sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Hoje vamos falar do romance do escritor cearense José de Alencar "Senhora".





Publicado pela primeira vez em 1875, o romance Senhora, de José de Alencar, pertence ao Romantismo. O livro é dividido em quatro partes - o preço, quitação, posse e resgate - e tem como tema central o casamento por interesse.

O casamento por interesse era comum naquela época, mas geralmente o homem é que era o protagonista no negócio, oferecendo dinheiro pela mulher pretendida. Nesse romance acontece o inverso.




A protagonista Aurélia Camargo é filha de uma costureira pobre e deseja se casar com o namorado, Fernando Seixas. O rapaz, porém, troca Aurélia por Adelaide Amaral, uma menina rica que proporcionaria um futuro mais promissor.

O tempo passa e Aurélia torna-se órfã e recebe uma herança enorme do avô. Com a fortuna que adquire, a moça ascende socialmente e começa a ser vista com outros olhos, principiando a ser cobiçada por pretendentes interesseiros.

Ao saber que o antigo namorado ainda estava solteiro e em maus lençóis financeiros, Aurélia resolve se vingar do abandono sofrido e se propõe a comprá-lo. Os dois, por fim, casam-se.

Fernando atura as chacotas da mulher até que consegue trabalhar e reunir dinheiro suficiente para cobrir o que a moça empregara no casamento, comprando assim a sua "liberdade". Aurélia percebe a mudança de atitude de Fernando e o casal faz as pazes, consumando, por fim, o casamento.

A grande reviravolta da obra se dá porque a personagem Aurélia é apresentada como uma moça meiga, apaixonada, dedicada e, após o abandono do namorado, torna-se fria e calculista.

Fernando, por sua vez, percorre o caminho ao avesso: começa a história como um interesseiro em busca de um bom casamento arranjado e termina o relato como um homem trabalhador que consegue a redenção.

José de Alencar demonstra em seu romance uma preocupação com a demasiada importância que a sociedade burguesa dá ao dinheiro. O autor sublinha de que forma o fator financeiro condena o destino das pessoas.

Em relação à narração, Senhora é narrado em terceira pessoa por um narrador observador. O romance é rico em detalhes cenográficos e descrições psicológicas dos personagens.

Senhora é um romance que pertencente ao Romantismo Brasileiro.

No Brasil, em especial, o Romantismo surge como uma manifestação artística que, necessariamente, adquirirá feições próprias, reproduzindo, inclusive, as contradições de uma sociedade politicamente recém-independente e economicamente ainda vinculada à produção agrária, à mão-de-obra escrava e à exportação, mas já apontando para um vindouro processo de industrialização, o que teria consequências diretas no modo de produção literário do século XIX, bem como na recepção da literatura aqui produzida por nossos primeiros romancistas, como afirmam Benjamin Abdala e Samira Campedelli.



Os livros produzidos durante este período possuem forte tendência ao nacionalismo. José de Alencar se inspirou em Ossian e Chateaubriand e adaptou os recursos aprendidos incluindo pinceladas de influência local. Alencar investiu igualmente em uma linguagem repleta de musicalidade. Tais recursos já haviam sido experimentados antes, O Guarani, romance publicado antes de Senhora, que teve grande sucesso de público.



Fontes:
culturagenial.com
google.com
dialnet.com

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