sexta-feira, 4 de junho de 2021

 Vamos falar hoje sobre o filósofo brasileiro Matias Ayres.





Filho de José Ramos da Silva e de sua mulher Catarina de Orta, nasceu em São Paulo, na Capitania, depois Província e hoje Estado de São Paulo, Brasil. 

Foi Cavaleiro da Ordem de Cristo e provedor da Casa da Moeda de Lisboa, obtendo e sucedendo neste emprego a seu pai, José Ramos da Silva, por sua morte.

Foi Bacharel em Filosofia pela Faculdade de Ciências e mestre em Ciências e Mestre em Artes pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.


Formou-se numa Universidade Francesa em Direito Civil e Canônico. Fez estudos de Matemática e Ciências Físicas. Conhecia o Hebraico e outras línguas.

Em 1716 seus pais se mudaram para Portugal, e Matias Aires ingressou no Colégio de Santo Antão. 


Em 1722, estudou nas Faculdades de Leis e de Cânones de Coimbra, onde recebeu o grau de Licenciado em Artes, graduando-se mais tarde na cidade de Baiona na Galiza.

Foi notável literato e naturalista e grande amigo do malogrado Antonio José da Silva, o Judeu, que procurou ardentemente salvar da fogueira, o que não conseguiu.

Antonio José foi condenado pelo Tribunal da Inquisição acusado de ser judaizante ( pregar a religião dos judeus).

Escreveu obras em Francês e Latim e foi também tradutor de clássicos latinos. É considerado por muitos o maior nome da Filosofia de Língua Portuguesa do seu tempo.

Em Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, cuja primeira edição é de 1752, o autor tece suas reflexões a partir do trecho bíblico extraído do Eclesíastes: Vanitas vanitatum et omnia vanitas, ou seja, "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade". Como um dos exemplos da vaidade dos homens, é citada a suntuosidade dos mausoléus.

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A Vaidade como Base da Sociedade


Nada contribui tanto para a sociedade dos homens, como a mesma vaidade deles: os Impérios, e Repúblicas, não tiveram outra origem, ou ao menos não tiveram outro princípio, em que mais seguramente se fundassem: na repartição da terra, não só fez ajuntar os homens os mesmos gêneros de interesses, mas também os mesmos gêneros de vaidades, e nisto se vê dois efeitos contrários; porque sendo próprio na vaidade o separar os homens, também serve muitas vezes de os unir. Há vaidades, que são universais, e compreendem Vilas, Cidades, e Nações Inteiras; as outras são particulares, e próprias de cada um de nós; das primeiras resulta a sociedade, das segundas a divisão.

Matias Aires, Filósofo, 1705-1764, in "Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna"




Vaidade a Qualquer Preço

Muitas vezes obramos bem por vaidade, e também por vaidade obramos mal: o objecto da vaidade é que uma acção se faça atender, e admirar, seja pelo motivo, ou razão que for. Não só o que é digno de louvor é grande; porque também há cousas grandes pela sua execração; é o que basta para a vaidade as seguir, e aprovar. A maior parte das empresas memoráveis, não tiveram a virtude por origem, o vício sim; e nem por isso deixaram de atrair o espanto, e admiração dos homens.
A fama não se compõe apenas do que é justo, e o raio não só se faz atendível pela luz, mas pelo estrago. A vaidade apetece o estrondoso, sem entrar na discussão da qualidade do estrondo: faz-nos obrar mal, se desse mal pode resultar um nome, um reparo, uma memória. Esta vida é um teatro, todos queremos representar nele o melhor papel, ou ao menos um papel importante, ou em bem, ou em mal. A vaidade tem certas regras, uma delas é, que a singularidade não só se adquire pelo bem, mas também pelo mal, não só pelo caminho da virtude, mas também pelo da culpa; não só pela verdade, mas também pelo engano: quantos homens tem havido a quem parece que de algum modo enobreceu a sua iniquidade!

Matias Aires, in 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'

Tudo quanto vejo é com olhos desenganados. Talvez por isso vejo as coisas como são e não como se mostram. Porque o desengano tem virtude e força para arrancar da formosura o véu cadente e mentiroso de que o teatro da vida se compõe"

Era considerado um filósofo moralista e filósofo psicólogo, reconhecido por historiadores portugueses como uma "das mais valiosas contribuições do Brasil colonial para o cabedal literário da metrópole", foi educado em Portugal, para onde viajou com os pais aos 11 anos de idade.

Morreu em Lisboa entre 1759 e 1770, a data correta de sua morte não foi precisada.


Fontes:
wikipedia.org
citador.pt/textos
morasha.com.br
cobra.pages.nom.br
pensador.com
google.com

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