Olá, pessoal !
Hoje 22 de setembro faz 40 anos da invasão da PUC de São Paulo, por forças autoritárias da policia de São Paulo, comandados pelo Secretário de Segurança Pública da época Cel. Erasmo Dias.
Na época eu era um estudante da U.S.P. onde havia frequentes assembleias para a reorganização da U.N.E., eram feitas,sempre em caráter clandestino e sujeitos à truculência dos órgãos de repressão da época.
Nadir Kfouri reitora da PUC na época e Erasmo Dias (de óculos)
O confronto dos estudantes com as forças do regime militar (1964-1985) um marco no processo de redemocratização do país.
A direção da Pontifícia Universidade Católica endossa a posição. O próprio comandante da operação policial, o coronel do Exército Erasmo Dias, disse na época que a invasão se converteu em bandeira do movimento estudantil e da sociedade contra o regime.
"Eles [os estudantes] queriam transformar a reorganização da UNE [União Nacional dos Estudantes] em notícia. Conseguiram na PUC", diz.
A investida da PM foi a última grande operação da ditadura militar contra o movimento estudantil -que tinha sido praticamente desmantelado em 1968, com a prisão de seus principais dirigentes no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP).
Em 1974, o governo liquida os últimos focos de luta armada e o presidente Ernesto Geisel inicia a distensão. Desaparecem os grupos de esquerda que condenavam a opção por uma oposição institucional ao regime. Entidades da sociedade civil criticam a ditadura, e surgem movimentos em defesa da anistia e contra a carestia.
A mobilização da sociedade civil ganha corpo com a reorganização do movimento estudantil, com a criação do DCE Livre da USP em 1976 e a reconstituição da UEE em 1977.
Em 30 de março daquele ano, 5.000 estudantes da USP fazem uma marcha até o Largo de Pinheiros. Em maio, 10 mil caminham do Largo São Francisco até o Viaduto do Chá. Com o avanço das manifestações, o governo decide intervir: invade a Faculdade de Direito da USP em junho e, em seguida, a PUC. Invadem também a Cidade Universitária, tiram todos os alunos de lá, inclusive os que estavam em aula, e os escoltam até a saída com a cavalaria da P.M.
A invasão
Por volta das 21h50 do dia 22 de setembro de 1977, cerca de 2.000 estudantes participavam de um ato público em frente ao Tuca, o teatro da universidade, quando foram interrompidos por 3.000 policiais, militares e civis, apoiados por carros blindados.
A tropa lançou bombas e investiu com violência contra os estudantes, que tentaram se refugiar dentro da universidade. Os policiais arrombaram as portas das salas, prendendo e espancando professores, funcionários e alunos. Seis estudantes sofreram queimaduras.
"Eu testemunhei os atos de selvageria da invasão, com agressões físicas, gritarias de "abaixo os comunistas", xingamentos, prisões e bombas de gás. Apresentei-me como diretor da Faculdade de Ciências Sociais e recebi tapa na cara, chutes. Minha faculdade foi invadida, arquivos jogados para o ar, pichação das paredes com a sigla CCC [comando de caça aos comunistas]. Fui também preso e depois liberado", relatou o professor Paulo Resende.
"As cicatrizes não deixam a gente se esquecer. Eu só lembro que caí descendo uma rampa. Imediatamente, o joelho esquerdo queimou, como se eu tivesse sobre o fogo. Acho que era uma bomba. No hospital, vi que tinha queimado até chegar no osso", conta Iria Visoná, à época estudante da USP.
Nos anos 90, ela e outras estudantes que sofreram queimaduras foram indenizadas após uma longa batalha jurídica.
A ação policial resultou na detenção de 854 pessoas, levadas ao Batalhão Tobias de Aguiar, em ônibus da C.M.T.C, companhia de transporte público de S.Paulo, das quais 92 foram fichadas no Deops (Departamento de Ordem Política e Social) e 42 acabaram sendo processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão. "Era um ato para comemorar o Encontro Nacional do Estudantes, que havíamos conseguido realizar naquele mesmo dia na P.U.C.", lembra o professor Valdir Mengardo.
Espécie de guardião da memória da invasão, o professor do departamento de teologia Jorge Claudio Ribeiro, autor do filme "Não Se Cala a Consciência de um Povo" sobre o episódio, aponta a importância que ele ganharia na luta pela redemocratização do país: "Naquele momento, a P.U.C. estava na dianteira da luta pelo fim da ditadura, com dom Paulo Evaristo Arns [cardeal-arcebispo de São Paulo] participando ativamente dos movimentos pelos direitos humanos. Foi um ato que chocou a sociedade", diz.
A violência da operação não inibiu outras do mesmo gênero -tanto assim que, em maio de 1979, dez mil estudantes participaram em Salvador do Congresso de Reconstrução da UNE, sem represália da PM. O então governador Antonio Carlos Magalhães, da Arena, cedeu o Centro de Convenções para realizar o evento.
Hoje, quarenta depois, ainda vivemos a truculência de órgãos de segurança, principalmente nas periferias de São Paulo, e outras capitais do Brasil, e com sérias ameaças das liberdades individuais.
A direção da Pontifícia Universidade Católica endossa a posição. O próprio comandante da operação policial, o coronel do Exército Erasmo Dias, disse na época que a invasão se converteu em bandeira do movimento estudantil e da sociedade contra o regime.
"Eles [os estudantes] queriam transformar a reorganização da UNE [União Nacional dos Estudantes] em notícia. Conseguiram na PUC", diz.
A investida da PM foi a última grande operação da ditadura militar contra o movimento estudantil -que tinha sido praticamente desmantelado em 1968, com a prisão de seus principais dirigentes no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP).
Em 1974, o governo liquida os últimos focos de luta armada e o presidente Ernesto Geisel inicia a distensão. Desaparecem os grupos de esquerda que condenavam a opção por uma oposição institucional ao regime. Entidades da sociedade civil criticam a ditadura, e surgem movimentos em defesa da anistia e contra a carestia.
A mobilização da sociedade civil ganha corpo com a reorganização do movimento estudantil, com a criação do DCE Livre da USP em 1976 e a reconstituição da UEE em 1977.
Em 30 de março daquele ano, 5.000 estudantes da USP fazem uma marcha até o Largo de Pinheiros. Em maio, 10 mil caminham do Largo São Francisco até o Viaduto do Chá. Com o avanço das manifestações, o governo decide intervir: invade a Faculdade de Direito da USP em junho e, em seguida, a PUC. Invadem também a Cidade Universitária, tiram todos os alunos de lá, inclusive os que estavam em aula, e os escoltam até a saída com a cavalaria da P.M.
A invasão
Por volta das 21h50 do dia 22 de setembro de 1977, cerca de 2.000 estudantes participavam de um ato público em frente ao Tuca, o teatro da universidade, quando foram interrompidos por 3.000 policiais, militares e civis, apoiados por carros blindados.
A tropa lançou bombas e investiu com violência contra os estudantes, que tentaram se refugiar dentro da universidade. Os policiais arrombaram as portas das salas, prendendo e espancando professores, funcionários e alunos. Seis estudantes sofreram queimaduras.
"Eu testemunhei os atos de selvageria da invasão, com agressões físicas, gritarias de "abaixo os comunistas", xingamentos, prisões e bombas de gás. Apresentei-me como diretor da Faculdade de Ciências Sociais e recebi tapa na cara, chutes. Minha faculdade foi invadida, arquivos jogados para o ar, pichação das paredes com a sigla CCC [comando de caça aos comunistas]. Fui também preso e depois liberado", relatou o professor Paulo Resende.
"As cicatrizes não deixam a gente se esquecer. Eu só lembro que caí descendo uma rampa. Imediatamente, o joelho esquerdo queimou, como se eu tivesse sobre o fogo. Acho que era uma bomba. No hospital, vi que tinha queimado até chegar no osso", conta Iria Visoná, à época estudante da USP.
Nos anos 90, ela e outras estudantes que sofreram queimaduras foram indenizadas após uma longa batalha jurídica.
A ação policial resultou na detenção de 854 pessoas, levadas ao Batalhão Tobias de Aguiar, em ônibus da C.M.T.C, companhia de transporte público de S.Paulo, das quais 92 foram fichadas no Deops (Departamento de Ordem Política e Social) e 42 acabaram sendo processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão. "Era um ato para comemorar o Encontro Nacional do Estudantes, que havíamos conseguido realizar naquele mesmo dia na P.U.C.", lembra o professor Valdir Mengardo.
Espécie de guardião da memória da invasão, o professor do departamento de teologia Jorge Claudio Ribeiro, autor do filme "Não Se Cala a Consciência de um Povo" sobre o episódio, aponta a importância que ele ganharia na luta pela redemocratização do país: "Naquele momento, a P.U.C. estava na dianteira da luta pelo fim da ditadura, com dom Paulo Evaristo Arns [cardeal-arcebispo de São Paulo] participando ativamente dos movimentos pelos direitos humanos. Foi um ato que chocou a sociedade", diz.
A violência da operação não inibiu outras do mesmo gênero -tanto assim que, em maio de 1979, dez mil estudantes participaram em Salvador do Congresso de Reconstrução da UNE, sem represália da PM. O então governador Antonio Carlos Magalhães, da Arena, cedeu o Centro de Convenções para realizar o evento.
Hoje, quarenta depois, ainda vivemos a truculência de órgãos de segurança, principalmente nas periferias de São Paulo, e outras capitais do Brasil, e com sérias ameaças das liberdades individuais.
Fontes:
wikipedia.org
folha.uol.com.br
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