quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O Período Regencial ficou marcado pela ocorrência das chamadas Rebeliões Regências (Revoltas Regenciais), que foram uma série de movimentos espalhados pelo Brasil e que ocorreram num período de nove anos. Quase todas essas revoltas ocorreram devido a insatisfação das elites regionais e da classe média urbana com a centralização do poder, as dificuldades econômicas, o aumento dos impostos.

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Cabanagem (1835 – 1840) - Pará

No Pará, uma minoria branca, composta de pequenos comerciantes portugueses, franceses e ingleses estava concentrada em Belém, por onde fluía uma pequena produção de tabaco, borracha, cacau e arroz. A maioria da população era formada por indígenas, escravizados e dependentes. Com uma tropa com negros e indígenas em sua base, a Cabanagem atacou e conquistou Belém, estendendo-se até o interior. Os revoltosos declararam a Independência do Pará, mas não apresentaram nenhuma saída efetiva para o estado. Os ataques concentravam-se aos estrangeiros e aos maçons e defendiam a Igreja Católica, D. Pedro II, o Pará e a liberdade, embora não tenham abolido a escravidão, mesmo com muitos africanos entre os cabanos rebeldes. A rebelião foi vencida pelas tropas legalistas.

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Apesar de rumores de revolta e secessão que vinham desde o começo da década de 1830, a rebelião atingiu o ponto de ebulição em 1834 quando João Gonçalves Batista Campos, um político, jornalista e cônego local, publicou uma carta pessoal do bispo da província, Romualdo de Sousa Coelho, sem o conhecimento do governo ou do autor, em que ele criticava diversas lideranças locais. Batista Campos foi perseguido e ameaçado de prisão e morte, e refugiou-se na fazendo de Félix Clemente Malcher, um político cabano. Na fazenda reuniram um grupo que organizaria a revolta, composto dele, Batista Campos, Malcher, Eduardo Angelim, um jornalista e seringueiro da região, e os quatro irmãos Vinagre, Manuel, Pedro, Francisco e Antônio.

Em novembro de 1834 souberam de uma incursão de tropas federais para cercar a fazendo, a mando do presidente da província, Bernardo Lobo de Sousa, e fugiram. Na fuga porém, Manuel Vinagre foi morto e Clemente Malcher preso. Então, na madrugada de 7 de janeiro de 1835, Antônio Vinagre, liderando uma força de cabanos, negros fugidos e índios, tomou de assalto o palácio do governo em Belém, libertando Clemente Malcher e nomeando-o presidente da província. No mesmo dia espalharam-se pela cidade, prenderam e executaram Lobo de Sousa e o comandante das armas da província, apossando-se da maior parte do material bélico intacto e nomeando Francisco Vinagre para o posto.

Alguns meses se passaram até que discussões entre os próprios revoltosos se transformou em uma guerra. Clemente Malcher, queria, juntamente com os setores mais ricos, apenas manterem-se no jogo político e manter o Grão-Pará como província do império. Francisco Vinagre e Angelim discordavam, e Malcher mandou prendê-los. Daí resultou uma batalha nas ruas de Belém, onde as forças de Vinagre e Angelim venceram, e invadiram novamente o palácio do governo, matando Malcher e arrastando seu cadáver em procissão pelas ruas da capital.


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Em julho de 1835, Francisco Vinagre, agora o maior líder da revolta, faz um acordo com o governo federal para entregar a província pacificamente, em troca de maior participação política e a anistia total dos rebelados. Manuel Jorge Rodrigues é empossado presidente e em seu primeiro ato manda prender os irmãos Vinagre e a liderança da revolta. Os revoltosos ficam furiosos com a quebra do acordo, e retomam Belém após nove dias de batalha sangrenta, apesar da morte de Antônio Vinagre.




Sabinada (1837 – 1838) – Bahia


O nome atribuído à revolta, Sabinada, remete ao nome de seu principal líder, Sabino Barroso, um jornalista e professor da Escola de Medicina de Salvador. Ocorrida em Salvador, na Bahia, a revolta tinha uma boa base de apoio, especialmente entre as classes médias e comerciantes de Salvador, que já apresentavam ideias federalistas e republicanas. O movimento separou os escravos entre nacionais – nascidos no Brasil – e estrangeiros – nascidos em África – e buscou comprometimento em relação aos escravos. Caso a revolta tivesse sucesso e a tomado do poder se concretizasse, os escravizados nacionais que tivessem pegado em armas seriam libertados. Mas, as forças governamentais logo recuperaram a cidade de Salvador, numa luta violenta que gerou aproximadamente 1800 mortes.

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O estouro da rebelião se deu mediante a fuga do líder farroupilho Bento Gonçalves, preso no Forte do Mar, em novembro de 1837. Inspirado pelo rebelde gaúcho, Francisco Sabino Vieira, um conhecido médico e jornalista de Salvador, proclamou a República Baiana (chamada de Sabinada por seus detratores), e com a ajuda da guarnição da artilharia do Forte de São Pedro, mandou uma força de soldados à Praça da Piedade para tomar posse da capital. O governo provincial reagiu, e mandou 300 soldados para sufocar a revolta, mas que, convencidos por Sabino Vieira, juntaram-se aos revoltosos e tomaram Salvador, destituindo o presidente da província Francisco de Souza Paraíso, e o comandante das armas, Luís de França Pinto Garcez que fugiram e se refugiaram num navio ao largo da costa baiana.


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Balaiada (1838 – 1840) – Maranhão

A Balaiada foi uma revolta ocorrida no Maranhão, iniciada por conta de disputas entre as elites locais. Em uma área ao sul do Maranhão, com pequenos produtores de algodão e criadores de gado. Os revoltosos tiveram como líderes Raimundo Gomes e Francisco dos Anjos Ferreira, um vendedor de balaios. É de seu ofício que vem o nome de revolta maranhense. Enquanto Ferreira tinha uma motivação pessoal ao entrar na revolta – vingar sua filha violentada por um capitão da polícia, Cosme, um outro líder, aparece à frente de três mil escravos fugidos que se juntaram à Balaiada. Os revoltosos saudavam a Igreja Católica, a Constituição e D. Pedro II e não apresentavam grandes preocupações sociais ou econômicas. Logo foram derrotados, em meados de 1840, pelas tropas do governo. O líder Cosme foi enforcado em 1842 enquanto a anistia aos revoltosos esteve condicionada à reescravização dos negros rebeldes.

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Revolta do Malês (1835) - Bahia

A Revolta do Malês foi organizada por muçulmanos de origem Iorubá – nagôs – que viviam na Bahia. Durou menos de um dia, mas é uma importante revolta que demonstra a organização entre os sujeitos escravizados no período. Com a maioria da população de origem africana, esta era uma questão latente na Bahia. Escravos e libertos urbanos circulavam pela cidade e dividiam os trabalhos diários – e às vezes até as moradias – formando laços de sociabilidade e solidariedade, que facilitavam as ações políticas. Os trabalhadores urbanos mais alguns escravos de engenho decidiram se rebelar com a intenção de formar uma Bahia Malê, que seria controlada por africanos, tendo à frente representantes muçulmanos. Mesmo intencionando a tomada de poder, logo a revolta foi controlada.



A Revolta do Malês aconteceu em Salvador e passou-se na madrugada do dia 25 de janeiro de 1835. Naquela época, essa capital era uma das principais cidades escravistas do Brasil e possuía apenas 22% de sua população formada por brancos livres. Os escravos africanos (e seus descendentes) eram 40% da população total da cidade que, na época, era de 65 mil habitantes.


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Foi nesse cenário que se deu a maior revolta de escravos do Brasil. Os participantes da Revolta dos Malês foram na sua maioria nagôs, mas sabe-se também que o levante contou com a participação de africanos haussás e tapas (conhecidos também como nupes). A maioria dos envolvidos era muçulmana, mas muitos também eram adeptos de religiões de matriz africana.

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O envolvimento dos muçulmanos foi algo marcante nesse acontecimento e evidenciou o papel da religião na luta por transformação social. A importância dos muçulmanos foi tão grande que influenciou na forma como essa revolta foi chamada. A palavra malês é oriunda de imalê, expressão que no idioma Iorubá significa muçulmano.



Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1835 – 1845)

Foi a mais longa e duradoura das revoltas do período regencial, deflagrada por conta de aumentos de impostos. Mas, em 20 de setembro de 1835 foi proclamada a República Rio-Grandense, tendo como líder Bento Gonçalves que governou a província em 1837. Com o comando de Giuseppe Garibaldi proclamaram em Santa Catarina a República Juliana. A revolta ultrapassou o período regencial e só foi finalizada no segundo reinado.


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Os principais motivos do estopim da rebelião foram, em linhas gerais, o ideário republicano presente na região, pela proximidade com as repúblicas platinas, uma tradição autonomista das elites locais combinado com o centralismo excessivo que marcou a política do inicio do período imperial e a vontade de parte das elites regionais de se unirem ao recém-independente Estado do Uruguai, assim como o sentimento de que o Brasil não protegia os interesses do Rio Grande além da fronteira, onde diversas escaramuças ocorreram e relatos de roubo de gado eram comuns. O principal motivo de curto prazo, entretanto, foi a taxação excessiva do charque (espécie de carne-seca muito utilizada na alimentação de escravos no período) rio-grandense em comparação com o charque dos demais estados platinos pelo governo imperial, o que gerava uma enorme desvantagem para o produto do Rio Grande em comparação com o produto estrangeiro, mas, por outro lado, oferecia uma vantagem comercial para os consumidores do nordeste e do sudeste, que podiam adquirir o charque estrangeiro por um preço muito mais barato, o que gerou um sentimento de alienação por parte das elites gaúchas, que se rebelaram.

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Em 1842, o governo imperial nomeou Duque de Caxias (Luiz Alves de Lima e Silva) para comandar uma ação com objetivo de finalizar o conflito separatista no sul do Brasil.

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Bento Gonçalves

Em 1845, após vários conflitos militares, enfraquecidos, os farroupilhas aceitaram o acordo proposto por Duque de Caxias e a Guerra dos Farrapos terminou. A República Rio-Grandense foi reintegrada ao Império brasileiro.


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Duque de Caxias


Fontes:
infoescola.com
brasilescola.uol.com.br
rachacuca.com.br
google.com
suapesquisa.com

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