Hoje vamos falar de um dos principais escritores da Segunda Fase do Modernismo Brasileiro, Murilo Mendes.
Murilo Mendes (1901-1975) foi um poeta brasileiro. Fez parte do Segundo Tempo Modernista. Recebeu o Prêmio Graça Aranha com seu primeiro livro "Poemas". Participou do Movimento Antropofágico, que buscava uma vinculação com as origens do Brasil.
Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz de Fora, em Minas Gerais, no dia 13 de maio de 1901. Iniciou seus estudos na sua terra natal. Entre 1912 e 1915, estudou poesia e literatura. Em 1917 foi para Niterói e ingressou no Colégio Interno Santa Rosa, porém, fugiu do colégio e se recusou em voltar. Nesse mesmo ano, foi para Rio de Janeiro com seu irmão mais velho, o engenheiro José Joaquim, que o colocou como arquivista na Diretoria do Patrimônio Nacional.
Em 1920, passou a colaborar com o jornal “A Tarde”, de Juiz de Fora, produzindo artigos para a coluna Chronica Mundana, com a assinatura MMM e depois com o pseudônimo “De Medinacelli”. Em 1924, passou a escrever poemas para as duas revistas modernistas: ”Terra Roxa e Outras Terra” e “Antropofagia”.
Em 1930, lançou seu primeiro livro "Poemas", revelando nessa primeira fase de sua poesia a influência do Movimento Modernista, quando aborda os principais temas e procedimentos do Modernismo brasileiro dos anos 20, como o nacionalismo, o folclore, a linguagem coloquial, o humor e a paródia. Escreve ainda: “Bumba-Meu-Preta” (1930) e “História do Brasil” (1932).
Contexto Histórico
A Segunda Fase do Modernismo que se estendeu de 1930 a 1945 foi o reflexo de um conturbado momento histórico, uma herança da depressão econômica, do avanço do nazi-fascismo, da expansão do comunismo e da Segunda Guerra Mundial. No Brasil, deu-se a ascensão de Getúlio Vargas e a consolidação de seu poder com a ditadura do Estado-Novo.
A poesia desse período traz uma temática mais politizada, resultado das profundas transformações, como também surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo, como fruto dessa inquietação, como é o caso da segunda fase da poesia de Murilo Mendes.
Poesia Religiosa
Murilo Mendes foi um dos principais representantes da poesia religiosa cultivada na Segunda Geração do Modernismo. Com a publicação de “Tempo e Eternidade” (1935), escrito em parceria com Jorge de Lima, Murilo Mendes registra a interferência do elemento religiosidade, fruto de sua adesão ao catolicismo, e apresenta uma poesia onde combina elementos de espiritualidade mística, com aspectos da religiosidade popular brasileira.
O texto a seguir integra o livro ”A Poesia em Pânico” (1938), uma das obras mais importantes de Murilo Mendes, onde o poeta, com forte influência cubista, desestrutura os versos para poder então recriá-los em conformidade com a criação divina:
Poema Espiritual
Eu me sinto um fragmento de Deus
Como sou um resto de raiz
Um pouco de água dos mares
O braço desgarrado de uma constelação.
A matéria pensa por ordem de Deus,
Transforma-se e evolui por ordem de Deus.
A matéria variada e bela
É uma das formas visíveis do invisível.
Na igreja há pernas, seios, ventres e cabelos
Em toda parte, até nos altares.
Há grandes forças de matéria na terra no mar e no ar
Que se entrelaçam e se casam reproduzindo
Mil versões dos pensamentos divinos.
A matéria é forte e absoluta
Sem ela não há poesia.
Poesia Surrealista
Murilo Mendes foi considerado como o principal representante da poesia surrealista no Brasil. A partir da publicação do livro “O Visionário” (1941), evidencia-se na obra de Murilo Mendes uma poesia surrealista, quando o poeta funde o imaginário e o cotidiano, o onírico e o intra-mundano, assim como o eterno e o contingente. A poesia “Solidariedade” é parte integrante do livro “Os Visionários”.
Solidariedade
Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista.
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança.
Em 1947, Murilo Mendes casa-se com Maria da Saudade Cortesão, poetisa e filha de Jaime Cortesão, historiador e poeta português exilado no Brasil durante o regime ditatorial de Salazar, em Portugal. Entre 1952 e 1956, residiu com a mulher na Europa, em missão cultural na Bélgica e na Holanda. Em 1957 vai para a Itália como professor de Cultura Brasileira na Universidade de Roma.
Até o final de sua carreira, Murilo Mendes trilhou outros caminhos, como a busca do formalismo clássico e as experiências com a linguagem subjetiva, concreta, momento em que já vivia na Europa. Em 1972, Murilo Mendes veio pela última vez ao Brasil.
Murilo Mendes faleceu, em Estoril, Portugal, no dia 13 de agosto de 1975.
Fontes:
ebiografia.com
wikipedia.org
google.com
educacao.bol.uol.com.br
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