terça-feira, 15 de junho de 2021









Em um dia como hoje, no ano de 1924, o aclamado poeta chileno Pablo Neruda lançava a obra Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada, que constitui o momento efetivamente inaugural de sua poesia. Pela primeira vez, a sua linguagem poética alcança a unidade profunda entre a contenção retórica e a riqueza vocabular que definem o melhor de sua obra. Pablo Neruda - um pseudônimo de Neftalí Reyes Basoalto - também tem como outras obras de destaque "Confesso que Vivi"; "Cadernos de Temuco"; "Fulgor e Morte de Joaquín Murieta"; "Para Nascer", "Nasci"; "O Rio Invisível e Os Versos do Capitão" e "Prólogos".




Confesso que vivi – Célebre autobiografia de Neruda, a única obra em prosa do poeta chileno que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1971 (o terceiro latino-americano e o sexto escritor de língua espanhola a receber a honraria). Militante comunista e ícone da esquerda latino-americana, Neruda narra, num estilo impregnado de poesia, sua vida desde a infância até os últimos dias, quando mesmo impossibilitado pela doença insiste em escrever – seus poemas à Matilde, o último amor, durante a convalescência, são considerados clássicos da língua espanhola.



Cem Sonetos de Amor, extrato I


Matilde, nome de planta ou pedra ou vinho,
do que nasce da terra e dura,
palavra em cujo crescimento amanhece,
em cujo estio rebenta a luz dos limões.

Nesse nome correm navios de madeira
rodeados por enxames de fogo azul-marinho,
e essas letras são a água de um rio
que em meu coração calcinado desemboca.

Oh nome descoberto sob uma trepadeira
como a porta de um túnel desconhecido
que comunica com a fragrância do mundo!

Oh invade-me com tua boca abrasadora,
indaga-me, se queres, com teus olhos noturnos,
mas em teu nome deixa-me navegar e dormir.



 Diplomata ainda jovem, Neruda revela nesta obra que iniciou suas atividades políticas na Espanha, na década de 30, durante a guerra civil, quando representava o Chile na embaixada em Madri. As impressões do poeta sobre a China e a União Soviética, países que visitou mais por simpatia que por exigências diplomáticas, assim como suas relações com escritores como García Lorca e Miguel Hernández, são memoráveis. 



O monte e o rio


Na minha pátria tem um monte.
Na minha pátria tem um rio.
Vem comigo.
A noite sobe ao monte.
A fome desce ao rio.
Vem comigo.
E quem são os que sofrem?
Não sei, porém são meus.
Vem comigo.
Não sei, porém me chamam
e nem dizem: “Sofremos”
Vem comigo
E me dizem:
“Teu povo,
teu povo abandonado
entre o monte e o rio,
com dores e com fome,
não quer lutar sozinho,
te está esperando, amigo.”
Ó tu, a quem eu amo,
pequena, grão vermelho
de trigo,
a luta será dura,
a vida será dura,
mas tu virás comigo.




O poeta chegou a ser indicado à Presidência da República de seu país, honra que cedeu ao grande amigo Salvador Allende. “Confesso que vivi” termina com Neruda lamentando a morte de Allende, assassinado em 11 de setembro pelas tropas de Pinochet. O poeta morre pouco depois, em 23 de setembro.





Fontes:
lelivros.love/book
history.uol.com.br
google.com
wikipedia.org
culturagenial.com


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