sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Olá, pessoal !


Hoje vamos falar da F.E.B. (Forças Expedicionárias Brasileiras) que lutaram na Itália, compondo as forças aliadas na Segunda Guerra Mundial.





Uma piada corrente no país, pouco antes de o Brasil entrar na Segunda Guerra Mundial, era que Hitler teria dito ser mais fácil ver uma cobra fumando do que os brasileiros conseguirem enviar tropas para a batalha. Quando, por não ter sido possível encontrar o número ideal de soldados necessários para compor um corpo expedicionário, o governo rebatizou o grupo para Força Expedicionária Brasileira (FEB) dizia-se que o Brasil não iria mais para a guerra porque havia “tirado o corpo fora”. Segundo novas pesquisas, indesejada pelas forças aliadas e pelos militares brasileiros, produto de uma negociação pragmática do Estado Novo, em busca de maior projeção global, a F.E.B. foi à guerra e, ao retornar, ainda amargou o desprezo nacional e a censura militar sobre sua história. “Carecemos de conhecimento sobre o papel dos expedicionários na guerra, o que resulta nas ideias simplórias e absolutas sobre o seu desempenho: heróis ou trapalhões.



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Cabe lembrar que o governo ditatorial de Getúlio Vargas se alinhava aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e por forte pressão dos EUA através de seu presidente Roosevelt o Brasil mudou de posição e apoiou os aliados, enviando um grupo expedicionário com 25.834 homens, que apesar de mal treinados, mal armados, mal equipados, tiveram duas vitórias importantes nos campos da Itália, a tomada de Montese e Monte Castelo.

Uma jogada de mestre de Getúlio que condicionou o envio de tropas e o apoio logístico liberando as bases militares brasileiras aos aliados, além de ajuda no esforço de guerra, à ajuda americana na construção de uma siderurgia a Vale do Rio Doce.

A primeira pergunta que os americanos (e jovens brasileiros) geralmente fazem é: por que houve uma FEB? São diversas as razões: a reação emocional do povo brasileiro à guerra; os objetivos dos líderes civis e militares brasileiros; e os objetivos dos Estados Unidos. O povo brasileiro enfureceu-se com o afundamento de navios por submarinos do Eixo, o que levou ao reconhecimento de um estado de guerra com a Alemanha e a Itália em agosto de 1942; a F.E.B. foi um ato de vingança, um modo de restabelecer a honra nacional, ao mesmo tempo em que contribuía com a grande luta para salvar a civilização. Pelo menos foi assim que a propaganda do governo a apresentou.


                                    pracinha no campo de batalha
O presidente Getúlio Vargas e seu ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, preocupados com as futuras negociações de paz, com a reorganização do mundo no pós-guerra, e conhecedores das dificuldades que o Brasil enfrentara após a I Grande Guerra, sem dela ter participado militarmente, optaram pelo engajamento na campanha. Franklin Roosevelt encorajou esta linha de raciocínio, dizendo a Var­gas, durante o encontro que tiveram em Natal, em fevereiro de 1943, que o queria ao seu lado na Conferência de Paz. Além disso, Vargas provavelmente teria nutrido esperanças de distrair os militares com a finalidade de assegurar para si mais espaço político no qual pudesse organizar uma base populista para prosseguir com o que via como os benefícios do seu regime ditatorial. Seus oponentes logo enxergaram na FEB uma garantia de que o regime não sobreviveria à guerra. Alegavam que os brasileiros não poderiam lutar contra uma tirania no estrangeiro e continuar vivendo sob uma tirania na sua própria terra.
O ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, viu a guerra e a FEB como um modo de expandir a histórica cooperação do Bra­sil com os Estados Unidos, transformando-a numa “verdadeira aliança de destinos”. Essa política de cooperação tinha se constituído, segun­do Aranha, “em uma fonte de segurança” para o país, já que, dando aos Estados Unidos a certeza do apoio brasileiro em questões interna­cionais, poderíamos “contar com eles nas questões sul-americanas”. A FEB, no seu modo de ver, convenceria os americanos de que o Brasil estava comprometido “material, moral e militarmente” com uma aliança que era sua estratégia para ganhar a ajuda dos Estados Unidos à industrialização brasileira, o que ele via como “a primeira defesa contra o perigo externo e interno”. Aranha argumentava que a FEB era o começo de uma colaboração mais ampla envolvendo a total reorganização militar do Brasil. Mais ainda, ele não acreditava que o Brasil pudesse ficar restrito exclusivamente a uma força expedicionária, caso desejasse assegurar o envolvimento americano em outras questões militares, como a expansão de sua Marinha e Força Aérea e a defesa do sul do país. Contemplando o futuro, ele acreditava que o Brasil teria que conservar suas forças mobilizadas por algum tempo após a paz, a fim de ajudar a manter a ordem no pós-guerra. Juntamente com outros ministros, asseverava que deveriam trabalhar para convencer os americanos de que, “tendo escolhido a estrada a seguir e os nossos com­panheiros de jornada, não alteraremos o nosso curso ou hesitaremos em nossos passos”.

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O Brasil perdeu 454 soldados do exército , além de 5 da aeronáutica,  e cerca de 2.000 homens foram feridos.

Nomes como Montese  e Massarosa soam desconhecidos para muitos brasileiros. Para parte dos italianos que vivem nessas localidades, porém, o Brasil tem um significado especial. Não se trata de turismo, samba ou futebol, mas de uma parte importante da história daquela região. Há 70 anos, durante a Segunda Guerra Mundial, foi a ação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que libertou a população dessas cidades dos nazifascistas. O episódio é lembrado até os dias atuais, em conversas com os moradores e em celebrações realizadas anualmente.



Crianças italianas cantam a canção do expedicionário numa bela homenagem aos pracinhas brasileiros.

Às vezes fica a pergunta; será que os pracinhas foram heróis mesmo ?

Responda você essa pergunta. Um grupo de homens quase sem treinamento, sem mantimentos, sem roupas adequadas para o rigoroso inverno europeu, subiram em navios militares e navegaram por dias para um destino incerto para eles.
Os soldados só foram saber que iriam para Itália quando já estavam a caminho.

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A FEB foi o núcleo de um projeto político que deveria fortalecer as Forças Armadas e dar ao Brasil uma posição de importância global como aliado dos Estados Unidos. O problema foi fazer os americanos pensarem o mesmo”, explica Letícia Pinheiro, professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio. “No auge de seu esforço de guerra, os Aliados não queriam um parceiro que precisava ser vestido, alimentado, treinado e municiado, como o Brasil, e tentou-se desestimular as pretensões brasileiras. Mas o governo de Vargas insistiu no envio de uma força expedicionária para melhorar sua posição internacional na mesa de negociações do pós-guerra”, afirma o historiador Francisco César Ferraz, professor da Universidade Estadual de Londrina. As Forças Armadas, porém, não estavam preparadas para organizar uma expedição e os poucos oficiais com experiência de combate tinham lutado pela última vez em 1932. “A instrução do Exército era baseada na doutrina militar francesa de 1914, já ultrapassada, uma abordagem científica da guerra que, na Itália, se chocaria com uma realidade de incertezas, de necessidade de improvisação e de rápida tomada de decisões pelos oficiais”, diz Campiani.



    


"La mia gioconda" - Vicente Celestino
“Tinha-se a percepção de que a fanfarronice encenada em campanhas nas coxilhas ou nos tiroteios contra estudantes paulistas destreinados seria suficiente para enfrentar o Exército alemão.” No ataque a Monte Castelo, por exemplo, o comandante brasileiro, general Zenóbio da Costa, dispensou o ataque prévio da artilharia sobre posições alemães dizendo: “Não precisa! Os meus meninos tomam aquela m. no grito!” (Como citado por César em seu livro, Barbudos, sujos e fatigados). “Quando os jovens foram convocados para a guerra, inaugurou-se uma nova organização para o Exército: a de cidadãos que eram convertidos em soldados para lutar pela pátria”, observa Ferraz. Mas não foi fácil. Os convocados depararam com a tradição francesa dos militares brasileiros. “Os oficiais eram muito ríspidos com seus subordinados e os praças recebiam prisões disciplinares pelos motivos mais insignificantes. A alimentação era de péssima qualidade e os uniformes vistosos dos oficiais contrastavam com o fardamento dos soldados, feitos de tecido barato que se rasgava com facilidade”, afirma Ferraz. Além disso, legiões de conscritos das classes mais altas logo trataram de arrumar “pistolões” que lhes garantissem a exclusão da FEB. O mesmo valeu para uma quantidade considerável de oficiais do Exército regular, que arrumaram meios escusos de fugir da obrigação. Para piorar, o exame de saúde seletivo era precário e, em muitos casos, deixou no Brasil convocados em condições de saúde satisfatórias para levar outros com problemas graves, que precisaram ser revolvidos da Itália em meio ao combate. Há mesmo o caso de um tenente que foi à guerra com olho de vidro. O principal motivo de exclusão, no entanto, era “dentadura insuficiente”.
Com tudo isso, no entanto, os homens da FEB podem sim ser considerados heróis, que lutaram pela pátria.
Cheguei a conhecer ex-combatentes que falavam com orgulho de sua participação nas Forças Expedicionárias.
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Fontes:
gazetadopovo.com.br
segundaguerra.net
revistapesquisa.fapesp.com
wikipedia.org
youtube.com


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