A Revolta Paulista de 1924, também chamada de Revolução Esquecida, Revolução do Isidoro, Revolução de 1924 e de Segundo 5 de julho, foi a segunda revolta tenentista e o maior conflito bélico da cidade de São Paulo. Teve início na madrugada de 5 de julho e terminou em 28 de julho de 1924. A revolta foi motivada pelo descontentamento dos militares com a crise econômica e a concentração de poder nas mãos de políticos de São Paulo e Minas Gerais, a chamada política do café com leite.
Na segunda década do século passado o Brasil ainda era uma República anacrônica, pois o objetivo do Estado Brasileiro, em um “ciclo perverso”, encerrava-se em si mesmo. A população era o que menos importava! Reinava a famigerada política do “Café com Leite”, com a alternância do Executivo Federal (Presidência da República) apenas por representantes de oligarquias dos Estados economicamente majoritários, entenda-se São Paulo e Minas Gerais. Começava a se desenhar a Revolução Esquecida de 1924 .
As eleições eram manchadas pelo incrédulo voto aberto, o malicioso voto de cabresto, com o povo “exercendo cidadania” de acordo com o pensamento dos poderosos “coronés” (como eram chamados os chefes políticos locais). Tais práticas cobriam nossos sertões. O Presidente da República à época era o também oligarca Arthur Bernardes, em triste continuísmo político.
A espoleta da rebeldia nascera no Exército, através do Quartel de Santana, o tradicional 4º BC- Batalhão de Caçadores, na Rua Alfredo Pujol (hoje, Centro Preparatório de Oficiais da Reserva- CPOR/SP), no "Solar dos Andradas", dissipando-se através dos Quartéis da Força Pública da área central de São Paulo, ao longo da Av. Tiradentes.
O Quartel da Luz, no atual Regimento de Cavalaria e parte do antigo 1º Batalhão da Força Pública, hoje, 1º BPChq/ROTA), sob o comando do Major Fiscal do Regimento de Cavalaria da Força Pública MIGUEL COSTA e inúmeros outros colaboradores (destacando-se o tenente FP JOÃO CABANAS, autor do livro "A Coluna da Morte"), dominaram a cidade de São Paulo. O Quartel da Luz passa a ser a sede Revolucionária, até ser atingida por obuses legalistas, durante a dominação por 23 deias dias da cidade. Durante a Campanha a sede Revolucionária encontraria novo endereço, a Estação da Luz, a menos de 500 metros do Quartel da Luz.
Do interior Paulista outras Unidades do Exército se levantaram, chegando à Capital, apoiando o Movimento Revolucionário, Batalhões esses de Quitaúna (região de Osasco), Itu, Rio Claro, Jundiaí e Caçapava também.
Uma resistência inesperada da Força Pública, em pleno Bairro da Luz, tomado pelos Revolucionários, destaca-se no horizonte: o 4º Batalhão da Força Pública, (hoje, 4ª BPM/I, com sede na cidade de Bauru- SP), também situado no centro nervoso da Revolução, na Av. Tiradentes, esquina com Rua Bandeirantes (Quartel hoje não mais existente), a 200 metros do Quartel da Luz da Força Pública.
O 4º Batalhão, transformou- se, segundo o tenente Benito Serpa, um de seus valentes soldados, “A Verdun Paulista”, bastião legalista, que resistiu a fúria rebelde até a fuga do Presidente do Estado para Guaiaúna, no Bairro da Penha, na Capital (hoje área abrangida pela estação do metrô Penha).
O Chefe do Executivo Paulista, Carlos de Campos, não resistindo aos ataques contra o Palácio Campos Elíseos (ainda existente, na Esquina da Av. Rio Branco x Praça Princesa Isabel), sede do Governo Paulista, no bairro de mesmo nome, em 08 de julho fugiu para Guaiaúna, após ataques sofridos no Palácio bem como nos prédios governamentais no Largo do Carmo, área central, próximo da Praça da Sé.
O intuito do Movimento era a derrubada do Presidente Arthur Bernardes, que representava a ordem vigente, arcaica, carcomida e corrompida, além da mudança radical da estrutura viciada do Estado Brasileiro, através do ensino gratuito e obrigatório, o voto secreto e uma Justiça independente.
O “5 de Julho de 1924” era originário do “Movimento Tenentista”, grupo essencialmente urbano, representante da classe média em crescimento, antagônico ao movimento ruralista e tradicional, pois almejava profundas mudanças na sociedade brasileira. Em nada se confunde com a ideologia pregada pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, decorrente da Revolução Russa, de 1917.
O Movimento Tenentista teve seu batismo de fogo no mesmo dia, porém dois anos antes, na cidade do Rio de Janeiro, no episódio conhecido como "Os 18 do Forte de Copacabana", que, com semelhança ao voluntarismo dos "300 de Esparta", marcharam para a morte e pela glória na Praia de Copacabana. Ao final da peleja restaram feridos, em destaque, os Tenentes Siqueira Campos, que dá nome ao Parque Trianon, na Av. Paulista, e Eduardo Gomes, futuro Brigadeiro de nossa Força Aérea. 6 deles morreram.
Os dois já recuperados e eternos rebeldes teriam intensa participação na Revolução de 1924 bem como no comando de tropas da Coluna Miguel Costa-Prestes pelo Brasil. O ano de 1922 na História brasileira foi no mínimo diferenciado, pois outros dois episódios fecharam-no: Semana de Arte Moderna e fundação do Partido Comunista do Brasil!
Alguns anos antes, em 1917, durante a Greve Geral de São Paulo, surgiria para os anais da História brasileira a figura do então capitão de Cavalaria MIGUEL COSTA. O Cavalariano, em determinada ação, recebera ordens governamentais para dissipar os manifestantes. Já na atividade policial, recebeu uma pedrada na testa, lançada por um dos grevistas mais exaltado.
Palácio dos Campos Elísios
Segurando sua tropa, apeou de seu cavalo e se pôs a conversar com os grevistas. Recebeu o convite para verificar as precárias condições em que viviam as pessoas. Aceitou o convite. Influenciado pelas condições subumanas que seus olhos constataram, o estado de abandono e promiscuidade em que viviam nos cortiços os operários, imigrantes, migrantes, crianças, mulheres, idosos etc.
Auxiliou na negociação da primeira greve no Brasil, servindo-se como intermediário entre os paredistas e as autoridades constituídas. Muitos dos moradores daqueles casebres eram seus soldados com suas famílias... Com certeza aquela vistoria de 1917 incrementou sua visão humanista, pois foi testemunha presencial das condições adversas de vida no Brasil naquele primeiro quarto do século passado.
Mas, enquanto persistia o "Julho Revolucionário de 1924", a situação na Cidade, durante o domínio rebelde, só piorava.
Por estúpida decisão de Arthur Bernardes, apoiada por Carlos de Campos bem como no Ministro da Guerra, general Setembrino de Carvalho, decidiram bombardear a Cidade Aberta, mesmo sem alvos essencialmente militares, com os destruidores canhões de 75 e 105 mm. Era o chamado “bombardeio terrificante”, tão usado pelos litigiosos durante a I Guerra Mundial. O Governo situacional, através dos canhões e de sua debutante aviação, em total desrespeito à população civil, arrasou bairros populares (e operários) como Moóca, Brás, Penha, Belém, Centro, Ipiranga, Perdizes, Vila Mariana, Paraíso, dentre outros, agraciados com as bombas que levavam o beijo da morte...
Prédio bombardeado na Rua 21 de abril (Belém)
A Cidade era habitada por aproximadamente 700.000 almas, muitas das quais simpatizantes dos rebeldes. Em decorrência das "bombas legalistas" ocorreu um gigantesco êxodo da cidade, pois em torno de 300.000 pessoas abandonaram-na, a pé, de trem, carroças, carros, à cavalo etc.. Sempre ela, a Guerra, fazendo vítimas civis, similar ao que ocorre hoje na Síria, um Estado retalhado por concepções políticas, ideológicas e religiosas radicais.
Deflagrada na capital paulista em 5 de julho de 1924, a revolta ocupou a cidade por 23 dias, forçando o presidente do estado, Calos de Campos, a fugir para o bairro da Penha, em 9 de julho, depois de ter sido bombardeado o Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo paulista na época. Carlos de Campos ficou instalado em um vagão adaptado na estação Guaiaúna, da Central do Brasil, onde se encontravam as tropas federais vindas de Mogi das Cruzes.
No interior do estado de São Paulo aconteceram rebeliões em várias cidades, com tomada de prefeituras no estado de São Paulo.
Com ataque aéreo do governo federal, a revolta foi controlada.Isidoro Dias Lopes e Juarez Távora planejaram, então, um ataque àquela cidade. A derrota em Três Lagoas, no entanto, foi a maior derrota de toda esta revolta. Um terço das tropas revoltosas morreu, feriram-se gravemente, ou foram capturadas. Os tenentistas recuaram rumo ao sul do Brasil, na cidade de Foz do Iguaçu, unindo-se aos oficiais gaúchos comandados por Luís Carlos Prestes, no que veio a ser o maior feito guerrilheiro no Brasil até então: a Coluna Prestes.
Ouvi muitas histórias de minha avó Laura, que na época vendia verduras pelas ruas de São Paulo, afirmando que quando saia de madrugada para ir até o Mercado Municipal da Cantareira via muitos corpos espalhados pelas ruas.
A coluna, durante mais de dois anos, percorreu 24 mil quilômetros e 13 Estados da federação. Foi combatida por todos os tipos de adversários: forças regulares, conduzidas pelo General Cândido Mariano da Silva Rondon e Coronel Bertholdo Klinger, milícias · estaduais, jagunços, assaltantes e cangaceiros
Enfrentou efetivos superiores ao seu, que era de 1.500 homens, sem que nunca lhe tivesse sido infligida uma única derrota séria.
Luís Carlos Prestes ( O cavaleiro da esperança)
Fonte:
Wikipedia.org
google.com
eb.mil.br/exercito-brasileiro
historiadobrasil.net
ulimosegundo.ig.com.br
saopauloinfoco.com.br
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