domingo, 28 de fevereiro de 2021

Vamos falar hoje da obra de Amadeu Amaral, "Memorial de um passageiro de bonde".




Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado, conhecido como Amadeo Amaral nasceu em Capivari, São Paulo em 6 de Novembro de 1875 e morreu em São Paulo em 24 de Outubro de 1929.





Fez o curso primário em Capivari e aos onze anos veio para São Paulo para trabalhar no comércio e estudar. Assistiu a algumas aulas do Curso Anexo da Faculdade de Direito, sendo um autodidata, pois não concluiu o curso secundário. Ingressou no jornalismo, trabalhando no Correio Paulistano e em O Estado de S. Paulo. Em 1922 transferiu-se para o Rio como secretário da Gazeta de Notícias. Do Rio mandava para O Estado de S. Paulo a crônica diária “Bilhetes do Rio”. Voltando a São Paulo exerceu cargos na administração pública.

Seu estilo claro, simples e elegante de exprimir suas emoções e sentimentos tanto na poesia como na prosa.

Na poesia escreveu:  "Urzes"; "Névoa"; "Espuma" e "Lâmpada antiga".

Na prosa escreveu: "Elogio da Mediocridade", uma conferência sobre Dante e Camões, considerada uma obra prima no gênero e "Letras Floridas".

Em 1919 ele foi eleito para Academia Brasileira de Letras.

Em "Memorial de um passageiro de bonde" ele revela seu lado irônico.




O livro é publicado em 1927, no Jornal O Estado de São Paulo. Ele retrata no livro, as viagens de João Felício Trancoso, um pseudônimo do autor,  funcionário público que tinha um diário onde anotava suas experiências como usuário frequente do transporte de bonde.

No prefácio ele nos apresenta João Trancoso, um funcionário público que por vinte anos faz o trajeto de casa para a repartição e da repartição para casa a bordo de um bonde.

João Trancoso insisti em retribuir um favor que nem ele próprio pode precisar qual foi. A pretexto disso e por tanta insistência do amigo ele pede para ler o diário que Trancoso cuidadosamente escrito sobre suas memórias durante suas viagens de bonde.

No primeiro capítulo; "O bonde", ele conta de como preteriu uma carona num automóvel de um amigo para seguir viagem num bonde.

"Preferi o bonde porque não tenho pressa. E não tenho pressa, porque estou contente, e o contentamento em mim propende naturalmente à lenteza das degustações silenciosas e chuchurreadas."





Na sequência ele prossegue: 


"O bonde permite que eu me concentre em mim mesmo. Não vale isso grande coisa, mas sempre é um meio de eu me sentir viver enquanto vivo. O que não é possível no automóvel à solta, onde a nossa alma se vai espadanando pelos caminhos como a água de uma vasilha sacolejada.

O bonde permite-me ver de perto, viver o bicho-homem na substancial realidade dos seus gestos inadvertidos. E esse bichinho (verme da terra, lá diz o Evangelho) é afinal só o que há de interessante no mundo."

No capítulo dois ele fala de um soneto que começou a escrever um soneto baseado numa noticia do jornal que ele leu pela manhã sobre a prisão de uma "negrinha gatuna" (Amadeu Amaral p .19). Estava ele absorto na fabulação de sua obra quando sentiu alguém tocar suas costas. Era Fabiano, prático de uma farmácia, que tagarelou durante toda a viagem, atrapalhando sua criação.




Capítulo 3

Rufina

- "Entre Rufina."
Quem proferiu a frase foi um senhor idoso com grande cara bonacheirona que falava a uma garota que insistia em ficar sobre o estribo.

Quando o bonde deu um solavanco para partir, a garota se desequilibrou e quase caiu, sendo amparado por João Trancoso.

Assim Trancoso vai descrevendo os acontecimentos, mesmo os mais triviais.

Problemas:

"Hoje, o bonde vinha cheio, e tive de ceder meu lugar a uma senhora. Esta ao invés de me agradecer, parece que ficou ligeiramente arrufada com minha gentileza."

Assim acontece o desenrolar da obra inteira, com leveza, comicidade e curiosidades sobre a descrição dos diversos personagens e situações vivenciadas ao logo de vinte anos das memórias de um passageiro de bonde.

Eu cheguei a andar de bonde, quando criança. Naqueles tempos não havia pressa em São Paulo. A lentidão do transporte era compensada pela beleza da observação da paisagem, que passava como que em câmara lenta aos nosso olhos.

Durante a viagem podíamos refletir, ler, estudar, observar, cochilar. Dava tempo para tudo. Lembro do bonde que saia do centro de São Paulo para Santo Amaro, então uma região muito distante e bucólica.

Tinha o bonde que saía do Mercado da Rua Mercúrio e vinha em direção ao bairro da Penha, onde fazia o balão (balão do bonde) em volta a uma fonte luminosa que ficava em frente ao Grupo Escolar Santos Dumont, de lá partindo novamente em direção ao centro da cidade. 


Fontes:

academia.org.br
literaturabrasileira.ufsc.br
google.com
mensagenscomamor.com
wikipedia.org
Memorial de um passageiro de bonde - Amaral, Amadeu - Ed, Cultura Brasileira - São Paulo


sábado, 27 de fevereiro de 2021

Um dos contos do livro "Papéis avulsos" do grande Machado de Assis é "Teoria do Medalhão" de 1881.






É um conto pequeno de 14 páginas que narra o diálogo entre um pai e um filho após o jantar dele de 21 anos.


O mestre Machado usado de toda sua ironia e sarcasmo para difundir as ideias dos pseudos intelectuais.



O conteúdo da conversa é sobre o futuro do filho. O pai aconselha-o a “profissão” de medalhão, para assegurar que seu esforço durante a vida será recompensado de alguma forma. “Profissão” porque não é um ofício real, braçal ou intelectual, mas um ofício social, cujo pagamento é ser reconhecido pela sociedade. Para exercer este ofício deve-se estar sempre bem informado, parecer ser culto e frequentar festas e lugares onde ficará exposto ao público. Todo conhecimento que tiver ou adquirir, não deve ter aplicação prática. Mas, principalmente um medalhão não deve formular nenhuma ideia nova, pois assim existe o risco de discordar de alguém, o que é contra os princípios do ofício em questão. Sendo assim, então, uma pessoa que se destaca por certas qualidades que dá a entender que tem mas, na verdade não as tem. O autor enfatiza que os medalhões estão na política mas também hoje encontram-se na mídia os que posso chamar de ” marqueteiros”, pessoas que tem uma imagem exclusivamente fruto do marketing que fazem sobre si mesma, e assim enraízam nas mentalidades de outrem o que desejam que as outras pessoas pensem delas, como modelos, pessoas que posam nuas em revistas, participantes de reality shows e até mesmo apresentadores de televisão; Estão em toda parte, podem ser os medalhões da época do conto ou então como diria Lima Barreto, “os que falam javanês” hoje.

Das páginas 1 ao 9 o pai fala para o filho da importância de ter um profissão e uma carreira.

Das páginas 10 a 14, o pai ensina a profissão de medalhão.

Das páginas 15 a 23, o pai diz ao filho que ele deve abster de ter ideias, e que a profissão é a ideal para o filho que não tem ideias próprias.

O filho pergunta ao pais de pode enfeitar o que fala ou o que escreve ao que o pai  que pode sempre usar frases feitas e citações, que isso passa a noção de conhecimento e sapiência.

O pai discorre então sobre a publicidade que o filho deve dar aos seus feitos, mesmo os mais insignificantes.

Pode-se, então, entrar na política, ficar ligado a algum partido, contato que não adote a ideia de nenhum. Se entrar nela, é bom usar a tribuna para chamar a atenção pública. É melhor que sejam discursos sobre algum assunto que incite debates ou discussões, mas sem que surjam novas ideias, como, por exemplo, falar de assuntos ligados à metafísica política, pois neste ramo tudo já está pensado, devendo a pessoa só recorrer à memória para eventuais comentários.




O filho indaga se não deve ter nenhuma imaginação ou filosofia. O pai responde que não, mas que deve se saber falar sobre “filosofia da história”, mas não sabê-la, devendo-se fugir a tudo que leve à reflexão. Quanto ao humor, ser medalhão não é sinônimo de ser sério, podendo-se brincar, mas sem usar de ironia, mas usar da chalaça.



Vendo que já é meia noite, o pai pede ao filho para que vá dormir e pense bem no que foi conversado, pois, guardadas as proporções, a noite valeu pelo “Príncipe” de Maquiavel.

Como a obra de Nicolau Maquiavel, que dedicou a obra a Loureço II de Médici,  o conto dá conselhos para que o filho tenha sucesso.

Quantos medalhões conhecemos hoje, que ganham a vida falando o óbvio com palavras escolhidas para plateias embasbacadas pela cultura e conhecimento do palestrante ?

Hoje existem os famosos "coaching",  que são os  medalhões modernos. A primeira vez que ouvi a palavra "medalhão" era usada no futebol para determinar jogadores famosos, às vezes, nem tão habilidosos assim.



Fontes:
coladaweb.com
guiadoesrtudante.abril.com.br
google.com
Papeis avulsos - Assis, Machado W.M.Jackson Inc - 1947

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021



A Balaiada foi uma revolta que eclodiu na província do Maranhão, entre os anos de 1838 a 1841. Recebeu esse nome devido ao apelido de uma das principais lideranças do movimento, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o "Balaio" (cestos, objetos que ele fazia). A Balaiada se distingue das outras revoltas que eclodiram no período regencial por ter sido um movimento eminentemente popular contra os grandes proprietários agrários da região.





As causas da revolta estão relacionadas às condições de miséria e opressão a que estava submetida a população pobre da região. Nesta época, a economia agrária do Maranhão atravessava um período de grande crise. A principal riqueza produzida na província, o algodão, sofria forte concorrência no mercado internacional e, com isso, o produto perdeu preço e compradores no exterior.







As principais causas da Balaiada estão ligadas à pobreza da população da província maranhense, bem como sua insatisfação diante dos desmandos políticos dos grandes fazendeiros da região.

Estes lutavam pela hegemonia política e não se importavam com a miséria da população, a qual ainda sofria com as injustiças e abuso de poder pelas autoridades.

Aquela elite política estava dividida entre dois partidos:

Bem-te-vis: liberais, que apoiaram indiretamente os balaios no início da revolta.

Cabanos: conservadores, que estiveram contra aos balaios.

Enquanto os dois partidos lutavam pelo poder na província, a crise econômica se agravou ainda mais pela concorrência do algodão norte-americano. Isso provocou uma situação insustentável entre as elites e a população carente.

Apesar desta situação, os ruralistas instituíram a “Lei dos Prefeitos”. Ela permitia a nomeação de prefeitos pelo governador da província e causaram vários focos de revolta, dando início à Balaiada.

A radicalização da revolta, porém, levou a classe média a se desvincular do movimento, e até mesmo a tomar algumas medidas para contê-lo. Foi assim que esses setores acabaram apoiando as forças militares imperiais, enviadas pelo Governo central à região. As forças militares imperiais ficaram sob comando do coronel Luís Alves de Lima e Silva. O combate aos balaios foi bastante violento. O movimento de revolta foi contido em 1841. Cerca de 12 mil sertanejos e escravos morreram nos combates. Os revoltosos presos foram anistiados pelo imperador dom Pedro 2º. 

Duque de Caxias



A vitória sobre a balaiada levou o coronel Luís Alves de Lima e Silva a ser condecorado pelo imperador com um título de nobreza: Barão de Caxias.



Fontes:
educacao.uol.com.br
todamateria.com.br
google.com
wikipedia.org

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

 Vamos falar hoje da Revolta dos Malês.









A Revolta dos Malês foi uma revolta de escravos que aconteceu na cidade de Salvador, na Bahia, em 1835. Essa foi a maior revolta de escravos da história do Brasil e mobilizou cerca de 600 escravos que marcharam nas ruas de Salvador convocando outros escravos a se rebelarem contra a escravidão. A Revolta dos Malês, que ficou marcada pela grande adesão de africanos muçulmanos, acabou fracassando e os envolvidos foram duramente punidos.
Escravidão no Brasil

A escravidão foi introduzida no Brasil ainda no século XVI pelos portugueses. Os primeiros africanos a desembarcarem como escravos foram trazidos para Recife. Ao longo de mais de 300 anos de escravidão, indígenas, africanos e crioulos (nascidos no Brasil) sofreram com a violência e a exploração dessa instituição.

Os escravos, por sua vez, não eram passivos à sua situação e resistiam ao trabalho escravo de diversas maneiras. Os escravos poderiam fugir individualmente ou até coletivamente e muitos dos que fugiam se abrigavam em quilombos, um reduto de escravos fugidos que teve em Palmares seu grande símbolo.




As revoltas também eram um ponto importante e muitas delas eram violentas. Nelas, os escravos voltavam-se contra seus senhores ou até mesmo contra as próprias autoridades da região em que eram escravizados. A Bahia foi um grande símbolo de revoltas de escravos, sobretudo na primeira metade do século XIX.

A data escolhida pelos líderes para realização do motim não foi aleatório. Na verdade, ela representava o “Ramadã” - período mais importante para os muçulmanos, no qual acontecem muitas preces e jejuns. A rebelião ocorreu justamente no final do mês de jejum, 25 de janeiro.






Os escravos queriam se livrar das péssimas condições em que levavam as suas vidas e, por isso, desejavam o fim da escravidão. Na Bahia, a insatisfação com o sistema político e econômico que imperava pelo Brasil também era comum entre os escravizados . Além desses fatores, lutaram pela liberdade religiosa, pois eram obrigados a aderir o catolicismo.

A revolta dos Malês foi liderada por Luís Sanim (pertencente ao povo tapa, conhecido também como nupes), Manoel CalafatePacífico Licutan e outros. Ela aconteceu no centro da cidade de Salvador - Bahia e começou com um ataque ao Exército, para libertar os escravos dos engenhos e tomar o controle da cidade.



Outros líderes da revolta dos Malês, a maior parte nagô, foram: Ahuna; Dassalu ou Damalu; Elesbão do Carmo ou Dandará (haussá); Gustard e Sule ou Nicobé.

“Malê” é um termo que se origina da palavra “imalê”, que por sua vez tem origem na língua iorubá. Na língua iorubá significa “muçulmano” e é um idioma referente à família linguística nígero-congolesas.




A revolta eclodiu na madrugada do dia 25 de janeiro de 1835. Na ocasião, alguns escravos rebelaram-se abruptamente, porque sua conspiração havia sido denunciada. Todo o planejamento tinha sido realizado pelos escravos urbanos – aproveitavam-se do fato de possuírem uma maior liberdade em relação ao escravo da lavoura.

As reuniões aconteceram em diversos locais de Salvador, como nos locais de trabalho. Os escravos africanos que se rebelaram estavam usando um abadá branco (roupa típica dos muçulmanos) e estavam usando amuletos com escritos do Corão em árabe, como forma de proteção. As batalhas estenderam-se na cidade de Salvador por quatro horas e resultou na morte de 70 africanos e 9 mortos daqueles que lutaram contra os africanos|3|.

A última batalha aconteceu em um local de Salvador chamado Água de Meninos e ali, os africanos foram derrotados. O combate em Água de Meninos estendeu-se até por volta das 4 horas da madrugada e muitos dos escravos encurralados tentaram fugir a nado pelo mar e muitos se afogaram tentando fazer isso.





Fontes:
mundoeducacao.uol.com.br
educacaomaisbrasil.com.br
google.com



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

José Saramago



Romance de José Saramago (Prêmio Nobel da Literatura, em 1998), publicado em 1984, cuja personagem principal é Ricardo Reis, um heterónimo de Fernando Pessoa. Através dos dados biográficos de Ricardo Reis (criados por Fernando Pessoa), Saramago constrói a narrativa sobre um médico exilado no Brasil, desde 1919, por motivos políticos e que regressa a Portugal, em dezembro de 1935. O romance relata então os nove meses passados por Ricardo Reis em Lisboa até à data da sua morte, em 1936.





Ricardo Reis é um de seus mais importantes heterônimos, ao lado do mestre Alberto Caeiro, do alter ego Álvaro de Campos e do semi-heterônimo Bernardo Soares. Foi imaginado pelo poeta no ano de 1913 para dar voz aos poemas de índole pagã e, conforme sua biografia inventada, nasceu no dia 19 de setembro de 1887, na cidade do Porto. Recebeu uma forte educação clássica em um colégio de jesuítas, tendo se tornado um latinista por educação e “um semi-helenista por educação própria”. Formou-se em medicina e, por ser grande defensor do regime monárquico, no ano de 1919, expatriou-se no Brasil para fugir do regime republicano recém-instalado em Portugal.






O poeta latino Horácio foi um grande inspirador de sua poesia, principalmente no que diz respeito à filosofia de carpe diem, isto é, usufruir do momento, como também no uso de gerúndios, imperativos e inversões de sintaxe, como os hipérbatos.

Quando chega à capital portuguesa, o poeta instala-se num quarto de hotel e posteriormente num apartamento. Durante a sua permanência em Lisboa, vive situações curiosas: é seguido pela polícia, relaciona-se amorosamente com duas mulheres, Lídia e Marcenda, figuras das suas odes, e recebe várias visitas do fantasma de Fernando Pessoa.

Pela data, 1936, realçada no título, o leitor apercebe-se da importância dos contextos históricos, em que se situa a ação, e que constituem elementos preponderantes na obra. Portugal encontra-se sob a ditadura salazarista; em Espanha, desenvolve-se a Guerra Civil.

Há várias marcas intertextuais no livro: o romance é construído a partir de uma personagem ficcionada por Pessoa, e com a qual o seu criador dialoga; existem referência às personalidades de Luís de Camões e Jorge Luís Borges, e a Lídia e Marcenda das odes de Ricardo Reis.


As Rosas 

As Rosas amo dos jardins de Adônis,
 Essas volucres amo, Lídia, rosas, 
Que em o dia em que nascem, 
Em esse dia morrem. 
A luz para elas é eterna, porque 
Nascem nascido já o sol, e acabam 
Antes que Apolo deixe 
O seu curso visível. 
Assim façamos nossa vida um dia,
 Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após 
O pouco que duramos

 Em O Ano da Morte de Ricardo Reis, Saramago se apropria do mais clássico dos heterônimos e insere este personagem em uma narrativa. Se o poeta envia Ricardo Reis para o Brasil, o romancista leva-o de volta a Portugal. O médico que escreve poesias vive suas últimas aventuras em Lisboa, no ano de 1936. Quando Saramago se apropria do heterônimo de Pessoa e “lhe dá vida” no romance, Ricardo Reis deixa de ser uma personagem pessoana e passa a ser outra, mas uma outra que ora se aproxima, ora se distancia da original. Saramago afirma que O Ano da Morte começou a ser escrito nas longas horas noturnas que passou em bibliotecas públicas, quando tinha uns 17 anos, lendo ao acaso, sem orientação. Revela que encontrou uma revista com poemas assinados por Ricardo Reis e pensou que existia mesmo em Portugal um poeta que assim se chamava. Mais tarde, descobriu que o verdadeiro autor era Fernando Pessoa, e este assinava poemas “com nomes de poetas inexistentes nascidos na sua cabeça”


Este romance ganhou vários prémios: Prémio PEN Club Português (1984); Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus (1986); Prémio Grinzane-Cavour (1987, Itália).



Fontes:
infopedia.pt
portugues.com.br
pensador.com
google.com
ebiografia.com
dominiopublico.gov.br

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021



Existem algumas expressões na língua portuguesa que usamos muitas vezes e não sabemos a sua origem. Vamos tentar explicar algumas delas:



Pode sair, madame!




A expressão “amigo da onça” tem origem em uma velha anedota, famosa nos anos 40, que vai mais ou menos assim:

“Dois caçadores estão conversando:
– O que você faria se estivesse na selva e aparecesse uma onça na sua frente?
– Dava um tiro nela.
– E se você não tivesse uma arma de fogo?
– Furava ela com minha peixeira.
– E se você não tivesse uma peixeira?
– Pegava qualquer coisa, como um grosso pedaço de pau, para me defender.
– E se não encontrasse um pedaço de pau?
– Subia numa árvore.
– E se não tivesse nenhuma árvore por perto?
– Saía correndo.
– E se suas pernas ficassem paralisadas de medo?
Nisso, o outro perdeu a paciência e explodiu:
– Peraí! Você é meu amigo ou amigo da onça?... 



Terminar em pizza





Aconteceu na década de 60, quando alguns cartolas palmeirenses ficaram 14 horas seguidas trancados numa reunião discutindo e brigando. No final estavam todos mortos de fome e resolveram ir a uma pizzaria. No dia seguinte a manchete de um jornal paulistano era : "Reunião no Palmeiras termina em pizza. 






Olha o passarinho

Essa expressão vem do século XIX quando a fotografia foi inventada. Nessa época a tecnologia das câmeras fotográficas ainda engatinhava e a impressão da imagem no filme era bem lenta. As pessoas que iam ser fotografadas tinham que ficar imóveis por até 15 minutos até que a imagem fosse impressa na máquina. Se isso era desagradável para os adultos, para as crianças era particularmente difícil. Foi  então que se teve a ideia de pendurar uma gaiola de passarinho atrás dos fotógrafos, para que o bichinho chamasse a atenção dos pequenos e eles ficassem imóveis. A expressão então ficou bastante conhecida. 



Puxa-saco:




Usada para caracterizar alguém que é muito bajulador, a expressão “puxa saco” surgiu no meio militar. Durante as viagens, alguns oficiais costumavam carregar os sacos de roupa suja dos seus superiores, ganhando assim, o apelido de puxa saco. Com o passar dos anos, esse termo saiu do ambiente militar e passou a fazer parte do vocabulário popular.


Meia tigela:





Usada para caracterizar alguém ou algo que não é bom o suficiente para executar alguma tarefa, a expressão “meia tigela” vem de um sistema usado na monarquia portuguesa. Naquela época, os empregados recebiam sua alimentação dos patrões de acordo com a qualidade do serviço que faziam. Aquele que se saía melhor ganhava uma tigela cheia de comida. Porém, quem apresentava um trabalho mal feito, ganhava apenas meia tigela de comida.


Segurar vela:







Usada para designar quando alguém acompanha um casal sozinho, a expressão “segurar vela” surgiu de um costume que existiu durante a Idade Média. Nessa época, era comum os senhores feudais terem empregados cuja a função era única e exclusivamente segurar as velas para os empregados mais experientes conseguirem fazer suas tarefas no escuro. Às vezes, essa tarefa também se aplicava durante as relações sexuais dos patrões, onde o serviçal deveria ficar de costas para não ver o que estava acontecendo.


Espírito de porco:



Usada para caracterizar alguém malicioso ou que só atrapalha, a expressão “espírito de porco” surgiu dos livros do Antigo Testamento, onde os porcos possuíam a fama de que são impuros e demoníacos. Um outro exemplo é a história do Evangelho de São Marcos no Novo Testamento, que conta que, para salvar um grupo de humanos que haviam sido possuídos por espíritos ruins, Jesus os transferiu para uma vara de porcos que estavam passando pelo local.


A cobra vai fumar:


Usada para designar que algo muito importante está para acontecer, a expressão “a cobra vai fumar” surgiu durante os acontecimentos da 2ª Guerra Mundial. A FEB (Força Expedicionária Brasileira), que lutou na Europa na 2ª Guerra, tinha um símbolo curioso de uma cobra fumando um cachimbo. A figura foi criada em resposta à um Jornalista do Rio de Janeiro que fez uma declaração provocativa à Força, a qual dizia que “era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”.


Motorista barbeiro:


Usada para designar quem não é bom motorista, a expressão “motorista barbeiro” teve origem por volta do século XIX, quando era comum os barbeiros fazerem todo tipo de serviço além do corte de cabelo e barba, inclusive cuidados médicos. Logicamente, como nenhum deles era profissional em nenhuma dessas outras áreas, o trabalho acabava sendo mal feito.

Então, não demorou para que a associação à qualquer serviço de má qualidade aos barbeiros fosse feita. Sempre que algum trabalho de baixa qualidade era visto, diziam: “que coisa de barbeiro!”. No Brasil, essa expressão acabou sendo usada apenas para se referir à maus motoristas.


Salvo pelo congo:


A expressão “salvo pelo gongo” pode estar relacionada com uma doença rara, chamada de catalepsia, onde os membros do indivíduo se enrijecem de tal forma que ele não consegue se mover. Muitas pessoas que sofriam desse mal na Antiguidade eram dadas como mortas e acabavam sendo enterradas vivas. Os arranhões encontrados do lado de dentro dos caixões posteriormente comprovavam essa realidade.
Mas o que deu origem de fato à expressão popular foi um mecanismo criado pelos ingleses durante o século XVII; O braço do “defunto” era amarrado a uma corda, ligada a um sino do lado de fora do túmulo. Dessa forma, se o indivíduo tivesse sido enterrado equivocadamente, o mecanismo seria ativado devido à sua movimentação e ele seria, literalmente, “salvo pelo gongo”.


Engolir um sapo:



Usada para designar o ato de suportar uma situação desagradável sem hesitar ou reclamar, acredita-se que a expressão “engolir sapo” tenha surgido a partir das pragas que atingiram o Egito Antigo, no tempo de Moisés, relatadas na bíblia.

Uma dessas pragas foi a infestação de rãs, ocorrida numa proporção tão grande que os egípcios se deparavam com vários desses animais pulando em seus pratos durante as refeições.


Ovelha negra:



Usada para designar alguém que se diferencia de um grupo, da mesma forma que uma ovelha de de cor preta se destoa das demais brancas, a expressão “ovelha negra” se originou na Antiguidade e não é restrita à língua portuguesa. Naquela época, animais pretos eram sacrificados em oferendas aos deuses ou para acertar acordos, pois eram considerados animais maléficos. Foi daí que surgiu o hábito de chamar aqueles que se diferenciam por chocar ou desagradar os demais de “ovelha negra”.


Lua de mel:






Usada para representar o primeiro mês de casais recém-casados, a expressão “lua de mel” é oriunda da língua inglesa. Na Idade Média, na Irlanda, era costuma dar uma bebida fermentada aos jovens recém-casados, chamada de “mead”, composta por levedo, malte, mel, água e outros ingredientes. O mel era tido como um alimento afrodisíaco, considerado uma fonte da vida. Então, tal bebida era dada aos novos casais durante um mês, ou uma lua, como costumavam chamar. Foi por essa razão que esse período recebeu o nome de lua de mel.


Comprar gato por lebre:



Usada para caracterizar uma situação em que se é enganado, a expressão “comprar gato por lebre” surgiu em tempos de carestia e de guerra. Nesta época, era comum comerciantes venderem carne de gato no lugar de lebre como alimento, devido à semelhança entre os dois animais após lhes retirarem a pele. Para disfarçar o cheiro, a carne do gato era deixada marinando na água temperada. Assim, eles conseguiam vender a carne do gato como se fosse carne de lebre tranquilamente.


Ao deus dará:

Usada para representar alguém que está entregue à própria sorte, a expressão “ao deus dará” tem sua origem por volta do século XVII. Nessa época, o abastecimento de soldados em Recife recebia grande ajuda do comerciante Manuel Álvares. Mas sempre que os recursos ficavam escassos, ele dizia “deus dará”. Depois disso a expressão foi se popularizando, passando a ser usada por pessoas ao serem abordadas por mendigos e chegando no significado que possui hoje.


Batismo de fogo:


Usada para caracterizar o momento de enfrentar uma situação muito difícil, a expressão “batismo de fogo” surgiu no tempos da Inquisição. Para os fanáticos, aqueles que não eram batizados  da forma tradicional, deveriam ser condenados à fogueira, pois só assim seus pecados seriam redimidos. Alguns séculos depois, o sobrinho de Napoleão Bonaparte, Napoleão III, não entendeu direito o sentido da expressão e passou a usá-la com os soldados novatos que iam para a guerra.


Marmelada:


Usada para designar uma ação desonesta ou algo ilegítimo, a expressão “marmelada” surgiu de uma prática não muito apreciada de fazer com que o doce de marmelo rendesse mais. Um dos métodos existentes bastante usados era misturar o insípido chuchu no doce. Dessa forma, a ilusão de que tinha uma grande quantidade de doce era criada, sem que ninguém percebesse o gosto do vegetal. Como essa era uma das formas de enganar os clientes, então a o termo “marmelada” virou sinônimo de trapaça.





Essa expressão tem origem religiosa. Nas cerimônias hebraicas do Yom Kippur, o Dia da Expiação que acontecia na época do Templo de Jerusalém, um pobre animal era escolhido para ser apartado do rebanho  e deixado ao relento na natureza selvagem como sacrifício, levando consigo todos os pecados da comunidade para serem expiados. Na Bíblia, essa cerimônia é descrita no livro do Levítico. Na Bíblia, essa cerimônia é descrita no livro do Levítico. Na teologia cristã, a figura do bode expiatório é um simbolismo para o sacrifício de Jesus, que deu a vida para salvar o mundo dos seus pecados. 
Hoje em dia a expressão perdeu sua carga religiosa, e é usada para descrever aquela pessoa que é escolhida, muitas vezes injustamente, para levar toda a culpa em situações em que as coisas não deram muito certo. 





Fontes:
gramatica.net.br
super.abril.com.br
google.com

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Dando continuidade no tema revoltas do Império, vamos falar hoje da Sabinada.




A Sabinada foi um movimento de revolta que eclodiu na Bahia. Foi liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, por isso ficou conhecida como Sabinada. O principal objetivo da revolta era instituir uma república baiana, mas só enquanto o herdeiro do trono imperial não atingisse a maioridade legal. Portanto, a sabinada se insere no conjunto das revoltas regenciais que eclodiram como manifestações de descontentamento e insatisfação de parcelas das classes dominantes e populares diante da condução do governo monárquico pelas regências. 

Francisco Sabino



A intenção dos revoltosos era apenas constituir uma “República Bahiense” até D.Pedro II alcançar a maioridade. Portanto, sua insatisfação foi estritamente dirigida ao governo regencial.



D.Pedro II (período da regência)





Além disso, é preciso notar que a Sabinada não pretendia romper com a escravidão, pois desejava o apoio das elites escravocratas, o que não ocorreu.





Entretanto, isso afastou a população escrava, a qual não foi convencida pela promessa de concessão de liberdade aos que lutassem e apoiassem o governo republicano.

A Sabinada aconteceu em uma Bahia agitada politicamente. Desde a Conjuração Baiana, em 1798, a agitação política naquela província era muito grande. A última grande agitação que a Bahia tinha passado tinha sido a Revolta dos Malês, revolta de escravos haussás. Foi a maior revolta de escravos na história brasileira e gerou uma forte mobilização da sociedade soteropolitana contra os escravos.





Toda essa insatisfação cresceu quando a centralização do poder começou a ganhar espaço na política brasileira a partir da renúncia de Padre Feijó à regência do Brasil. Esse ato foi entendido como o fracasso do projeto federalista, que buscava garantir a autonomia das províncias brasileiras.

Para a classe média baiana — o grupo que encabeçou a Sabinada —, a renúncia de Feijó foi algo inaceitável. A luta por autonomia, além do aspecto político, também era influenciada por questões econômicas, uma vez que as classes médias baianas estavam insatisfeitas com a política de impostos praticada pela monarquia.

Por fim, também havia a insatisfação dos militares na Bahia, que desejavam aumento de soldo, além de não concordarem com as convocações realizadas para lutar no Sul contra os farrapos, que se rebelaram contra o Rio de Janeiro.

Essas questões geravam grande descontentamento, principalmente entre as classes médias de Salvador. A liderança da Sabinada contou com figuras como advogados e comerciantes, por exemplo. Houve também uma pequena adesão popular quando a revolta se iniciou.

A Sabinada teve início quando alguns militares e civis encaminharam-se para o Forte de São Pedro em 6 de novembro de 1837. O ataque ao forte deu início a um confronto violento que resultou na conquista dele pelos que se rebelavam. No dia seguinte, os sabinos, como eram conhecidos os rebeldes, foram na direção do centro de Salvador, tomando a Praça do Palácio e expulsando as autoridades da cidade.







A falta de apoio popular e a oposição direta das elites baianas fizeram com que a Sabinada estivesse condenada ao fracasso. Como vimos, a cidade de Salvador foi sitiada por todos os lados, e a comida logo se tornou escassa. Por fim, os ataques feitos pela Guarda Nacional, criada durante o período da regência de D.Pedro II,  concluíram o serviço e, entre 13 e 16 de março de 1838, aconteceram os últimos combates.

Os confrontos entre os sabinos e as tropas da Guarda Nacional resultaram em cerca de 1800 mortos|1|. Em pouco mais de quatro meses, as autoridades de Salvador conseguiram derrotar os sabinos, que, ao se entregarem, pediram por clemência, mas isso não aconteceu.

As historiadoras Lília Schwarcz e Heloísa Starling estimam que cerca de 3000 rebeldes foram presos depois da derrota da Sabinada|1|. Os africanos livres que tomaram parte na revolta foram degredados para a África. Outros rebeldes foram degredados para locais como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e alguns dos militares foram obrigados a lutar na Guerra dos Farrapos.

Salvador - Bahia

Francisco Sabino e João Carneiro foram condenados à morte, mas receberam anistia e foram obrigados ao degredo e enviados para Mato Grosso e São Paulo, respectivamente.


Fontes:
educacao.uol.com.br
todamateria.com.br
brasilescola.uol.com.br
google.com

domingo, 21 de fevereiro de 2021

 

Hoje vamos falar pontuação gráfica.





Estamos voltando ao tema, visto o grande número de pessoas que ainda permanecem na dúvida.



1 - PONTO ( . )


a) indicar o final de uma frase declarativa.
Ex.: Lembro-me muito bem dele.


b) separar períodos entre si.
Ex.: Fica comigo. Não vá embora.


c) nas abreviaturas
Ex.: Av.; V. Ex.ª


2 - VÍRGULA ( , )


É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática.

Ex.: Adélia, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.

Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula.


Não se separam por vírgula:


a) predicado de sujeito:

Os alunos| estão todos eufóricos à espera dos resultados.
Sujeito                Predicado

b) objeto de verbo:
 
Entreguei |aos clientes| os pedidos.
                    O. Indireto | O. Direto.

c) adjunto adnominal de nome:

Seu relógio de pulso foi apreciado por todos.
                    Adjunto Adnominal



d) complemento nominal de nome:

Você tem amor à profissão.
        Complemento Nominal

e) predicativo do objeto do objeto:

A vitória tornou eleito o vereador.
        predicativo do objeto/objeto

f) oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa)

Seu desejo| era que todos o visitassem.
Or. principal | oração subordinada substantiva predicativa.


A vírgula no interior da oração


É utilizada nas seguintes situações:


A) separar o vocativo.

Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café.
Ex.: A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.


B) separar alguns apostos.

Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.


C) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.

Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você.
Ex.: As pessoas, muitas vezes, são falsas.


D) separar elementos de uma enumeração.

Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.


E) isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.

Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a viagem.


F) separar conjunções intercaladas.

Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.


G) separar o complemento pleonástico antecipado.

Ex.: A mim, nada me importa.


H) isolar o nome de lugar na indicação de datas.

Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.


I) separar termos coordenados assindéticos.

Ex.: "Lua, lua, lua, lua,
Ex.: por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)


J) marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).

Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)


Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dispensam o uso da vírgula.
Ex.: Conversaram sobre futebol, religião e política.
Não se falavam nem se olhavam.
Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.


Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório.
Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.


A vírgula entre orações é utilizada nas seguintes situações:


A) separar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.


B) separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela conjunção e ).
Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no exame.


ATENÇÃO


Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e:


1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.


2) Quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto).
Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.


3) quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, conseqüência, por exemplo)
Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.


C) Separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal.
Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho."( O selvagem - José de Alencar)


D) Separar as orações intercaladas.
Ex.: "- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."


E) Separar as orações substantivas antepostas à principal.
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei.


3 - DOIS-PONTOS ( : )


A) Iniciar a fala dos personagens:
Ex.: Então o chefe comentou:
- Está ótimo!


B) Antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam, resumem ideias anteriores.

Ex.: Meus amigos são poucos: Jorge, Ricardo e Alexandre.


C) Antes de citação
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”


4 - RETICÊNCIAS ( ... )


A) Indicar dúvidas ou hesitação de quem fala.
Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece.


B) Interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta
Ex.: - Alô! João está?
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...


C) Ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento de idéia.
Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar)


D) Indicar supressão de palavra(s) numa frase transcrita.
Ex.: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)


5- PARÊNTESES ( ( ) )


A) Isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e datas.
Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), morreu muita gente.
Ex.: "Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do verão. “ (O milagre das chuvas no nordeste - Graça Aranha)


Dica: Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.


6 - PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )


A) Após vocativo
Ex.: “Parte, Heliel! “ ( As violetas de Nossa Senhora - Humberto de Campos)


B) Após imperativo
Ex.: Cale-se!


C) Após interjeição
Ex.: Ufa! Ai!


D) Após palavras ou frases que denotem caráter emocional
Ex.: Que pena!


7 - PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )


A) Em perguntas diretas
Ex.: Como você se chama?


B) Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação
Ex.: - Quem ganhou na loteria?
- Você.
- Eu?!


8 - PONTO-E-VÍRGULA ( ; )


A) Separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma seqüência, etc.
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares:
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
VI - destituição de função comissionada.


B) separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula.
Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)


9 - TRAVESSÃO ( - )


A) Dar início à fala de um personagem
Ex.: O filho perguntou:
- Pai, quando começarão as aulas?


B) indicar mudança do interlocutor nos diálogos
- Doutor, o que tenho é grave?
- Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom


C) unir grupos de palavras que indicam itinerário
Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado.


Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases explicativas:

Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.


10 - ASPAS ( “ ” )


A) Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.

Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
Ex.: A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Ex.: Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.


B) indicar uma citação textual

Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. ( O prazer de viajar - Eça de Queirós)


Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples.
 ( ' ' ), não dupla (")


Fontes:
infoescola.com.br
Cunha, Celso - Gramatica da Língua Portuguesa
portugues.com.br
google.com.

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...