sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Olá, pessoal !


Hoje vamos falar do poeta Armando Freitas Filho.







A cidade atravessa o dia


A cidade atravessa o dia 
engatilhada. 
Anônimo, mata ao acaso 
e escapa, acossado 
atirando para o alto 
no alvo do sol certeiro. 

Antes da pena d'água 
o mar aberto se debate 
inumerável, perdido 
diante de palmeiras selvagens 
temperado em heróica 
e lírica consonância 
com a lagoa inesperada 
na boca seca do túnel 
com o céu 
reagindo no reflexo 
tentando subir se salvar 
mas resvala na pedra 
isolado. 

A noite afinal dispara. 
Vou no vácuo, no intervalo 
harmônico 
entre dor e nada 
acuado em corpo único 
vivendo do próprio fígado. 

Nasce no Rio de Janeiro em 18 de fevereiro de 1940.


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Na juventude teve contato com a poesia de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.
Participou da Instauração Práxis, em 1962. Foi pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa e da Fundação Biblioteca Nacional, secretário da Câmara de Artes do Conselho Federal de Cultura e assessor do Instituto Nacional do Livro, onde se aposentou. está presente em diversas antologias, no país e no exterior. Vive no Rio de Janeiro. Poeta vinculado ao segmento marginal da Geração-60, Armando realiza uma poesia entre o minimalismo e o experimentalismo, com forte impulso erótico. Obra poética: Palavra (1963); Dual (1966); Marca registrada (1970); De corpo presente (1975); É mão livre (1979); Longa vida (1982); 3x4 (1985, Prêmio Jabuti); De cor (1988); Cabeça de homem (1991); Némeros anônimos (1994); Duplo cego (1997); Fio terra (2000); Máquina de escrever: poesia reunida e revista (2003); Raro mar (2006).

A partir dos livros seguintes :— De Corpo Presente (1975) e À Mão Livre (1979) —, Armando Freitas Filho aproxima-se mais do racionalismo de João Cabral de Melo Neto. O poeta também manteve intensa convivência com os poetas cariocas
da chamada "geração marginal" e parece ter incorporado um pouco da dicção coloquial e prosaica desses poetas. Isso pode ser constatado em livros como À Mão LivreLonga Vida (1982) e 3x4 (1985). Aí também se destaca o erotismo sem véus plasmado pelo autor, especialmente no primeiro livro. 

Manual da máquina CDA


A máquina é de pedra e pensamento.
Funciona sem água, deslizando
seu lençol de laje e lembrança
aberto e desperto por natureza.
Tem por motor o atrito, a tração
a alavanca que levanta quem lê
e o modela, diferente, a cada passada
pois se faz também diversa:
novos perfis que se enfrentam
assimétricos, e que não esperam
o encaixe certo, feito à regua
mas o impossível, irregular, sem
efes-e-erres, com recortes irritados
se aproximando, como no boxe —
através do choque, onde se juntam —
íntimos, podendo parecer ternos
apesar dos dentes, roldanas, o amor
arranca, em chão de escorpião.
Quando revista, de perto, por dentro
a máquina — que não se passa a limpo —
se compreende um pouco do engenho
do mecanismo de suas linhas partidas.



Numeral


Escrever é arriscar tigres
ou algo que arranhe, ralando
o peito na borda do limite
com a mão estendida
até a cerca impossível e farpada
até o erro — é rezar com raiva.


Fontes:
algumapoesia.com.br
wikipedia.org
globaleditora.com.br
sesc.com.br/portal/site/palavra

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