domingo, 31 de janeiro de 2021

"Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos. Que me aconteceu ? — pensou. Não era nenhum sonho. O quarto, um vulgar quarto humano, apenas bastante acanhado, ali estava, como de costume, entre as quatro paredes que lhe eram familiares."



Imaginem um situação surreal como essa! Você dorme e quando acorda se vê transformado num inseto.



Esse é a linha da obra do checo Franz Kafka chamada de A Metamorfose.




Na obra de Kafka, Gregório era um homem comum, um trabalhador, como muitos, em um labor que não satisfazia a sua felicidade, mas que muito servia para ajudar a sua família. Até que, em um dia como outro qualquer, o personagem falta ao trabalho. Sua ausência leva seu chefe até a sua casa. E lá acontece o encontro com a realidade aparentemente fria e assustadora, principalmente sob o ponto de vista de quem não consegue ver o invisível (a alma do ser, em sua dignidade). Quando ninguém da família teria aberto a porta do quarto de Gregório, o chefe provoca essa situação e, juntos, se deparam com um grande inseto.





O pai de Gregor continua a passar o seu tempo em casa sentado e dormindo, porém, agora, ele o faz com seu uniforme do trabalho, que em pouco tempo passa a ficar imundo. Cabe à irmã de Gregor o papel da limpeza de seu quarto. Tarefa que no começo ela faz com esmero e prazer, mas que, com o tempo, vai se tornando um fado muito pesado.

Os rituais familiares só mudam totalmente quando a família aluga um quarto para três inquilinos. Com isso, Gregor volta a ser trancado em seu quarto, mas não é somente ele que fica excluído das áreas comuns. A família também passa a fazer as refeições na cozinha, enquanto os inquilinos ocupam a sala.

Um homem ativo e responsável como Gregório Samsa, arrimo de família, passa de uma hora para outra a ser um peso.




Seria mais ou menos como uma pessoa ativa, trabalhadora e provedora do sustento de sua casa de uma hora  para outra fosse acometido de alguma enfermidade que a deixasse à mercê dos cuidados de seus parentes.

A Transformação ( A metamorfose)



Quanto mais a família passa a ser excluída dos ambientes tradicionais da casa mais Gregor passa a ser tratado como um animal. A sua desumanização acompanha o movimento da família. O ápice ocorre quando os inquilinos pedem a sua irmã que toque violino na sala de estar para eles, e a atividade íntima da irmã passa a ser um entretenimento público para os inquilinos.

Neste momento, Gregor é atraído pela música e avança para a sala de estar à vista de todos. Os inquilinos ficam chocados com a imagem do inseto gigante, rompem o contrato e ameaçam processar a família. O ambiente doméstico foi todo metamorfoseado por conta de Gregor e dos inquilinos. Quando eles entram em contato e o acordo é rompido, o pai de Gregor age no sentido de retomar a posse do seu espaço.

Para isso, ele expulsa os inquilinos e trata Gregor como um animal. A metamorfose está completa, ele não é mais o filho. Pouco depois ele morre de inanição, e a família muda de apartamento.


Franz Kafka



Kafka se utiliza de uma figura repulsiva para a maioria das pessoas que é um inseto. Embora na obra não seja especificada a espécie de inseto, a maioria relaciona o inseto com um barata, talvez o mais abjeto de todos eles.



Fontes:

justificando.com
dominiopublico.gov.br
culturagenial.com
google.com

sábado, 30 de janeiro de 2021




Em uma tarde fria de janeiro em Londres, no30 de Janeiro de 1969, os Beatles realizaram sua última apresentação ao vivo, no terraço do edifício do selo fonográfico Apple (o número 3 da Savile Row). A performance era parte de um projeto cinematográfico que documentaria a realização da próxima gravação do quarteto de Liverpool, originalmente chamada Get Back.






A apresentação durou apenas 42 minutos, quando o agente 503 da polícia da delegacia de Westminster entrou para a história como a pessoa que obrigou os Beatles a encerrar a sua última apresentação ao vivo, pois houve reclamação do barulho pela vizinhança. Naquele dia, o grupo gravou para o documentário Let It Be várias canções como a I've Got a Feeling e uma versão do hino britânico. Depois dos Beatles, vários outros grupos, ao longo do tempo, tentaram imitar a iniciativa.


Sob pressão comercial e com desgaste nas relações entre os integrantes, naquele janeiro de 1969 os Beatles estavam envolvidos na produção de um disco e um filme que capturasse processo criativo, sem artifícios de estúdio, numa espécie de resgate ao rock’n’roll puro do começo da carreira. Surgiu daí a ideia de apresentarem-se em um espaço aberto, diferente dos tradicionais estúdios. Não há consenso sobre quem deu a ideia de gravar no terraço da Apple, no endereço 3 Savile Row — o fato era que era o mais viável para uma gravação em cima da hora (e o equipamento já estava todo no porão do prédio).




O frio intenso e a ventania cortante daquele dia enrubesceu ainda mais a face rosada de George Harrison, John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e o tecladista convidado Billy Preston (americano que eles conheceram em 1962, quando excursionaram com Little Richard) soltaram os primeiros acordes. Quem registrou a apresentação foi o americano Michael Lindsay-Hogg.







“Get Back”, “Don’t Let Me Down”, “I’ve Got a Feeling”, “One After 909”, “Dig a Pony”, “God Save the Queen” e um trecho de “I Want You (She’s So Heavy)” foram as músicas tocadas. Três das canções tocadas no concerto foram utilizadas por Phil Spector para compilar o álbum Let It Be: “Dig a Pony”, “I’ve Got a Feeling” e “One After 909”.

Em seus horários de almoço, os trabalhadores e transeuntes que passavam por ali se perguntavam de onde vinham aquelas músicas. Uma multidão se juntou na rua para olhar para cima e ver os Beatles, que estavam tocando em alto volume. A polícia foi chamada e chegou durante o terceiro take de ‘Get Back’. Subiu no telhado pedindo para que o som fosse abaixado. Uma câmera montada na recepção da Apple registrou o momento em que policiais entraram no prédio para ordenar ao grupo que parasse de fazer aquele barulho todo.


A apresentação só terminou quando chegou a polícia, Paul ainda brincou que seria mais fantástico se eles saíssem presos de lá.



Fontes:
history.uol.com.br
google.com
youtube.com
radiopeaobrasil.com.br

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021




Em um dia como este, no ano de 1845, era publicado o famoso poema O Corvo (The Raven), do escritor norte-americano Edgar Allan Poe. A obra apareceu pela primeira vez nas páginas do jornal New York Evening Mirror. O poema traz a figura do misterioso corvo que pousa no busto de Atena e representa o caráter implacável da morte e seu impacto sobre o personagem, que lamenta e sofre profundamente a perda de sua amada Leonora. O que torna o poema diferenciado, principalmente, é a sua musicalidade, a atmosfera sobrenatural e seus jogos fonéticos, além do talento de Poe, um dos maiores nomes do romantismo e da literatura norte-americana.


The Raven 


Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary, Over many a quaint and curious volume of forgotten lore, While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping, As of some one gently rapping, rapping at my chamber door. "'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber doorOnly this, and nothing more." Ah, distinctly I remember it was in the bleak December, And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor. Eagerly I wished the morrow;—vainly I had sought to borrow From my books surcease of sorrow—sorrow for the lost LenoreFor the rare and radiant maiden whom the angels name LenoreNameless here for evermore. And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain Thrilled me—filled me with fantastic terrors never felt before; So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating, "'Tis some visitor entreating entrance at my chamber doorSome late visitor entreating entrance at my chamber door;- This it is, and nothing more." Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer, "Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore; But the fact is I was napping, and so gently you came rapping, And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door, That I scarce was sure I heard you"—here I opened wide the door;- Darkness there, and nothing more. Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing, Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before; But the silence was unbroken, and the stillness gave no token, And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!" This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!"- Merely this, and nothing more. 

São precisamente cento e oito versos que narram o desespero do eu-lírico que perde a sua amada, Lenora.

Um corvo entra subitamente na casa do narrador e pousa sobre uma estátua (o busto de Pallas Atenas, considerada a deusa da sabedoria grega). O corvo e o eu-lírico, então, passam a dialogar:





E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado, Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Na noite em que o corvo invade a casa chove torrencialmente. É uma noite do mês de dezembro, nos Estados Unidos o período é marcado pelo princípio do inverno. O ambiente é soturno e sombrio, típico das obras de Poe.

A tradução do poema para o português não foi nada fácil diante do desafio de preservar a conhecida musicalidade do original em inglês. As versões mais conhecidas para o idioma são as de Machado de Assis e Fernando Pessoa.


Fontes:
history.uol.com.br
google.com
culturagenial.com
cdn.culturalgenial/arquivos/the-raven.pdf


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Em um dia como este, no ano de 1985, chegava ao fim as gravações da música “We Are The World”, em Los Angeles, nos EUA. A canção, composta por Michael Jackson e Lionel Richie, foi interpretada pelos 45 maiores nomes da indústria da música norte-americana. O projeto, que ficou conhecido como “USA for Africa”, foi lançado com o objetivo angariar fundos para o combate a fome na África. O single, o LP e o clipe renderam cerca de US$ 55 milhões. Apenas nos EUA foram vendidos em torno de 7 milhões de cópias, o que tornou o single um dos mais vendidos de todos os temposWe Are the World contou com 44 cantores, entre eles Michael Jackson, Lionel Richie, Tina Turner, Bruce Springsteen, Bob Dylan, Cyndi Lauper, Diana Ross, Ray Charles e Stevie Wonder. A produção foi do maestro Quincy Jones, que também fez a regência do grupo.


We are the world 1985



Antes da composição de "We Are the World", o ativista e ator estadunidense Harry Belafonte já havia sugerido um projeto de caridade envolvendo os mais famosos artistas da indústria musical à época. Belafonte havia planejado, inclusive, doar as arrecadações para uma nova organização chamada "United Support of Artists for Africa" (USA for Africa). A organização sem fins lucrativos seria responsável por encaminhar recursos aos povos famintos no continente africano, especialmente na Etiópia, onde a fome vitimava cerca de 1 milhão de pessoas por ano (segundo dados da década de 1980). A ideia foi inspirada pelo "Do they know it´s Christmas ?" do supergrupo britânico Band Aid.  Havia também a intenção de distribuir recursos para combater a fome nos Estados Unidos. O empresário de mídia Ken Kragten foi contatado por Belafonte, que convidou Lionel Richie e Kenny Rogers para desenvolver o projeto. Kragen e os dois músicos - empresariados por ele à época - aceitaram participar do projeto e incluíram também o nome de Stevie Wonder, visando endossar a campanha.

Quincy Jones





Quincy Jones, dividindo-se também com a produção de The Color Purple, assumiu a coprodução da canção. Em seguida, Richie convidou pessoalmente Michael Jackson, que acabara de lançar o maior sucesso de toda sua carreira musical - o álbum Thriller.

Lionel Richie

Stevie Wonder

Michael Jackson








Jackson disse que não queria somente participar da gravação, como também da composição da canção. Sendo assim, foi concordado que a parceria de "We Are the World" seria entre Jackson, Richie e Wonder. No entanto, por conta do tempo limitado deste último, Jackson e Richie assumiram a composição da música sozinhos. As primeiras reuniões entre os cantores ocorreram em Hayvenhurst, a famosa residência da Família Jackson em Encino, Califórnia. Durante uma semana inteira, os dois passaram noites trabalhando na letra e melodia da canção, desejando algo simples e também memorável. Posteriormente, La Toya, irmã mais velha de Michael, afirmaria à revista People que Richie só escreveu alguns versos da faixa.

Richie havia gravado duas melodias para "We Are the World", às quais Jackson acrescentou música e letra. Jackson afirmou: "Eu amo trabalhar rapidamente. Fui em frente mesmo sem Lionel saber, não consegui esperar. Comecei e terminei a noite com a canção já completa - percussão, piano, cordas e a letra do refrão". Jackson, então, apresentou seu demo a Richie e Jones, que ficaram impressionados com a agilidade e facilidade de composição do Rei do Pop. Contudo, a música só viria a ser concluída em 21 de janeiro de 1985, um dia antes da data marcada para a gravação em estúdio. Um fato curioso é que o verso: "There's a choice we're making, we're saving our own lives, it's true" é semelhante aos versos da canção natalina "Do You Hear What I Hear ?."

Bruce Springsteen



A primeira noite de gravação, em 22 de janeiro de 1985, foi marcada pela ampla equipe de segurança, uma vez que Richie, Jackson, Wonder e Jones haviam começado os preparativos no Lion Shares Recording Studio, de propriedade de Kenny Rogers. O estúdio, localizado em Beverly Hills, estava repleto de músicos, técnicos, assistentes de produção, entre outros membros de equipe de cada um dos cantores. Inicialmente, Richie e Jackson gravaram a voz guia e distribuíram em fita cassete para cada um dos artistas convidados.

Em seguida, dando continuidade à parte vocal, Jackson e Jones pensaram em uma alternativa para os versos: "There's a chance we're taking, we're taking our own lives" (que seria gravado por Diana Ross). Jones sugeriu alterar somente algumas palavras ao invés de todo o verso. "Algo que nós não queremos fazer, especialmente com este grupo, é pensar que estamos regredindo. Então, realmente 'foi uma escolha que tomamos'. Em torno de 1:30 da manhã, os quatro músicos encerraram a primeira sessão ensaiando as vocalizações melódicas do regrão, incluindo o som "sha-lum sha-lin-gay". Jones decidiu não acrescentar nenhum detalhe à voz guia.

Em 24 de janeiro de 1985, após um dia de folga, Jones distribuiu a fita cassete com a gravação prévia à todos os cantores envolvidos no projeto. Juntamente, com as fitas, o rígido produtor musical deixara um recado:


Ray Charles

Um dos maiores cantores dos Estados Unidos, a última aparição pública feita por ele se deu em abril de 2004 numa homenagem feita pela cidade de Los Angeles. Em junho de 2004 Ray faleceu devido a um câncer, em Beverly Hills, Califórnia.



No estúdio, aliás, para conter tantas vaidades, já que estavam reunidos ali 45 astros da música pop, havia uma placa na porta que dizia: “Por favor, deixem seus egos ao entrar”. Para descontrair, Stevie Wonder disse para os colegas, em tom de piada, que, se a gravação não fosse concluída em apenas um take, ele e Ray Charles (que eram cegos) dirigiriam os carros que levariam todos para casa





"As fitas estão numeradas e não sei expressar o quão importante é não deixá-los sem este material. Por favor, não façam cópias e devolvam-na na noite do dia 28. Nos anos futuros, quando seus filhos perguntarem 'o que meu pai e minha mãe fizeram no combate à fome mundial?', vocês poderão dizer orgulhosamente que esta é a sua contribuição."


Vocalistas Principais (Por Ordem De Aparição)

Lionel Richie
Stevie Wonder
Paul Simon
Kenny Rogers
James Ingram
Tina Turner
Billy Joel
Michael Jackson
Diana Ross e Michael Jackson
Dionne Warwick
Willie Nelson
Al Jarreau
Bruce Springsteen
Kenny Loggins
Steve Perry
Daryl Hall
Michael Jackson
Huey Lewis
Cyndi Lauper
Kim Carnes
Bob Dylan
Ray Charles

Coro

Dan Aykroyd
Harry Belafonte
Lindsey Buckingham
Mario Cipollina
Sheila E.
Bob Geldof
Bill Gibson
Chris Hayes
Sean Hopper
Jackie Jackson
La Toya Jackson
Marlon Jackson
Randy Jackson
Tito Jackson
Waylon Jennings
Bette Midler
John Oates
Jeffrey Osborne
Anita Pointer
Pedro Reis
Ruth Pointer
Smokey Robinson

Orquestra

David Paich- sintetizadores, músico
Michael Boddicker- sintetizadores, programação
Paulinho da Costa- percussão
Louis Johnson- baixo
Michael Omartian- teclados
Greg Phillinganes- teclados
John Robinson- Bateria

Maestro Quincy Jones



Fontes:

wikipedia.org
google.com
youtube.com
falingles.com
musica.uol.com.br
musica.culturamix.com

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Arariboia era um Cacique temiminó. Era originário do Espírito Santo, de onde foi com seus índios para o Rio de Janeiro, em 1564, acompanhando o invasor Estácio de Sá.





Foi um valiosíssimo aliado dos portugueses, lutando contra seus irmãos tamoios. Por quase trinta anos colocou seus milhares de arcos a serviço dos lusitanos. O Rei Sebastião agraciou-o com o hábito de Cristo e fê-lo capitão-mor de sua aldeia. 


Arariboia (cobra feroz) era filho de Maracaiá-guaçu (gato grande).







Eles foram expulsos pelos Tamoios da Ilha de Paranapuã, atual Ilha do Governador no Rio de Janeiro, e foram para o Espírito Santo. Mais tarde se aliaram aos portugueses para retomarem as terras perdidas.

Estácio de Sá


Por sua grande ajuda aos portugueses ele ganha uma porção de terra no litoral fluminense onde hoje está localizada a cidade de Niterói, - yterõi = água escondida - y (yg) = água, rio - terõi = escondida.


Estátua de Arariboia em Niterói



A ideia de água escondida vem da reentrância da baía protegida por colinas de tal modo que só ao penetrar na baía é que se descobre a sua vastidão.




Foi o primeiro brasileiro a ostentar uma condecoração. Consta que ao visitar o governador Antônio de Salema, que acabava de chegar para governar as Capitanias do Sul, foi por este repreendido ao recusar uma cadeira para se sentar, preferindo ficar montado no seu cavalo uma perna sobre a outra, como era de costume. O governador censurou-lhe a postura dizendo, através do intérprete, que “aquela não era boa cortesia quando falava com um governador, representante da pessoa do Rei”. Irado e com arrogância o tuxaua respondeu imediatamente: “Se tu soubesses como estão cansadas as minhas pernas por causa das guerras em que servi ao Rei não estranharias a minha postura; mas, já que me achas pouco cortês, vou embora para a minha aldeia, onde não reparamos nesses detalhes, e não mais voltarei à tua corte”.





Arariboia fora batizado com o nome de Martim Afonso e recebera uma sesmaria, onde hoje se ergue o bairro São Lourenço, em Niterói, além de uma pensão de doze mil réis anuais. O famoso morubixaba, que havia salvo o governador Salvador Correia de Sá de um naufrágio, por ironia do destino acabou morrendo afogado perto da Ilha de Morangue, em 1589.





Fontes:
obrasesuasmemorias.com.br
google.com
eurio.com.br
cidades.ibge.gov.br
dicionariotupiguarani.com.br
mortenahistoria.blogspot.com

terça-feira, 26 de janeiro de 2021




O complexo manicomial conhecido por Cidade dos Loucos foi fundado em 12 de outubro de 1903, em Barbacena, Minas Gerais. Antes de ser um local focado no "tratamento" psiquiátrico, o Hospital Colonial de Barbacena tratava pacientes vítimas da tuberculose, o que explica a localização afastada do hospital, em cima de uma montanha. Local perfeito também para excluir os grupos marginalizados da sociedade.






Controlar a sociedade com a finalidade de criar um meio social, onde só existem pessoas com qualidades raciais semelhantes. Esta linha de pensamento é o que conceitua o termo “eugenia”, elaborado por Francis Galton (1822-1911). O termo ganhou conotação quando a eugenia nazista veio à tona, trazendo a ideologia de pureza racial, que resultou no Holocausto, conhecido pelo extermínio de milhões de pessoas em massa, liderado por Adolf Hitler (1889-1945).

Quando esta linha de pensamento é trazida para a realidade brasileira, cumpre salientar que, na maior parte do século XX, o Brasil vivenciou um Holocausto silencioso, no hospital Colônia, em Barbacena, Minas Gerais. Nesse local, pelo menos 60 mil pessoas morreram aos olhos fechados da sociedade.



Em 1903 o primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais foi criado, atuava como um Sanatório para tratamento de tuberculose. Em razão da sua falência, o hospital foi desativado. Instalado então, nas dependências do antigo Sanatório de Barbacena, o hospício, segundo registros históricos, está situado nas terras da antiga Fazenda da Caveira cujo proprietário era Joaquim Silvério dos Reis, conhecido na história mineira como o delator do movimento dos Inconfidentes. Assim, entrava em funcionamento o Hospício de Barbacena, depois chamado de Hospital Colônia de Barbacena. Sua capacidade inicial era de duzentos leitos. Em seguida, o hospital passou a ser chamado de Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, uma unidade da antiga Fundação Estadual de Assistência Psiquiátrica, a qual passou a pertencer à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, resultado da união de três Fundações Estaduais de Assistência à Saúde, entre elas a FEAP (atendimento psiquiátrico).Logo, caracterizada sua natureza pública, uma vez que fundação vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES). Assim sendo, o Estado era responsável pela manutenção e funcionamento do hospital.




A instituição era formada por diversos prédios e pavilhões, e cada um deles tinha uma especialidade. Entre eles estavam o Pavilhão Zoroastro Passos, para onde iam as mulheres indigentes, e o Antônio Carlos, a área dos homens indigentes.

Os pavilhões Afonso Pena, Milton Campos, Rodrigues Caldas e Júlio Moura recebiam todo o tipo de pessoas, sendo que 70% deles não tinha nenhum diagnóstico mental. Eram alcoólatras, homossexuais, prostitutas, viciados em drogas e mendigos. Os indesejados pela sociedade.




O fotógrafo da revista O Cruzeiro Luiz Alfredo estava prestes a registrar as imagens mais dramáticas da sua carreira, embora não soubesse disso, quando se deparou com o portão de ferro que daria acesso ao interior do Colônia, em Barbacena, naquele abril de 1961. Acompanhado do colega José Franco, ele viajou para a cidade dos loucos, depois que o chefe de redação, Eugênio Silva, descobriu que o então secretário de Saúde do governo Magalhães Pinto, Roberto Resende, estava preparando uma varredura na área da saúde, principalmente na instituição da cidade natal de José Bias Fortes, que acabara de deixar o governo mineiro. Aos vinte e oito anos, Luiz Alfredo escreveria seu nome na história. Acompanhados do secretário, ele e o repórter chegaram ao município na hora do almoço. — Mas o que será que existe aqui de tão grave? — perguntou Luiz Alfredo ao companheiro de pauta, no momento em que eram recebidos por freiras que trabalhavam no hospital. Na companhia delas, ele e José Franco foram convidados a entrar. Ouviram o barulho dos cadeados sendo abertos. Quando as correntes que guardavam a porta de acesso ao pátio foram destrancadas, os olhos acostumados a tantas tragédias não puderam acreditar na cena que se desenhava. Milhares de mulheres e homens sujos, de cabelos desgrenhados e corpos esquálidos cercaram os jornalistas. A primeira imagem que veio à cabeça de José Franco foi a do inferno de Dante. Difícil disfarçar o choque. O jornalista levou um tempo para se refazer e começar a rascunhar em seu bloco suas primeiras impressões. Já Luiz Alfredo, protegido pela sua Leica, decidiu registrar tudo que a lente da sua câmera fosse capaz de captar. Quase todas as imagens feitas naquela tarde foram registradas em preto e branco, em rolos de filme 35 mm.





A loucura que desfilava diante dos seus olhos não o impressionava, e sim as cenas de um Brasil que reproduzia, menos de duas décadas depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o modelo dos campos de concentração nazistas. Os homens vestiam uniformes esfarrapados, tinham as cabeças raspadas e pés descalços. Muitos, porém, estavam nus. Luiz Alfredo viu um deles se agachar e beber água do esgoto que jorrava sobre o pátio e inundava o chão do pavilhão feminino.





Nas banheiras coletivas havia fezes e urina no lugar de água. Ainda no pátio, ele presenciou o momento em que carnes eram cortadas no chão. O cheiro era detestável, assim como o ambiente, pois os urubus espreitavam a todo instante. Dentro da cozinha, a ração do dia era feita em caldeirões industriais. Antes de entrar nos pavilhões, o fotógrafo avistou um cômodo fechado apenas com um pedaço de arame. Entrou com facilidade no lugar usado como necrotério. Deparou-se com três cadáveres em avançado estado de putrefação e dezenas de caixões feitos de madeira barata. Ao lado, uma carrocinha com uma cruz vermelha pintada chamou sua atenção.






Os tratamentos funcionavam à base de tortura: utilizavam cadeiras elétricas, solitárias e camisas de força. Os pacientes eram submetidos a situações precárias, como fome e sede. Em alguns casos, chegavam a beber a própria urina. Nos pátios, viviam nus e em meio a ratos e baratas, além de urinarem e defecarem no chão.



Muitas pessoas eram colocadas no Manicômio de Barbacena pela própria família. Era o caso de mulheres indesejadas pelos maridos e parentes que tinham algum tipo de deficiência, transtorno ou distúrbio, como Síndrome de Down, autismo ou dislexia. 

Mais tarde crianças também era levadas para lá com problemas psiquiátricos ou comportamentais, onde eram espancadas e recebiam tratamentos desumanos.



Os pacientes eram separados por sexo, idade e características físicas. Como o Colônia não tratava apenas pessoas da cidade, muitas vinham de fora, desembarcando de trem. Em 1933, o escritor Guimarães Rosa, que trabalhou brevemente como médico no Colônia, chamou aquilo de “trem de doido”. Anos depois, o cenário rendeu comparações inevitáveis com os campos de concentração nazistas, já que eles também eram abastecidos com trens.



Os paralelos com os campos nazistas não paravam aí. Estima-se que 70% dos internados não apresentavam registro de doença mental. Eram gays, alcoólatras, militantes políticos, mães solteiras, mendigos,  negros, pobres, índios, pessoas sem documento etc. De hospital psiquiátrico, a instituição virou depósito de gente indesejada. Uma mulher chegou a ser internada porque tinha tristeza! 




O hospital poderia receber até 200 pessoas, mas chegou a ter 5 mil. Para comportar tanta gente e abrir espaço, o Colônia trocou camas por capim. A desumanização se espalhava pelos 16 pavilhões, onde  faltavam água encanada e alimentos. Muitos internos bebiam e se banhavam no esgoto a céu aberto. Com uma sucessão de maus-tratos, frio e fome, muitos não resistiam.




Percebendo que o cemitério municipal já não comportava o número cada vez mais alto de mortos no Colônia, funcionários do hospital começaram a traficar corpos para faculdades de medicina, que os usavam  em aulas de anatomia. Se a procura era baixa, os mortos eram dissolvidos em ácido.




Os métodos de tratamento e as condições do Manicômio causaram a morte de mais de 60 mil pessoas. O período em que mais morreram pessoas nessa instituição foi por volta de 1960 a 1970, no início do Regime Militar no Brasil (1964-1985).

O psiquiatra italiano Franco Basaglia, responsável por revolucionar o sistema de saúde mental de seu país, chamou a instituição manicomial de Campo de concentração nazista, conhecida também como Holocausto Brasileiro.

Franco Basaglia



A resistência até mesmo por parte dos psiquiatras foi forte no Brasil, afinal, esse sistema de tratamento não ocorria só em Barbacena, mas era utilizado em mais de 150 locais —como o Hospital Psiquiátrico do Juqueri e a Colônia Juliano Moreira.


Nise da Silveira


A psiquiatra Nise da Silveira se destacou na luta antimanicomial brasileira. Nise foi a única aluna de uma sala cheia de homens a se formar em medicina na Faculdade da Bahia. Aluna de Carl Jung, dedicou sua vida a lutar contra o modo absurdo de "tratamento" aos pacientes psiquiátricos.



Fontes:
wikipedia.org
google.com
aventurasnahistoria.uol.com.br
baracena.mg.gov.br
felippelimasanta.jusbrasil.com.br
super.abril.com.br
app.uff.br


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021


Edifício do Jornal  "A noite" onde ficava a Rádio Nacional


No dia 12 de setembro de 1936, um sábado, a imprensa escrita carioca noticiava que a população sintonizasse 980 kilociclos para ouvir, pela primeira vez, a Sociedade Rádio Nacional. Dotada de um potente transmissor, foi criada pelo grupo do jornal A Noite, do qual faziam parte as revistas Noite Ilustrada, Vamos Ler e Carioca. Às 21h, um gongo soou três vezes e a voz marcante do radialista Celso Guimarães anunciou: “Alô, alô, Brasil! Está no ar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro”. Depois, ouviu-se a melodia Luar do Sertão e uma bênção realizada pelo cardeal da cidade. 

O prédio do jornal a Noite rivalizou-se com o edifício Martinelli em São Paulo como o mais alto da América latina.

A inauguração ocorrida sem grande solenidade não impediu que a Nacional se transformasse em uma verdadeira lenda, vitoriosa em termos de programação e de público. A frase dita frequentemente – “Senhores ouvintes, bom dia! O rádio traz a paz, a educação e a alegria” – na verdade não expressava completamente tudo o que aquela caixa sonora irradiava.

A partir do conteúdo da programação e até dos anúncios, que até os dias de hoje são lembrados, muitos compreenderam que nesse meio de comunicação, que alcançava recantos distantes, não bastava falar: era preciso saber falar. Durante a Era Vargas, o presidente, habituado a dirigir-se às massas em comícios, repetia cadenciadamente, pelo rádio, nos inúmeros discursos oficiais, a frase: “Tra-ba-lha-do-res do Bra-sil”.



Balança mais não cai





Também não seria sem intenções que, em 1940, a importante Rádio Nacional, um instrumento de propaganda e de afirmação para o regime, tenha sido estatizada, transformando-se na rádio oficial do governo brasileiro.


Programa César Alencar



Aos poucos, a programação da Nacional e das demais emissoras ganhou novos formatos, muitas vezes por meio dos lucros oriundos da publicidade, incluindo o lançamento, em 1943, de uma famosa marca norte-americana de refrigerantes.


Repórter Esso com Heron Domingues



As rádionovelas da emissora marcaram época a partir da primeira transmitida em 1941, "Em busca da felicidade", que durou três anos, até "O direito de nascer", que chegou a mudar hábitos das pessoas que tinham compromisso marcado com as transmissões dessa radionovela, posteriormente adaptada para a televisão. Até meados da década de 1950, o Rádio Teatro Nacional irradiou 861 novelas, as mais ouvidas do rádio brasileiro, segundo as mais seguras pesquisas de audiência. Pode-se observar que a música popular brasileira foi uma antes e outra depois da Nacional, que se transformou numa verdadeira criadora de ídolos através da realização de concursos como "A Rainha do Rádio", que consagrou diversas cantoras, como Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.

Emilinha Borba e Marlene
grande rivalidade e fãs clubes apaixonados.

Cauby Peixoto





Um dos cantores que ficou marcado como símbolo dessa era foi Cauby Peixoto, que enchia o auditória da Rádio em suas apresentações. Em 1936, Linda Batista foi eleita a primeira "Rainha do Rádio", permanecendo no posto por doze anos. Em 1938, Almirante estreou o primeiro programa de montagem, ou montado, que foi "Curiosidades musicais", sob o patrocínio dos produtos Eucalol. O mesmo artista lançou no mesmo ano o primeiro programa de brincadeiras de auditório, o "Caixa de perguntas". Outro programa de destaque na emissora surgido no mesmo período foi "Instantâneos sonoros brasileiros", produzido por José Mauro com direção musical de Radamés Gnattali, regente da orquestra.

Programa de calouros da  Rádio Nacional



Programas voltados para a música, o humor e as radionovelas, assim como programas de calouros e shows transmitidos ao vivo, realizados em diferentes bairros da cidade, conseguiam enorme sucesso. Inúmeros maestros, com suas orquestras, cantores e compositores, fizeram escola nas ondas da Rádio Nacional, marcando profundamente a história da vida artística brasileira (e carioca). Tudo isso sem esquecer as transmissões esportivas, que ocuparam um espaço importante na história do rádio. Locutores deixaram suas marcas na forma particular de narrar as partidas emocionantes, as vitórias – como a da Copa do Mundo de 1958 – e as agruras das derrotas – como a de 1950, em pleno Estádio do Maracanã (Estádio Jornalista Mario Filho), com os torcedores emudecidos pelo espanto e pela surpresa.

121 radio2 corrigido tEmilinha Borba, Marlene, Carmélia Alvez e outros cantores e cantoras no palco da Rádio Nacional, por onde passaram os maiores ídolos da época (Crédito: Acervo Rádio Nacional – EBC)


“Pelo rádio o individuo encontra a nação, de forma idílica; não a nação ela própria, mas a imagem que dela se está formando. O rádio comercial e a sua popularização será capaz não apenas de vender produtos e de ditar modas, mas de mobilizar as massas”, observa o sociólogo Orlando Miranda.




Carmen e Aurora Miranda - cantoras do rádio




Fontes:
multirio.rj.gov.br
google.com
youtube.com
wikipedia.org
locutor.info

domingo, 24 de janeiro de 2021




A Gramática tem como principal função regular a linguagem e estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma língua. Graças à Gramática, a língua pode ser analisada e preservada, apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua portuguesa.

Uma boa gramática deve ser capaz de extrapolar a visão reducionista que faz da língua um amontoado de regras prescritas pelos estudiosos do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter utilidade para os falantes. A gramática apresenta as regras, mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável somos nós, agentes da comunicação.

Por ser um sistema complexo e passível de diversas concepções, a gramática apresenta abordagens diversas, sendo dividida, então, em tipos distintos:


Gramática Normativa: Bastante utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos, a Gramática Normativa busca a padronização da língua, indicando através de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Aqui a abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos os falantes da língua.

A gramática normativa, portanto estabelece as normas para a escrita.

Já a gramática descritiva preocupa-se mais com a forma de falar.

Exemplo:


Mãe, vou no banheiro lavar este machucado.

Observe que este enunciado apresenta um erro de construção sintática com relação à regência do verbo “ir”, já que, quem vai, vai a algum lugar e não no ou no lugar. Sendo assim, a Gramática Normativa reconhece a forma correta como sendo: “Mãe, vou ao banheiro lavar este machucado.”

Para Gramática Descritiva, este equívoco de regência verbal não invalida o enunciado do ponto de vista semântico, já que seu conteúdo é passível de compreensão por qualquer falante da língua em seu uso coloquial, ou seja, é um enunciado que consegue cumprir com eu propósito comunicativo. Por isso, na Gramática Descritiva, as regras formuladas derivam estritamente da língua em uso, desmistificando os conceitos de certo e errado em um sistema linguístico.

Gramática Histórica: estuda a evolução da gramática desde seus primórdios.



A gramática histórica, portanto, é aquela responsável por estudar os diferentes acontecimentos da língua, avaliando como ela se modificou e evoluiu com o tempo, desde o seu surgimento até os dias atuais. Em resumo, podemos dizer que ela estuda a linha do tempo de uma língua.

Ou seja, na prática, a gramática histórica estuda a história específica de uma língua e as suas diferentes fases evolutivas. Ela surgiu a partir da Filologia, que é a comparação de textos de épocas diferentes e a decifração de línguas arcaicas, feita para conhecer a história e os costumes de um povo.

As palavras mudam como passar do tempo, por exemplo, palavras como pharmacia, phrase, eram escritas com ph. Quando me alfabetizei, a palavra Brasil era escrita com a letra "z" Brazil.




Gramática Comparativa: Estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas são feitas com as línguas românicas.

A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente utilizado por seus falantes. Entretanto, não devemos desconsiderar a importância das regras que preservam este que é nosso maior patrimônio cultural: nossa língua portuguesa. Façamos então um bom proveito da Gramática!



Fontes:
infosecola.com
stoodi.com.br
portugues.com.br
google.com

sábado, 23 de janeiro de 2021




Antero Tarquínio de Quental nasceu em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores, Portugal, no dia 18 de abril de 1842.

Descendente de família nobre, Antero era filho de Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia. Ele passou sua infância e cursou os estudos primários e secundários em sua cidade natal, na capital da ilha de São Miguel.






Com apenas 16 anos, ingressou em Direito e foi estudar em Coimbra onde se destacou com seu brilhantismo.

Interessado pela política, filosofia e literatura, Antero em 1862, com 20 anos, publicou seus primeiros sonetos intitulados “Sonetos de Antero”.



Mais Luz!

Amem a noite os magros crapulosos,
E os que sonham com virgens impossíveis,
E os que se inclinam, mudos e impassíveis
A borda dos abismos silenciosos...

Tu, Lua, com teus raios vaporosos,
Cobre-se, tapa-os e torna-os insensíveis,
Tanto aos vícios cruéis e inextinguíveis,
Como aos longos cuidados dolorosos!

Eu amarei a santa madrugada,
E o meio-dia, em vida refervendo,
E a tarde rumorosa e repousada.

Viva e trabalhe em plena luz: depois,
Seja-me dado ainda ver, morrendo,
O claro Sol, amigo dos heróis!




O Realismo em Portugal – Questão Coimbrã

Ainda estudante de Coimbra, Antero de Quental liderou um grupo de estudantes, que repudiava as velhas ideias do Romantismo, causando uma polêmica entre a velha e a nova geração de poetas.

Em 1864, Teófilo Braga publica dois volumes de versos: Visão dos Tempos e Tempestades sonoras. No ano seguinte, Antero edita “Odes Modernas”.

Em “Odes Modernas”, Antero rompe com toda a poesia tradicional portuguesa, onde são banidos o romantismo, o sentimentalismo e a religiosidade lírica, e surgem, com força, as ideias de liberdade e justiça.

Os poemas foram criticados pelo poeta romântico Antônio Feliciano de Castilho, que acusa Antero de exibicionismo, obscuridade e de abordar temas que nada tinham a ver com a poesia.

Antero de Quental responde a crítica em uma carta aberta a Castilho, intitulada Bom senso e bom gosto, na qual Castilho é acusado de obscurantismo.

Antero defende a liberdade de pensamento e a independência dos novos escritores. Ataca o academismo e a decadente literatura romântica e prega a renovação.

Nascia assim a “Questão Coimbrã”, como ficou conhecida essa polêmica que passou a ser o marco divisor entre o Romantismo e o Realismo.



O Que a Morte Diz

Deixai-os vir a mim, os que lideram,
deixai-os vir a mim, os que padecem,
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...

Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem...

Assim a morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das coisas invisíveis, muda e fria...




Depois de uma tentativa gorada para se alistar nos exércitos revolucionários de Garibaldi (1866), de uma passagem por Paris, onde trabalhou como tipógrafo, e de uma viagem aos Estados Unidos e Canadá (1869), retomou a actividade em Portugal, militando no fomento do associativismo operário e escrevendo artigos para os jornais Diário Popular, Jornal do Comércio, República, Primeiro de Janeiro, Pensamento Social, etc..

Organizou (1871), juntamente com Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Jaime Batalha Reis e Oliveira Martins, entre outros, as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, iniciativa que veio a ser proibida, mas onde ainda lhe coube fazer o discurso inaugural e apresentar uma exposição sobre as Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos (1871) responsabilizando a Igreja Católica e a Monarquia por aquela situação.


Antero de Quental expressa em seus sonetos a sua inquietação religiosa e metafísica constituindo a parte mais importante de sua obra: "Sonetos de Antero" (1861), "Primaveras Românticas" (1872), "Sonetos Completos" (1886) e "Raios de Extinta Luz" (1892). É considerado, ao lado de Bocage e Camões, os grandes sonetistas da literatura portuguesa.

Local do suicídio de Antero de Quental
Convento de Nossa Senhora de Esperança


Sofrendo de grave depressão ele se mata com um tiro em 11 de setembro de 1891, em Vila do Conde, Ponta Delgada, Portugal.




Fontes:
todamateria.com.br
google.com
ebiografia.com
laicidade.org
pensador.com
wikipedia.org

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...