Olá, pessoal!
Hoje vamos falar do livro "O Ateneu" de Raul Pompéia.
Os elementos expressionistas estão na descrição, através de símiles exagerados, dos ambientes e pessoas, compondo “quadros” de muita riqueza plástica, especialmente visual, e desnudando de forma cruel os lugares, colegas, professores etc. A frase transmite grande carga emocional. O estilo é nervoso, ágil. A redução das personagens a caricaturas grotescas parece proveniente da intenção de deformar, de exagerar, como se Raul Pompéia estivesse “vingando-se” de tudo e de todos.
As mangueiras, como intermináveis serpentes, insinuavam-se pelo chão. (...)
As crianças, seguindo em grupos atropelados, como carneiros para a matança. (...)
Livro publicado em 1888, é considerado um dos livros mais importantes do realismo brasileiro.
O autor Raul D´Ávila Pompéia nasceu em Angra dos Reis - RJ em 12 de abril de 1863, e suicidou-se no Rio de Janeiro em 25 de dezembro de 1895, amargurado pelo ostracismo e pela depressão pela qual foi acometido.
O livro narrado em primeira pessoa que conta a adolescência de Sérgio, por ele mesmo, agora um homem adulto, de sua passagem pelo Ateneu, um famoso, austero e caro colégio interno da época.
O autor utiliza o colégio como um retrato da sociedade da época. Dentro de seus muros eram vivenciados todos os problemas, traumas, hipocrisias, e reminiscências de sua infância e juventude.
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei
depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa
de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o
poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à
impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso.
Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob
outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos
ultrajam."
Numa linguagem culta, típica do parnasianismo, às vezes erudita ao extremo, o autor expôs suas impressões de forma realista.
Sobre Aristarco, o diretor do colégio ele diz:
"Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei — o autocrata excelso dos silabários; a
pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que ele fazia para levar
adiante, de empurrão, o progresso do ensino publico; o olhar fulgurante, sob a crispação
áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes — era a
educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a
lisura das consciências limpas — era a educação moral. A própria estatura, na imobilidade do
gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não
vêem os cavados de Golias?!"
A descrição mostra toda a acidez, e desprezo pela figura do diretor, que representava a repressão, o autoritarismo, e a prepotência.
As mangueiras, como intermináveis serpentes, insinuavam-se pelo chão. (...)
As crianças, seguindo em grupos atropelados, como carneiros para a matança. (...)
No primeiro contato com o Ateneu, conheceu D.Ema, que logo, pediu para que ele cortasse os cabelos.
Passa então a descrever os colegas do colégio.
Sanches era um bom aluno, protetor, e ficou muito ligado em Sérgio. Nesse ponto da narrativa, o autor insinua até uma ligação mais íntima entre ambos, que faz com que eles briguem e desfaçam a amizade.
Imagem o problema de um tema como o homossexualismo ser tratado no século XIX.
Fez amizade com Franco, um aluno bagunceiro do colégio, depois passa a ter amizade com Barreto, um garoto extramente religioso, Sergio o seguia em suas rezas.
Ao tirar notas baixas nas provas, se revoltou contra Deus, e passou a ter amizade com Bento um segurança do colégio, acreditando assim que teria maior proteção.
Sérgio, mostra toda a sua insegurança, como narrado no primeiro paragrafo do livro.
Ele deixou a segurança de sua casa, onde era protegido, e foi lançado num mundo externo com todos os perigos e desafios.
Ele procurou então, a segurança perdida em outras pessoas, e a medida que se decepcionava com elas buscava justamente o oposto delas, sempre em busca de tranquilidade, sossego e paz.
Sérgio conhece então Egbert, intitulado pelo narrador como seu único amigo verdadeiro, uma vez que era uma amizade sem interesses, apenas alicerçada em admirações sinceras. Egbert sempre tirava boas notas, e por essa razão foi convidado junto com Sérgio para um jantar na casa de Aristarco. Nesse jantar, D. Ema estava lá e Sérgio recebeu muitas carícias dela, reafirmando um amor platônico. Após esse acontecimento, ele sente-se homem e resolve se afastar de Egbert. Paralelamente, Franco morre de uma doença misteriosa, ocasionada por maus tratos no colégio.
Há então na escola uma solenidade onde o Aristarco recebe um busto em cobre. Dividido entre o orgulho e uma competição com o busto, Aristarco o recebe orgulhosamente. Porém, no desfecho do livro, acontece um incêndio, provavelmente provocado por Américo e a escola tem o seu fim. Sérgio fica na casa do diretor.
Fontes:
educacao.globo.com
passeiweb.com
wikipedia.org
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