sexta-feira, 6 de abril de 2018

Olá, pessoal !


Hoje vamos falar de um dos maiores poetas brasileiros, Augusto dos Anjos.



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Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 28 de abril de 1884, no Engenho do Pau d’Arco (PB).
Seus pais eram proprietários de engenhos, os quais seriam perdidos alguns anos mais tarde, em razão do fim da monarquia, da abolição e da implantação da república.
Foi educado pelo próprio pai até ao período antecedente à faculdade. Formou-se em Direito no Recife, contudo, nunca exerceu a profissão. Criado envolto aos livros da biblioteca do pai, era dedicado às letras desde muito cedo. Ainda adolescente, o poeta publicava poesias para o jornal “O Comércio”, as quais causavam muita polêmica, por causa dos poemas era tido como louco para alguns e era elogiado por outros. Na Paraíba, foi chamado de “Doutor Tristeza” por causa de suas temáticas poéticas.

Psicologia de um Vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco, 

Monstro de escuridão e rutilância, 
Sofro, desde a epigênese da infância, 
A influência má dos signos do zodíaco. 
Produndissimamente hipocondríaco, 
Este ambiente me causa repugnância... 
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia 
Que se escapa da boca de um cardíaco.  
Já o verme -- este operário das ruínas -- 
Que o sangue podre das carnificinas 
Come, e à vida em geral declara guerra,  
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, 
E há de deixar-me apenas os cabelos, 
Na frialdade inorgânica da terra!



Em 1910, casa-se com Ester Fialho, com quem tem três filhos. O primeiro filho morre prematuramente. Quando a situação financeira da família se agrava, com o advento da industrialização e a queda do preço da cana-de-açúcar, o autor muda-se para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, enfrenta o desemprego até conseguir o cargo de professor substituto na Escola Normal e no Colégio Pedro II, complementando-o com a renda das aulas particulares.

O Deus-Verme

Fator universal do transformismo, 

Filho da teleológica matéria, 
Na superabundância ou na miséria, 
Verme — é o seu nome obscuro de batismo. 
Jamais emprega o acérrimo exorcismo 
Em sua diária ocupação funérea, 
E vive em contubérnio com a bactéria, 
Livre das roupas do antropomorfismo.  
Almoça a podridão das drupas agras, 
Janta hidrópicos, rói vísceras magras 
E dos defuntos novos incha a mão...  
Ah!Para ele é que a carne podre fica, 
E no inventário da matéria rica 
Cabe aos seus filhos a maior porção!




Em 1914, transfere-se para Minas Gerais, por causa de uma nomeação como diretor do Grupo Escolar de Leopoldina, a qual conseguiu com ajuda de um cunhado. Após alguns meses da mudança, o poeta morre aos 12 de novembro do mesmo ano, vitimado por pneumonia.
Augusto dos Anjos vivenciou a época do parnasianismo e simbolismo e das influências destas escolas literárias através de seus escritores, como: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Cruz e Souza, Graça Aranha, dentre outros. Porém, o único livro do escritor, intitulado “Eu”, trouxe inovação no modo de escrever, com idéias modernas, termos científicos e temáticas influenciadas por sua multiplicidade intelectual. Pela divergência dos assuntos tratados pelo autor em seus poemas em relação aos dos autores da época, Augusto dos Anjos se encaixa na fase de transição para o modernismo, chamada de pré-modernismo.

Eterna Mágoa 
O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga! 
Não crê em nada, pois, nada há que traga 
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste. 
Quer resistir, e quanto mais resiste 
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.  
Sabe que sofre, mas o que não sabe 
É que essa mágoa infinda assim, não cabe 
Na sua vida, é que essa mágoa infinda


Transpõe a vida do seu corpo inerme; 
E quando esse homem se transforma em verme 
É essa mágoa que o acompanha ainda!


O poeta tinha como tema uma profunda obsessão pela morte e teve como base a ideia de negação da vida material e um estranho interesse pela decomposição do corpo e do papel do verme nesta questão. Por este motivo foi conhecido também como o “Poeta da morte”.
Sua única obra marca a literatura brasileira pela linguagem e temática diferenciadas.

Vozes De Um Túmulo

Morri!E a Terra — a mãe comum — o brilho 
Destes meus olhos apagou!... Assim 
Tântalo, aos reais convivas, num festim, 
Serviu as carnes do seu próprio filho! 
Por que para este cemitério vim?! 
Por quê?!Antes da vida o angusto trilho 
Palmilhasse, do que este que palmilho 
E que me assombra, porque não tem fim!  
No ardor do sonho que o fronema exalta 
Construí de orgulho ênea pirâmide alta... 
Hoje, porém, que se desmoronou  
A pirâmide real do meu orgulho, 
Hoje que apenas sou matéria e entulho 
Tenho consciência de que nada sou!




Vejamos um trecho de um poema muito conhecido do poeta, chamado :

“Versos íntimos”:


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


O teor de seus versos e seu estilo rebuscado são característica da Escola Literária chamada de Parnasianismo.


São características do poema parnasiano
Vocabulário rebuscado
Métrica regular com preferência pelo verso alexandrino (doze sílabas)
Gosto pelo soneto
Rima regular
Rimas raras e artificiais
Descritivo e narrativo
Poucas figuras de linguagem.

Uma característica constante em seus poemas era um pé de tamarindo em seus poemas:
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Debaixo do tamarindo

No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!

Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!



Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,



Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!

Esse pé de tamarindo existe até hoje no local onde ficava a fazenda de seu pai. Sob a sombra de seus galhos, ele estudava, quando criança.

Já no Rio de Janeiro, Augusto tinha a mania de ler em voz alta seus poemas,no quintal da casa da família, o que fazia alguns acreditarem que ele tinha prolemas psiquiátricos.



Fontes:
educacao.uol.com.br
brasilescola.uol.com.br
google.com.br
infoescola.com
augusto-dosanjos.blogspot.com.br



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