sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Olá, pessoal !

Hoje publico na íntegra o artigo da escritora, tradutora e intérprete Jo Pires O´Brien, sobre as vertentes da educação no Brasil do ponto de vista da direita e da esquerda, com nomes de peso como Anísio Teixeira e Paulo Freire.

Resultado de imagem para anisio teixeira

                                         Anísio Teixeira

Resultado de imagem para Paulo Freire

Paulo Freire

"Dentre os diversos educadores brasileiros, dois deles se destacaram pelas suas visões da educação como libertação do indivíduo: Anísio Teixeira (1900-1971) e Paulo Freire (1921-1997). Teixeira foi um democrata liberal que lutou pela educação pública de qualidade; Freire foi um democrata social que se destacou na área da educação de adultos. Apesar de suas diferentes ideologias, as suas visões sobre a educação eram muito parecidas: viam a educação como um meio para a liberdade e abominavam o elitismo da educação formal.
Basta ler a biografia de Teixeira para perceber que ele era um autodidata por excelência, que aprendia de tudo com tudo o que via e ouvia, inclusive com a experiência de ter vivido durante duas ditaduras, a do Estado Novo e a ditadura militar de 1964. Baiano de Caetité, Teixeira iniciou a sua carreira como educador aos vinte e dois anos de idade, logo depois de se formar em Ciências Jurídicas e Sociais, no Rio de Janeiro. Teixeira era reconhecido e respeitado tanto pela sua inteligência e elevada cultura geral quanto pela sua decência e integridade. Após ter viajado pela Europa, em 1927 ele fez a sua primeira viagem aos Estados Unidos, voltando da mesma com um caderno de anotações cheio. No ano seguinte, em 1928, ele retornou aos Estados Unidos para fazer um mestrado no Teachers College da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde conheceu as ideias do filósofo americano John Dewey (1859-1952), então professor emérito daquela universidade. Dewey foi um dos mais prolíficos acadêmicos da filosofia da educação e tinha uma grande empatia com intelectuais estrangeiros que haviam sofrido perseguições nos seus países. De volta ao Brasil, Teixeira tornou-se um pioneiro em promover a educação para a democracia. No final da década de cinquenta Teixeira participou dos debates para a implantação da Lei Nacional de Diretrizes e Bases, e no início da década de sessenta ele colaborou com Darcy Ribeiro na criação da Universidade de Brasília. Teixeira foi um incansável defensor da educação pública e da ideia da educação para a democracia.Anísio Teixeira morreu em 1971, em circunstâncias consideradas obscuras, a despeito do laudo de morte acidental no seu atestado de óbito. O seu corpo foi achado num elevador, na Avenida Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Cogita-se que ele tenha sido morto pelas forças de repressão da ditadura militar.
De fato, segundo reportagem da revista Carta Capital, revivendo as circunstâncias de sua morte, consta que Anísio saiu da Fundação Getúlio Vargas na manhã daquele 11 de março de 1971, para ir visitar seu amigo Aurélio Buarque de Hollanda. Ele nunca chegou a se encontrar com o amigo e ficou desaparecido até o dia seguinte quando souberam do general Sizeno Sarmento do I Exército que Anísio teria sido detido para averiguações.
Horas mais tarde Anísio foi encontrado no fosso do elevador do apartamento de Aurélio Buarque de Hollanda, com lesões não compatíveis com a queda.
Mesmo sendo um liberal e de tendências mais à direita, o fato dele defender uma educação pública de qualidade, não era aceito pela elite da época, como pela elite atual, programas de inclusão social, como educação e saúde são frequentemente criticados.
A biografia de Paulo Freire também joga luz sobre o seu autodidatismo. Nascido no Recife, Freire começou a lecionar enquanto cursava a faculdade de direito da mesma cidade. Ele teve o primeiro contato com a alfabetização de adultos quando tinha apenas vinte anos, ao ser contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi. No início de 1964 Freire foi convidado pelo Presidente João Goulart para coordenar o programa nacional de alfabetização que estava para deslanchar. Entretanto, o programa não foi adiante devido ao golpe militar de 1964. Perseguido pelas suas ideias consideradas subversivas Freire chegou a ser preso, e ao sair da prisão ele se exilou no Chile e depois na Suíça. O seu livro Pedagogia dos oprimidos (1968), escrito no Chile, representa o somatório das suas ideias de pedagogia crítica ou pedagogia libertadora, baseada no questionamento do aprendizado e da sua ligação com a sociedade, assim como na ideia de que o aprendizado beneficia tanto o aluno quanto o professor.
Em 1969 Freire lecionou na Universidade de Harvard, e na década de 1970, serviu ao Conselho Mundial das Igrejas (CMI), com base em Genebra, na Suíça, como consultor para assuntos educacionais, através do qual ele visitou a Zâmbia, a Tanzânia e os países africanos de língua portuguesa. Nessa época ele tomou conhecimento do educador dinamarquês Nikolai Frederik Severin Gruntvig, que inspirou as suas duas obras mais importantes: Pedagogia da esperança (1992) e À sombra desta mangueira (1995). A longa barba que Freire exibiu nos dez anos anteriores à sua morte fez com que se parecesse um Gruntvig brasileiro. Freire foi professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e em 1989 foi o Secretário de Educação do Município de São Paulo, na gestão de Luísa Erundina. Para Freire, a chave da qualidade do ensino é a autonomia da escola, pois permite que se desenvolva de acordo com o seu meio social. Freire serviu de inspiração para os programas educacionais direcionados a  adultos nos Estados Unido, Portugal, Espanha, Argentina e Taipe.
As influências de Freire e de Teixeira estão por trás dos diversos modelos de escolas que surgiram na década de oitenta no Rio de Janeiro e São Paulo, como os Centros Integrados de Apoio à Criança (CIACs) e as diversas variantes do mesmo".

Isso mostra, portanto, que não importam as diferenças ideológicas, mas que o importante para o desenvolvimento de qualquer nação é o ensino público de qualidade.
Isso não é excludente de um ensino privado, mas, sobretudo indica que numa democracia moderna, todos os cidadãos têm o direito de uma educação pública que lhes dê condições de exercerem a sua cidadania.
Numa época não tão distante assim, das décadas de 60 e meados das décadas de 70, o ensino público era de alto nível, com professores bem remunerados e conceituados na sociedade. 
Se um dia foi assim, nada impede que volte a ser, basta vontade política e cobrança por parte de toda sociedade.


Fontes:
jopiresobrien3.wordpress.com/2012
wikipedia.org
cartacapital.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...