu na praia de Iracema no Ceará, onde junto com outros pescadores formaram uma associação para reivindicar melhores condições de trabalho e ganhos.


Praia de Iracema



Inteligente, mas iletrado, curioso pelas coisas da vida, uma de sua primeiras medidas, depois de assumir a presidência da colônia Z1, foi inscrever-se no curso de alfabetização que ali havia.


Revoltado com as condições dos pescadores, queria aprender a ler e escrever para ir ao Rio de Janeiro reclamar com o ditador Getúlio Vargas. Assim começou a saga de Jacaré e a jangada São Pedro. Ele já ouvira falar nas novas leis trabalhistas, o salário mínimo, etc, e queria incorporar os benefícios também aos pescadores cearenses.


Naquela época as jangadas não eram dos pescadores, pobres demais para construí-las. Tinham um dono que ficava com 50% do resultado da pesca. O resto era dividido entre os quatro membros da tripulação. “A madeira da embarcação custava caro, era importada do Pará (a piúba do Nordeste já estava quase extinta), o que encarecia sua construção. Jacaré, em suas declarações aos jornalistas, enfatizou que, no caso da São Pedro, adquirida por 1:640$000, o gasto com a importação da madeira representava 1:100$000. Com o abusivo preço, demonstrava a impossibilidade dos próprios jangadeiros as possuírem, ficando subordinados aos proprietários.”

Os Diários Associados, de Chateaubriand, fizeram uma subscrição e conseguiram arrecadar o dinheiro para a construção. Através de sua cadeia de rádios e jornais, Chateaubriand, com seu faro jornalístico, ‘sentiu o apelo’ daquela aventura. Pediu ampla cobertura a seus veículos em cada parada da jornada. O Brasil começa a saber da ousada travessia. Estava tudo pronto para a partida. Faltava a tripulação.

Mestre Manoel Olimpio de Meira, o Jacaré, Mestre Jerônimo, Tatá, e Mané Preto.



Para comandar a São Pedro, Jacaré chamou Mestre Jerônimo, 35 anos, um notório mestre, Tatá, o mais velho, tinha 52, pescava desde oito, e também atuava como mestre. Manuel Preto, 39; desde os 6 anos iniciado na pesca, foi outro escolhido. Por fim, Jacaré, que estava com 38 anos, e era proeiro; o único não cearense de raiz, mas o mais politizado, e idealizador do projeto.

Em setembro de 1941, junto com Jerônimo; Tatá e Manuel Preto, tendo construído potente jangada, enfrentaram a maior aventura marítima que o país já presenciou: rumaram ao Rio de Janeiro, onde chegaram após 46 dias de viagem, enfrentando as maiores adversidades, para expor ao Presidente Getúlio Vargas as precárias condições de vida da classe. 



Na época foi preciso obter autorização para a viagem, que recebeu apoio do jornalista Austregésilo de Athayde que escreveu uma matéria apaixonada intitulada "Deixem vir os jangadeiros".


A edição de 08/12/1941 da Revista Time publicou o fato, por meio de um artigo intitulado "Four Men on a Raft" (Quatro Homens numa Jangada), publicado (8/12/1941), a revista Time reproduziu toda a odisseia dos heroicos brasileiros.

Em 18 de dezembro de 1941, foi editado o Decreto-Lei nº 3.832, que concedeu aos pescadores artesanais direitos trabalhistas e à aposentadoria.

Em 1942, o cineasta norte-americano Orson Welles veio ao Brasil fazer um filme com a história dos pescadores. Infelizmente, durante as filmagens, Manuel Jacaré caiu da jangada e seu corpo desapareceu no mar, razão pela qual o filme nunca foi concluído.








Foram delirantemente recebidos pelo povo e pelas autoridades. Jacaré, o mais instruído do grupo, deu entrevistas a jornais e rádios. A jangada foi exposta na Cinelândia, depois de monumental desfile pela Avenida Rio Branco. Jacaré, que também fazia poesia, escreveu um diário de bordo; os heróis voltaram a Fortaleza e sua aventura, que alcançara dimensão internacional, despertou o interesse de Orson Welles, o grande cineasta americano, que veio ao Brasil realizar o que seria o seu grande filme “It's All True” (Tudo é Verdade); quando realizava filmagens na Barra da Tijuca, acidente jamais explicado vitimou o heroico jangadeiro, que morreu tragado pelas ondas do mar no dia 19 de maio de 1942. São desencontradas até hoje as versões do caso, que nem mesmo seus companheiros conseguiram explicar.

Orson Welles durante a filmagem.




Fontes:
marsemfim.com.br
historia.uff.br
google.com
portal.ceara.pro.br
wikipedia.org


segunda-feira, 26 de julho de 2021

Vamos falar da peça do dramaturgo português Gil Vicente; "O velho da horta.


Gil Vicente



Gil Vicente foi um dramaturgo português (1465-1536) considerado o fundador do teatro em Portugal. Escreveu vários autos ( peças de cunho religioso) e farsas (comédias do cotidiano e críticas sobre a moral da sociedade portuguesa).

Viveu a fase do Renascentismo português, e é considerado um dos maiores da literatura portuguesa.





O Velho da Horta é uma peça de enredo, na qual se desenvolve uma ação contínua e encadeada, em torno de um episódio extraído da vida real, ou em torno de uma série de episódios envolvendo uma personagem central, ou articulando uma ação dramática homogênea e completamente desenvolvida, com um travejamento mais complexo, com começo, meio e fim.

Gil Vicente é um criador de tipos. A linguagem do Velho é um arremedo da poesia palaciana. A linguagem da Moça é zombeteira e se contrapõe à do velho. A obra é uma peça de teatro escrita em versos.




VELHO

Pater noster criador, Qui es in coelis, poderoso, Santificetur, Senhor, nomen tuum vencedor, nos céu e terra piedoso. Adveniat a tua graça, regnum tuum sem mais guerra; voluntas tua se faça sicut in coelo et in terra. Panem nostrum, que comemos, cotidianum teu é; escusá-lo não podemos; inda que o não mereceremos tu da nobis. Senhor, debita nossos errores, sicut et nos, por teu amor, dimittius qualquer error, aos nosso devedores. Et ne nos, Deus, te pedimos, inducas, por nenhum modo, in tentationem caímos porque fracos nos sentimos formados de triste lodo. Sed libera nossa fraqueza, nos a malo nesta vida; Amen, por tua grandeza, e nos livre tua alteza da tristeza sem medida.
Entra a MOÇA na horta e diz o VELHO: Senhora, benza-vos Deus,

MOÇA: Deus vos mantenha, senhor.

VELHO: Onde se criou tal flor? Eu diria que nos céus. 

MOÇA: Mas no chão.

VELHO: Pois damas se acharão que não são vosso sapato!




O argumento gira em torno das desventuras de um homem já entrado nos anos e seu frustrado amor por uma jovem que vem à sua horta comprar verduras. Por meio do diálogo entre o velho e a jovem, Gil Vicente capta a crueza de uma situação que oscila entre o ridículo e o ilusório. O Velho apaixonado deixa-se levar por um amor imprudente e obcecado; a Moça, motivo dos sonhos do Velho, é irônica, sarcástica e retribui as declarações de amor com zombarias.

A cena inicial é marcada pela tentativa de conquista e o diálogo se dá entre o lirismo enamorado do Velho e os ditos zombeteiros da Moça. Em seguida, entra em cena uma alcoviteira que oferece seus préstimos profissionais para garantir ao Velho a posse da amada. Mediante promessas de que o êxito está próximo, a mulher extorque toda a riqueza do Velho. Finalmente, entra em cena a Justiça que prende a alcoviteira, mas retira do Velho a esperança de ver realizado tão louco amor. No final, vem a notícia de que a jovem que motivou tão tresloucada paixão casou-se.

VELHO: Tão depressa vinde vós, minha condensa, meu amor, meu coração!

MOÇA: Jesus! Jesus! Que coisa é essa? E que prática tão avessa da razão!

VELHO: Falai, falai doutra maneira! Mandai-me dar a hortaliça. Grão fogo de amor me atiça, ó minha alma verdadeira!

MOÇA: E essa tosse? Amores de sobre posse serão os da vossa idade; o tempo vos tirou a posse.

VELHO:  Mas amo que se moço fosse com a metade. 

MOÇA: E qual será a desastrada que atende vosso amor?

VELHO: Oh! minha alma e minha dor, quem vos tivesse furtada!

MOÇA: Que prazer! Quem vos isso ouvir dizer cuidará que estais vivo, ou que estai para viver!

VELHO:  Vivo não no quero ser, mas cativo


Fontes:

mundovestibular.com.br
dominiopublico.gov.br
ebiografia.com


segunda-feira, 19 de julho de 2021



O jornalista e geógrafo  Mouzar Benedito, nos conta algumas expressões populares que ficaram famosas no Brasil.


Uma delas se originou com a história de um português muito esperto que veio para o Rio de Janeiro. Sem dinheiro, ele dizia que era sobrinho de um bispo que seria mandado de Portugal para cá.

Assim, ele conseguia a simpatia e, mais que isso, favores e crédito para comprar fiado o que quisesse, além de pegar dinheiro emprestado com gente que esperava cair nas boas graças do bispo, quando ele chegasse ao Rio de Janeiro. Mas o sujeito não era sobrinho de religioso nenhum. Esse tipo de golpe ficou conhecido como “conto do vigário”. E dele surgiu o termo vigarista.







Outra versão, diz que essa história aconteceu no século XVIII na cidade de Ouro Preto entre duas paróquias: a de Pilar e a da Conceição que queriam a mesma imagem de Nossa Senhora. Um dos vigários propôs que amarrassem a imagem da santa no burro ali presente e o colocasse entre as duas igrejas. A igreja que o burro tomasse direção ficaria com a santa. Acontece que, o burro era do vigário da igreja de Pilar e foi para lá que o burro andou deixando o vigário vigarista com a imagem.






Termino com uma expressão que teve origem com um nobre francês muito pão-duro e mau. Só que essa expressão não se espalhou pelo Brasil, ficou restrita ao Rio de Janeiro. Cortiços, como quase todo mundo sabe, são moradias coletivas precárias, com famílias se acomodando em apenas um cômodo. Mas no Rio de Janeiro cortiço é também chamado de cabeça-de-porco. Por que isso?


Conde D´Eu


O Conde D’Eu, marido da Princesa Isabel, era um sujeito muito ruim e aproveitador. Maltratava muita gente.
Ganancioso, ele tornou-se dono de um grande cortiço em que moravam centenas de pessoas. Em cima do portal de entrada desse cortiço havia a escultura metálica de uma cabeça de porco.



Cabeça de Porco era um famoso e vasto cortiço no centro do Rio de Janeiro, perto de onde está, hoje, o túnel João Ricardo.

Daí, dizia-se que o pessoal dali morava no “cabeça-de-porco”, e logo a expressão virou sinônimo de cortiço.

Pois é, morador de palácio muitas vezes é explorador de pobres que não têm onde morar. Isso não faz lembrar de alguns moradores de palácios que temos no Brasil nos dias de hoje?


Fontes:
brasildefato.com.br
rio-curioso.blogspot.com
google.com
startupi.com.br

domingo, 18 de julho de 2021

Uma frase que era muito comum ao designar que uma coisa era antiga era : Isso é do "tempo do onça."



Hoje em dia quase não é usada ou conhecida, porque é do tempo do onça.

Um cantor famoso no passado gravou uma valsa com esse nome. O nome dele era Carlos Galhardo.


Carlos Galhardo


Mas vamos a explicação da expressão:


Vocês já ouviram falar de um tal de Luís Vahia Monteiro?




Muito provavelmente, não. Ele começou a governar o Rio de Janeiro em 1725, era muito brabo e encrenqueiro. Arrumou encrenca com todo mundo, desde os vereadores até os religiosos da cidade. Por causa disso, pegou apelido de Onça. E é por causa dele que a gente diz que é “do tempo do onça” alguma coisa que aconteceu há muito tempo e não deixou saudade.


Luís Vahia Monteiro foi empossado governador da capitania do Rio de Janeiro em 10 de maio de 1724, sucedendo a Aires de Saldanha. Coronel de infantaria em Portugal, ele vinha para deixar seu nome registrado na História do Brasil apenas por ser honesto e rigorosíssimo no cumprimento da Lei. A simpatia com que foi recebido pelas autoridades logo se transformou em desconfiança quando começou a contrariar interesses dos vereadores. Durante seus sete anos de governo, receberia o ódio dos poderosos e a confiança da população.

Luís Vahia Monteiro restaurou as fortificações da cidade, abalada pelas invasões francesas de 1710 e 1711, organizou a arrecadação e o emprego eficiente dos recursos da Fazenda Real e realizou uma devassa no transporte de ouro de Minas Gerais ao Rio de Janeiro.

Mas o que fez realmente o governador cair nas graças do povo foi a sua posição diante da crescente insegurança nas ruas. Luís Vahia Monteiro "tomou imediatas providências no sentido de livrar a cidade da malta de malandros, desordeiros e jogadores, não poupando os que, de qualquer forma, perturbavam a vida social e o sossego dos lares. Com os ladrões então era de severidade implacável" (O Rio de Janeiro no tempo do Onça, Alexandre Passos).


Rio de Janeiro século XVIII




Consta também que era extremamente severo com os poderosos, incluindo aí vereadores, jesuítas, ouvidor, juiz de fora, o que lhe valeu um grande desgaste, pois "não raro as autoridades contavam com as boas graças dos protetores da metrópole" (O Rio de Janeiro no tempo do Onça, Alexandre Passos).

Como a onça era o animal mais temido na época, principalmente por causa dos ataques aos bandeirantes e aos que se aventuravam nas florestas em busca do ouro nas Minas Gerais, este foi o apelido de Luís Vahia Monteiro, tal o medo que bandidos de toda espécie, de poderosos a pé-rapados, tinham dele. Daí veio a expressão "No tempo do Onca", uma das mais conhecidas do imaginário popular e que até hoje, quase três séculos depois, ainda é citada.

Perseguido politicamente, Luís Vahia Monteiro acabou afastado do poder pela Câmara em 1732, já em estado de saúde precário, sofrendo de constantes crises epiléticas. Foi substituído pelo mestre de campo Manuel de Freitas da Fonseca e morreu no mesmo ano.

Sua frase escrita numa carta ao rei D. João V entraria para a História como uma confissão de honestidade: "Senhor, nesta terra todos roubam. Só eu não roubo."

Como vemos desde o século XVIII o Brasil tem seus paladinos da justiça da mora e dos bons costumes, que lutam contra os maus e os corruptos e que são extremamente "honestos"




Fontes:
brasildefato.com.br
youtube.com
google.com
saibahistoria.blogspot.com

sábado, 17 de julho de 2021

 





No dia 17 de julho de 2007 acontecia, até então, o pior acidente aéreo da história brasileira. Trata-se da tragédia com o Airbus A-320 da TAM, que fazia o voo 3054, procedente de Porto Alegre e com destino ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Neste dia, o avião não conseguiu diminuir a velocidade ao pousar e se chocou contra um depósito de cargas da própria TAM, localizado na cabeceira da pista, no lado oposto da avenida Washington Luís. Todas as 187 pessoas a bordo do avião assim como outras 12 no solo morreram no acidente.




Em 17 de julho de 2007, o voo JJ 3054 - que partiu do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, com destino a Congonhas - era operado pelo Airbus A320-233 de prefixo PR-MBK.





Fazia quatro dias que a aeronave voava sem um dos reversores, mecanismo que inverte o fluxo de ar nas turbinas e ajuda na frenagem do avião.


Nesses casos, os pilotos, próximos de tocar em solo, devem reduzir os manetes da posição equivalente a "aceleração" para "ponto morto".




Em seguida, já no chão, puxam os manetes dos dois motores para "reverso" (ignorando que um deles está desabilitado). O procedimento aciona automaticamente os spoilers (flaps que se abrem no pouso "empurrando" o avião para baixo) e os autobrakes (freios).


Num dia normal, voar com um reverso inoperante - ou "pinado", no jargão dos aviadores - não chegaria a ser um grande problema. Mas aquele estava longe de ser um dia normal.


À época, o Brasil vivia um "apagão aéreo". A crise era um desdobramento do protesto dos controladores de voo contra a infraestrutura de serviço, gerando atrasos, cancelamentos e desgastando os funcionários física e psicologicamente.

Era uma época também que devido ao crescimento da economia brasileira e o consequente crescimento do poder aquisitivo das chamadas classes C e D, pessoas que nunca tinham sonhado em viajar de avião, agora viajavam. Isso colapsou o sistema aéreo que não estava preparado para o aumento de demanda.





Era um caos. Como se não bastasse, os funcionários da TAM relatavam uma pressão informal da companhia para que planos de voo fossem rigorosamente cumpridos. Os pilotos eram incentivados a não arremeter nem voar para aeroportos alternativos - pelo custo e pelo efeito cascata que isso gerava na malha aérea.


Fontes:
history.uol.com.br
wikipedia.org
bbc.com
google.com

sexta-feira, 16 de julho de 2021



"Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pôs a latir desesperadamente.

Ouvindo o tiro e os latidos, sinhá Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama, chorando alto. Fabiano recolheu-se.

E Baleia fugiu precipitada, rodeou o barreiro, entrou no quintalzinho da esquerda, passou rente aos craveiros e às panelas de losna, meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio, correndo em três pés. Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se aí um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.

Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda.

Encaminhou-se aos juazeiros. Sob a raiz de um deles havia uma barroca macia e funda. Gostava de espojar-se ali: cobria-se de poeira, evitava as moscas e os mosquitos, e quando se levantava, tinha folhas secas e gravetos colados às feridas, era um bicho diferente dos outros.

Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto às pedras onde os meninos jogavam cobras mortas.

Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão. Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis. (…)

Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera.

Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.

Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.

Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo. (…)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes."


Acima um dos capítulos mais tristes da Literatura Brasileira, Vidas Secas de Graciliano Ramos, a morte da Baleia. 


A Baleia é a cadela que curiosamente tem um nome, e faz referência a um animal aquático, ou seja, uma baleia, em contraste com a seca. Ela é muito adorada pelos meninos e no decorrer da história adoece e por fim, morre. Interessante notar que a baleia é considerada um ser humano.



“Vidas Secas“, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.



Graciliano Ramos (1892-1953) foi um escritor brasileiro. O romance "Vidas Secas" foi sua obra de maior destaque. É considerado o melhor ficcionista do Modernismo e o prosador mais importante da Segunda Fase do Modernismo.

Suas obras embora tratem de problemas sociais do Nordeste brasileiro, apresentam uma visão crítica das relações humanas, que as tornam de interesse universal.

Seus livros foram traduzidos para vários países e Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere, foram levados para o cinema. Recebeu o Prêmio da Fundação William Faulkner, dos Estados Unidos, pela obra "Vidas Secas".

A obra é narrada em terceira pessoa e conta a saga da família de Fabiano, um retirante da seca que busca condições de vida mais dignas para ele e sua família.




Vidas Secas é um profundo retrato da sociedade brasileira, sobretudo de seus problemas sociais.

Dessa forma, Graciliano traça uma crítica social retratando as dificuldades encontradas por uma família pobre de retirantes. Eles tem de conviver constantemente com a miséria e a seca que assola o sertão nordestino.

Fabiano e Sinhá Vitória é um casal simples que possuem dois filhos: o mais novo e o mais velho. Dos filhos, nenhum nome é mencionado durante toda a estória. Mesmo convivendo constantemente com a miséria, ele são crianças que possuem sonhos. O mais velho é muito curioso, e o mais novo anseia por fazer algo importante, para que todos fiquem orgulhoso dele.



Vale lembrar que a obra muitas vezes não possui diálogos. Fabiano, deveras ignorante, tem dificuldade de se expressar e prefere ficar quieto. Sua mulher, Sinhá Vitória, é uma lutadora que busca melhorar a situação, sendo menos ignorante que seu marido, que a admira muito.

Quando a família encontra um lugar para descansar do sol escaldante, se deparam com o dono da terra, que será o patrão de Fabiano.

Ele permanece no local com sua família, trabalhado como vaqueiro na fazenda. Fabiano é preso injustamente pelo soldado amarelo, momento em que reflete sobre sua vida e sua condição.

O romance é repleto de pequenas felicidades dentro da família de retirantes. No entanto, os problemas sociais e animalização das personagens permeiam toda obra.





Além disso, o sonho do sofrimento acabar, permanece em todos, na esperança de encontrar melhores oportunidades.

Note que o último capítulo “Fuga” aponta que a seca vem novamente assolar a região, com o verão que se aproxima. Assim, se inicia uma nova fuga sendo a mesma do início: a fuga da seca.

O drama retrata grande parte da sociedade esquecida nos sertões do Brasil, que lutam todos os dias pela sobrevivência e pela água, fonte de vida e conforto. 




O problema da falta d´água no Nordeste brasileiros sempre esteve ao lado dos grandes latifundiários que lucram com a miséria dos retirantes.

No período de 2003 até 2014, algumas ações governamentais foram feitas, como açudes, caçambas e a transposição do Rio São Francisco, para minimizar o sofrimento daqueles brasileiros.


Fontes:
guiadoestudante.abril.com.br
todamateria.com.br
google.com
todaprosa.com.br
ebiografia.com





terça-feira, 13 de julho de 2021

 Hemingway em Cuba.



Vamos falar  hoje da época  em que o escritor norte-americano  Ernest Hemingway viveu na ilha de Cuba, tendo como a  principal fonte de pesquisa o livro do escritor Norberto Fuentes com tradução para o português de Eric Nepomuceno da L&PM Editores - Porto Alegre.


Finca La Fígia


Esse livro contém prólogo de Gabriel Garcia Márquez. Ele conta     que a primeira vez que Hemingway chegou à Havana foi em abril de 1928, a bordo do vapor inglês Orita.





Hemngway tinha vivido na Europa, durante a primeira Guerra Mundial, na França e depois na Espanha, onde se apaixona por touradas, visita Pamplona, e escreve seu primeiro romance "O sol também se levanta" "The sun also rise" em 1926.


Foi em Havana que ele escreveu seus livros mais famosos: Por quem os sinos dobram, Adeus às Armas e  o Velho e o mar.


A primeira viagem à Havana em 1929 foi em companhia de sua recente esposa Pauline Pfeiffer com  quem teve dois filhos.




Já na década de 1930, resolveu partir com o amigo para uma pescaria. Dois dias em alto-mar que terminaram em Havana, capital cubana, para onde passou a voltar anualmente na época da pesca ao marlim (entre os meses de maio e julho). Na cidade, hospedava-se no Hotel Ambos Mundos, em plena Habana Vieja, bairro mais antigo da cidade, que se tornou o lar do escritor e o cenário que comporia sua história e a da própria ilha pelos próximos 23 anos. Duas décadas de turbulências que teriam, como desfechos, a revolução socialista e o suicídio do escritor.






Em Cuba, o escritor se apaixonou por Jane Mason, que era casada com o diretor de operações da Pan American Airways. Hemingway e Jane se tornaram amantes. Em 1936, novamente se apaixonou: desta feita pela destemida jornalista Martha Gelhorn, motivo do segundo divórcio, confirmando o que predissera seu amigo, Scott Fitzgerald, quando eles se conheceram em Paris: "Você vai precisar de uma mulher a cada livro". Assim, Hemingway partiu para a Espanha, onde Martha já estava, e, em meio à guerra, os dois viveram um romance que resultou no seu terceiro casamento. 


Durante a Segunda Guerra Mundial, moravas em Cuba com Martha Gelhorn, transformou seu barco "Pilar" em caça submarinos alemães, atuando contra os nazistas. 


Em Cuba frequentava bares e festas, dentre eles o Floridita, onde criou o dringue "daikiri"


Hemingway viveu em Havana durante três décadas, antes da eclosão da Revolução liderada por Fidel Castro, em 1959. Lá ele tinha seu bar favorito, La Floridita. A 25 quilômetros da capital cubana, em San Francisco de Paula, ficava sua casa, a famosa Finca Vigía, agora um museu. No entanto, o escritor teve de abandonar a ilha em julho de 1960, um ano e meio depois da vitória da Revolução, devido às tensas relações diplomáticas entre o Governo de Washington e o cubano.

O filme "Papa" de 2016 de Bob Yari, conta a história do escitor em Cuba.

Papa - 2016

Hemingway tinha problemas com o álcool e a depressão. 
Na manhã de 2 de julho de 1961, em Ketchum,  em Idaho, tomou um fuzil de caça e disparou contra si mesmo. Encontra-se sepultado no Cemitério de Ketchum, em Ketchum, no Condado de Blaine em Idaho nos Estados Unidos.



Fontes:
wikipedia.org
google.com
youtube.com
adorocinema.com
brasil.elpais.com
terra.com.br
Hemingway em Cuba - Fuentes, Norberto - L&MP Editores S/A

segunda-feira, 12 de julho de 2021



Em 1917, o grande poeta Manuel Bandeira publica seu primeiro livro "A Cinza das Horas".




O livro é marcado pelo tom fúnebre, e traz poemas parnasiano-simbolistas. São poesias compostas durante o período de sua doença. Do ano em que o poeta adoece até 1917, quando publica A Cinza das Horas, é que se daria a etapa decisiva e a inusitada gestação de um dos maiores escritores da língua portuguesa.

Segundo ele próprio, Manuel Bandeira, quando publica esse livro não tinha a intenção de começar carreira literária: “desejava apenas dar-me a ilusão de não viver inteiramente ocioso”.
O eu-lírico vivencia o ato de morrer à medida que (des)escreve
sua agonia em seus versos que são seu sangue.


EPÍGRAFE

Sou bem-nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis.

Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,
Levou tudo de vencida,
Rugia e como um furacão,



Turbou, partiu, abateu,
Queimou sem razão nem dó –
Ah, que dor!
Magoado e só,
– Só! – meu coração ardeu:

Ardeu em gritos dementes
Na sua paixão sombria…
E dessas horas ardentes
Ficou esta cinza fria.
– Esta pouca cinza fria.


Os poemas mais tocados pela tristeza foram escritos no sanatório de Clavadel, na Suíça, onde o jovem esteve em 1913 para tratamento da tuberculose que o acompanharia pela vida inteira.


DESENCANTO

Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

– Eu faço versos como quem morre.

Teresópolis, 1912.





Seus fortes laços familiares também estão presentes em composições que nos remetem a seus pais, sua irmã e seus avós. Livro de estreia, A cinza das horas é a aurora criativa de um poeta que pouco a pouco depurou seu espírito e seu estilo – estilo que mais tarde o consagrou como um dos autores essenciais da literatura de língua portuguesa. 

Bandeira, Drummond e a  jornalista Pomona Politis (esposa de Thiago de Mello)




A obra reúne também imagens das traduções em francês dos poemas Chama e Fumo e Ruço, possivelmente realizadas por Bandeira. Além de notícias em jornais, que fizeram alusão ao lançamento de sua primeira edição.

Cinza foi usada por Bandeira como vestígio de algo que já passou, término, fim; ou seja o poeta quis dizer que eram suas horas finais.




O livro é marcado pela estética parnasiana e simbolista, mesmo que alguns poemas já apontem para renovações como é o caso de "Paisagem Noturna". Muitos dos temas aqui apresentados serão trabalhados pelo poeta nos seus outros livros: a infância, a doença, o cotidiano, a solidão e a morte.


Paisagem Noturna

A sombra imensa, a noite infinita enche o vale . . .
E lá do fundo vem a voz
Humilde e lamentosa
Dos pássaros da treva. Em nós,
— Em nossalma criminosa,
O pavor se insinua . . .
Um carneiro bale.
Ouvem-se pios funerais.
Um como grande e doloroso arquejo
Corta a amplidão que a amplidão continua . . .
E cadentes, metálicos, pontuais,
Os tanoeiros do brejo,
— Os vigias da noite silenciosa,
Malham nos aguaçais.

Pouco a pouco, porém, a muralha de treva
Vai perdendo a espessura, e em breve se adelgaça
Como um diáfano crepe, atrás do qual se eleva
A sombria massa
Das serranias.

O plenilúnio via romper . . . Já da penumbra
Lentamente reslumbra
A paisagem de grandes árvores dormentes.
E cambiantes sutis, tonalidades fugidias,
Tintas deliquescentes
Mancham para o levante as nuvens langorosas.

Enfim, cheia, serena, pura,
Como uma hóstia de luz erguida no horizonte,
Fazendo levantar a fronte
Dos poetas e das almas amorosas,
Dissipando o temor nas consciências medrosas
E frustrando a emboscada a espiar na noite escura,
— A Lua
Assoma à crista da montanha.
Em sua luz se banha
A solidão cheia de vozes que segredam . . .

Em voluptuoso espreguiçar de forma nua
As névoas enveredam
No vale. São como alvas, longas charpas
Suspensas no ar ao longe das escarpas.
Lembram os rebanhos de carneiros
Quando,
Fugindo ao sol a pino,
Buscam oitões, adros hospitaleiros a frase ...
E lá quedam tranquilos ruminando . . .
Assim a névoa azul paira sonhando . . .
As estrelas sorriem de escutar
As baladas atrozes
Dos sapos.

E o luar úmido . . . fino . . .
Amávico . . . tutelar . . .
Anima e transfigura a solidão cheia de vozes . . .

Teresópolis, 1912




Fontes:
passeiweb.com
bsp.org.br
aulete.com.br
google.com
escritas.org/pt
wikipedia.org

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