Hoje vamos falar de mais um episódio triste oriundo de informações falsa, ignorância e medo.
As bruxas de Salém.
Corria os anos de 1692 e 1693, e numa pequena localidade no estado do Massachusetts, os puritanos radicais que lá viviam, a maioria imigrantes da Inglaterra, começaram a presenciar fatos estranhos, que por ignorância e exagerada religiosidade atribuíram a Satanás.
Em fevereiro de 1692, durante um inverno excepcionalmente frio, Betty Parris, filha de 9 anos do ministro religioso de Salém, pegou uma doença estranha. Contorcia-se de dor, gritava, sofria de febre e reclamava para o médico do vilarejo que parecia estar sendo picada. Hoje, a ciência tenta explicar a doença como combinação de asma, abuso infantil e epilepsia. Outra tese: a garota teria ingerido um fungo presente no pão. Mas, na época, ninguém sabia o que era.
Outras seis garotas, incluindo uma prima de Betty, também desenvolveram os sintomas. Elas se contorciam em poses grotescas e diziam sentir mordidas e beliscadas no corpo. O médico William Griggs sugeriu que a origem do problema seria sobrenatural. A família ficou obcecada com a hipótese.
Naquela época, um livro fazia muito sucesso. Escrito por Cotton Mather, Memoráveis Providências descrevia o caso de uma lavadeira de Boston suspeita de bruxaria. E o comportamento de uma vítima da suposta bruxa parecia o de Betty. Foi o que faltava para o início de uma onda de pânico.
A primeira suspeita foi a escrava Tituba (não se sabe ao certo se era de origem africana ou da América Central), que contava lendas de bruxas e vodus do folclore de seu país para as meninas. As crianças acusaram outras mulheres como autoras do “feitiço”. Para tentar escapar da forca, Tituba confessou ser bruxa e voar com várias companheiras de feitiçaria.
O número de acusadas não parava de crescer e, no dia 27 de maio de 1692, o governador William Phipps criou um tribunal especialmente para os casos de bruxaria. O primeiro julgamento foi o de Bridget Bishop, acusada de bruxaria por ser fofoqueira e promíscua. Ainda que tenha dito que não tinha qualquer envolvimento com bruxaria, ela acabou sendo considerada culpada e se tornou, no dia 10 de junho, a primeira pessoa enforcada sob a acusação de bruxaria.
No mês seguinte, mais cinco mulheres foram condenadas ao enforcamento; em agosto, foram mais cinco e, em setembro, oito. À época, tanto o ministro Cotton Mather quanto seu filho, Increase Mather, então presidente de Harvard, pediam ao Governo para que não considerasse sonhos e visões como evidências em testemunhos.
Os pedidos foram considerados pelo governador Phipps, que estava em um dilema depois de sua própria esposa ser acusada de bruxaria – aí a coisa muda, né? Com o passar do tempo, as condenações diminuíram, e, em outubro, de 56 acusadas, três foram condenadas, e as mulheres que estavam presas acabaram sendo liberadas em maio de 1693.
Ainda assim, o estrago já tinha sido feito. Ao todo, 19 mulheres foram enforcadas, diversas morreram na prisão, um homem de 71 anos foi morto a pedradas e cerca de 200 pessoas foram acusadas de praticar bruxaria e realizar pactos com o demônio.
Em 1996 foi lançado um filme com o título "as bruxas de Salem" dirigido por Nicholas Hytner com Wynona Ryder, Daniel Day-Lewis, Joan Allen e Paul Scofield
Com o fim das acusações, dos julgamentos, das prisões e das sentenças, começou a série de mea culpa com declarações de pessoas como o juiz Samuel Sewall, que pediu perdão publicamente por ter errado em seus julgamentos. No dia 14 de janeiro de 1697, o Tribunal Geral de Salem promoveu um dia de jejum em respeito às almas das mulheres condenadas.
Fontes:
megacurioso.com.br
mundoestranho.abril.com.br
wikipedia.org.
youtube.com