Hoje vamos falar do livro Macunaíma de Mário de Andrade.
Mário de Andrade, paulistano, professor de piano e erudito, foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
Sua obra prima, Macunaíma de 1928, é fruto dos estudos do escritor sobre a cultura, os costumes e folclore brasileiro.
O livro foi escrito em quinze dias numa fazenda da família de Mário, em Araraquara, interior de São Paulo, onde o escritor foi passar férias.
O texto é repleto de palavras do Tupi, mas são compreensíveis para quem lê, dado ao contexto do livro.
Macunaíma, segundo o autor, era um herói sem nenhum caráter, que é preguiçoso, mentiroso, desleal, mesmo com os irmãos; Jiguê e Maanape.
Um dia num passeio pela mata com a cunhada Sofara, mulher de Jiguê, Macunaíma brinca com ela.
Mais tarde se apaixona pela mãe do mato, Ci, que lhe dá um filho que nasce morto.
O ator traça um retrato do povo brasileiro, em contrapartida com os brasileiros de São Paulo, a locomotiva do Brasil.
Macunaíma nasceu no Amazonas, e de tão preguiçoso só começou a falar com seis anos, se banha num lago encantando e fica branco de olhos claros, seu irmão Jiguê vendo isso, pula na água, já suja da negrura de Macunaíma, de modo que Jiguê fica mulato.
No desespero para tornar a pele branca como o irmão, ele se esfrega freneticamente jogando toda a água para fora do lago, de modo que quando Maanape, vai se banhar, a água é tão pouca que somente as plantas dos pés, e as palmas da mão ficam brancas, o resto do corpo continua negro.
O livro é uma crítica social ao Brasil e aos brasileiros, que com sua apatia, não percebem o gigantismo do país onde moram, e vivem enaltecendo outros países e outros povos.
"Inda tanto nos sobra, por este grandioso pais, de doenças e insectos por cuidar!... Tudo vai num descalabro sem comedimento, e estamos corro (dos pelo morbo e pelos miríapodes!" (Macunaíma. p. 105).
Além desses aspectos de natureza social e étnica, destaca-se também em Macunaíma o problema da língua portuguesa no Brasil. Como vimos, o Modernismo fez uma verdadeira revolução na língua literária, dessacralizando-a da sua feição acadêmica e clássica. Os modernistas aproximam-na do povo, incorporando a ela os modismos brasileiros – É o português do jeito que o brasileiro fala.
O movimento modernista ironizava o parnasianismo, e suas locuções e frases pomposas em total diversidade da fala do povo brasileiro.
A obra se desenvolve num espaço e tempo imprecisos e por vezes confusos; ora Macunaíma está no Amazonas, e momentos depois em São Paulo, para logo em seguida estar no Mato Grosso ou Rio de Janeiro.
A narrativa e feita em terceira pessoa, embora por vezes, Mário de Andrade dê vez às falas dos personagens.
O professor Alfredo Bosi, destaca três estilos narrativos no livro:
O primeiro o estilo de lenda, épico lírico:
"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamara de Macunaíma."
O segundo era um estilo de crônica e cômico:
"Já na meninice fez coisas de sarapantar De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam afalar~ exclamava:
ai! que preguiça!...
E não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém."
ai! que preguiça!...
E não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém."
E por fim o terceiro estilo era de paródia:
"Mas cair-nos-iam as faces, si ocultássemos no silêncio, uma a curiosidade original deste povo. Ora sabereis que à sua riqueza de expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra. "
Esse trecho do livro chamado de "Carta para Icamiabas", capítulo IX - Macunaíma, foge de sua linguagem usual e tenta ser erudito, cometendo erros crassos de português, o que dá ao texto um ar cômico.
Muiraquitá - A muiraquitã é um amuleto que se associa à vida primitiva de Macunaíma, antes do contato com a civilização. Pode-se dizer que a muiraquitã se associa à idéia de pureza e inocência. Com a perda do amuleto, Macunaíma vai-se civilizando e “sifilizando": contrai as doenças da civilização, conforme constata e registra na sua carta as icamiabas.
Em busca do muiraquitã perdido, Macunaima e seus irmãos vêm para São Paulo, atrás do peruano, Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã.
Macunaíma consegue recuperar a sua pedra e volta pra a sua tribo, lá perdendo-a de novo.
Desanimado, com a perda do talismã que representava o próprio motivo de sua existência ele morre e se transforma na Constelação Ursa Maior.
Piaimã - O gigante Piaimã, por outro lado, representa bem o elemento estrangeiro, civilizado e superior, que vai dominando a pobre nação, subdesenvolvida e fraca. Somente com muita artimanha, o herói consegue enganá-lo e vencê-lo, na ficção de Mário de Andrade. Na realidade de hoje, a selva amazônica, reduto majestoso das icamiabas de Macunaíma, está à mercê do gigante Piaimã dos impérios internacionais que rondam gulosos à procura de um "pulmão".
Em 1969 o diretor Joaquim Pedro de Andrade fez o filme Macunaíma, baseado na obra de Mário de Andrade.
Macunaíma foi interpretado por Grande Otelo, e teve ainda no elenco Dina Sfat, Jardel Filho, Hugo Carvana, Joana Fomn, Milton Gonçalves e Paulo José como atores principais.
Esse livro é um dos que mais são pedidos no Enem e em vestibulares.
Fontes:
wikipedia.org
infoescola.com
guiadoestudante.abril.com.br
falandoemliteratura.com
taniaqueirozz.blogspot.com.br
filmow.com/macunaima
youtube.com
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