Uma conspiração sórdida da direita antissemita francesa, em campanha política, acusou de espião o oficial de Estado Maior, Alfredo Dreyfus. Ele foi julgado e condenado em 22 de dezembro de 1894 à prisão perpétua por alta traição, sendo humilhado publicamente em frente à sua tropa, os distintivos retirados de seu uniforme e seu sabre, símbolo de honra militar, foi partido em dois. Era a humilhação máxima que um oficial poderia sofrer.
O alto comando do Exército francês encenou um lance de espionagem e condenou um inocente. O capitão Alfred Dreyfus, acusado de vender informações secretas aos alemães, recebeu pena de prisão perpétua. O objetivo era desviar a atenção dos inimigos do verdadeiro segredo, um novo canhão, uma super-arma de guerra. Mas tudo foi descoberto. Indignados, os cidadãos exigiram a revisão do caso. A França nunca mais seria a mesma .
Quando o capitão de Artilharia Alfred Dreyfus , oficial do Estado-Maior do Exército, foi sentenciado à prisão perpétua na Ilha do Diabo, Guiana Francesa, em 1894, não houve protesto. A opinião pública também o condenou.
A França, recém-saída da guerra contra a Prússia, vivia um período de estabilidade política interna e a população encarava as Forças Armadas como as intocáveis guardiãs da Segurança Nacional. Quatro anos se passaram até que algumas ilustres personalidades resolvessem denunciar as inúmeras irregularidades do processo. Entre elas estavam os escritores Émile Zola e Anatole France, o poeta Charles
Péguy e os compositores Alfred Bruneau e Albèric Magnard. Mas só em julho de 1906 sua inocência foi reconhecida e ele pôde ser reabilitado.
Dreyfus
O centenário do Caso Dreyfus desencadeou a publicação, na França, de vários estudos que reavaliam a questão. Um dos mais interessantes, sem tradução em português, é Un secret bien gardé (Um segredo bem guardado), de Jean Doise, especialista em História Militar. Baseando-se em minucioso exame de toda a documentação existente — incluindo arquivos nunca antes abertos aos pesquisadores —, ele formula uma explicação coerente e com muita probabilidade de aproximar-se do que realmente aconteceu, mas que difere da comumente aceita por especialistas no assunto, como Jean-Denis Bredin, o respeitado autor de L’Affaire (O Caso).
Sempre se acreditou que o capitão fora acusado devido a um erro decorrente de uma perícia apressada. E que a esse erro se juntou o preconceito: Dreyfus era judeu, de origem burguesa, numa arma do Exército onde predominava uma elite aristocrática. A partir daí, e apoiado no anti-semitismo da opinião pública, sem poder admitir que escolhera o homem errado, o Exército teria feito tudo para condená-lo, a ponto de proteger o verdadeiro culpado.
Mas o especialista Doise é de opinião que o indiciamento do capitão não foi por acaso e sim uma escolha deliberada de seus superiores. Para ele, o anti-semitismo, embora tenha tido papel fundamental no decorrer do processo, não foi elemento significativo no início. O ponto de partida do Caso Dreyfus, diz ele, foi uma intox — abreviatura de intoxication, nome dado às operações com que o Service de Renseignements (SR, serviço de informações do Exército) semeava notícias falsas para despistar inimigos em potencial.
O famoso escritor Emile Zola encabeçou um manifesto demolidor, com o título de "J accuse", em que denunciava o crime da denúncia e a vileza de cada um dos personagens que contribuíram para a caricatura de julgamento e sentença condenatória. Anos depois, a verdade veio à tona, e Dreyfus foi libertado. Mas ele foi obrigado a suportar a injusta ignomínia e os sofrimentos da prisão impostos pela conspiração de alguns juízes sem consciência ética. Apesar de uma carreira impecável e de ter mais de 65 anos de idade, ele foi preso sem provas concretas, nas celas dos delinquentes consumados, mesmo quando a lei proibia prender pessoas com idade superior à dele. Seu caso comoveu o mundo inteiro e virou notícia.
Emile Zola
O diretor Roman Polanski lançou nesse ano filme J´accuse", baseado no manifesto de Emili Zola, que narra a acusação e a injusta condenação de Dreyfus.
Fontes:
seuhistory.com
super.abril.com.br
google.com
youtube.com
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