sábado, 23 de janeiro de 2021




Antero Tarquínio de Quental nasceu em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores, Portugal, no dia 18 de abril de 1842.

Descendente de família nobre, Antero era filho de Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia. Ele passou sua infância e cursou os estudos primários e secundários em sua cidade natal, na capital da ilha de São Miguel.






Com apenas 16 anos, ingressou em Direito e foi estudar em Coimbra onde se destacou com seu brilhantismo.

Interessado pela política, filosofia e literatura, Antero em 1862, com 20 anos, publicou seus primeiros sonetos intitulados “Sonetos de Antero”.



Mais Luz!

Amem a noite os magros crapulosos,
E os que sonham com virgens impossíveis,
E os que se inclinam, mudos e impassíveis
A borda dos abismos silenciosos...

Tu, Lua, com teus raios vaporosos,
Cobre-se, tapa-os e torna-os insensíveis,
Tanto aos vícios cruéis e inextinguíveis,
Como aos longos cuidados dolorosos!

Eu amarei a santa madrugada,
E o meio-dia, em vida refervendo,
E a tarde rumorosa e repousada.

Viva e trabalhe em plena luz: depois,
Seja-me dado ainda ver, morrendo,
O claro Sol, amigo dos heróis!




O Realismo em Portugal – Questão Coimbrã

Ainda estudante de Coimbra, Antero de Quental liderou um grupo de estudantes, que repudiava as velhas ideias do Romantismo, causando uma polêmica entre a velha e a nova geração de poetas.

Em 1864, Teófilo Braga publica dois volumes de versos: Visão dos Tempos e Tempestades sonoras. No ano seguinte, Antero edita “Odes Modernas”.

Em “Odes Modernas”, Antero rompe com toda a poesia tradicional portuguesa, onde são banidos o romantismo, o sentimentalismo e a religiosidade lírica, e surgem, com força, as ideias de liberdade e justiça.

Os poemas foram criticados pelo poeta romântico Antônio Feliciano de Castilho, que acusa Antero de exibicionismo, obscuridade e de abordar temas que nada tinham a ver com a poesia.

Antero de Quental responde a crítica em uma carta aberta a Castilho, intitulada Bom senso e bom gosto, na qual Castilho é acusado de obscurantismo.

Antero defende a liberdade de pensamento e a independência dos novos escritores. Ataca o academismo e a decadente literatura romântica e prega a renovação.

Nascia assim a “Questão Coimbrã”, como ficou conhecida essa polêmica que passou a ser o marco divisor entre o Romantismo e o Realismo.



O Que a Morte Diz

Deixai-os vir a mim, os que lideram,
deixai-os vir a mim, os que padecem,
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...

Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem...

Assim a morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das coisas invisíveis, muda e fria...




Depois de uma tentativa gorada para se alistar nos exércitos revolucionários de Garibaldi (1866), de uma passagem por Paris, onde trabalhou como tipógrafo, e de uma viagem aos Estados Unidos e Canadá (1869), retomou a actividade em Portugal, militando no fomento do associativismo operário e escrevendo artigos para os jornais Diário Popular, Jornal do Comércio, República, Primeiro de Janeiro, Pensamento Social, etc..

Organizou (1871), juntamente com Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Jaime Batalha Reis e Oliveira Martins, entre outros, as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, iniciativa que veio a ser proibida, mas onde ainda lhe coube fazer o discurso inaugural e apresentar uma exposição sobre as Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos (1871) responsabilizando a Igreja Católica e a Monarquia por aquela situação.


Antero de Quental expressa em seus sonetos a sua inquietação religiosa e metafísica constituindo a parte mais importante de sua obra: "Sonetos de Antero" (1861), "Primaveras Românticas" (1872), "Sonetos Completos" (1886) e "Raios de Extinta Luz" (1892). É considerado, ao lado de Bocage e Camões, os grandes sonetistas da literatura portuguesa.

Local do suicídio de Antero de Quental
Convento de Nossa Senhora de Esperança


Sofrendo de grave depressão ele se mata com um tiro em 11 de setembro de 1891, em Vila do Conde, Ponta Delgada, Portugal.




Fontes:
todamateria.com.br
google.com
ebiografia.com
laicidade.org
pensador.com
wikipedia.org

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