Olá,pessoal !
Hoje vamos falar do dramaturgo brasileiro Augusto Boal.
Nasceu em 16 de março de 1931 e morreu em 02 de maio de 2009 no Rio de Janeiro.
Augusto Boal era formado em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro quando embarcou para Nova York, com o objetivo de estudar teatro na Universidade de Columbia. Na volta, assumiu a direção do Teatro de Arena, em São Paulo, em parceria com José Renato. Investiu na formação dos integrantes do grupo, ensinando o método desenvolvido pelo russo Constantin Stanislavski, que ele tinha aprendido nos Estados Unidos.
Logo depois do Golpe de Estado, Boal foi para o Rio de Janeiro, onde dirigiu o show Opinião, iniciativa de artistas e autores ligados ao CPC da UNE, que havia sido colocado na ilegalidade. De volta a São Paulo, montou, ao lado de Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, uma peça inspirada na história do Quilombo de Palmares, Arena Conta Zumbi (1965). Naquele momento, criou o Sistema Coringa, que permite aos atores se revezar entre diversos papeis. Quando o AI-5 foi decretado, o Arena excursionou pelo exterior. Na volta, em 1970, criou o Teatro Jornal – 1ª Edição, antes de ser preso, em 1971.
O show Opinião, escrito por Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes, dirigido por Augusto Boal e protagonizado por Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão, que no Rio de Janeiro foi substituída por Maria Bethânia, foi produzido logo após o golpe militar de 1964, tematizando questões sociais e políticas do Brasil, sendo apontado em muitos estudos como a primeira reação ao golpe. Surgido a partir de ideia de Vianinha, o Opinião foi uma grande inovação em termos de espetáculo musical e teatral: criar um modelo de show em que cantores intercalam canções com falas, contando histórias e opinando sobre questões sociais e políticas, mesmo que de forma velada, é um achado do show, que depois se propagou em espetáculos como Liberdade, Liberdade e Arena Conta Zumbi. O show Opinião foi um marco na história da música popular, causando grande impacto, tanto artístico quanto político, e fazendo enorme sucesso, principalmente entre o público estudantil, que parece ter identificado o espetáculo como forma de protestar contra a situação política do país, vivendo um momento coletivo de catarse e sublimação e experienciando a sensação de vitória que não foi possível na realidade.
Boal disse que os militares só perceberam o impacto e o teor de crítica do show tempos mais tarde, mas já era tarde para uma intervenção, visto o sucesso que o mesmo fazia entre o público.
Homem que fez do amor pelo teatro o condutor de sua trajetória de vida, Augusto Boal ganhou reconhecimento internacional a partir da criação do Teatro do Oprimido, metodologia que coloca a arte a serviço da inclusão social. O trabalho, que nasceu a partir dos anos de exílio na América do Sul e rendeu frutos na Europa na década de 70, chegou ao Brasil nos anos 80 fortalecido.
Segundo o próprio Boal, o telespectador deixava de ter uma atuação passiva para participar da peça.
A poética do Teatro do Oprimido está organizada em diferentes formas/técnicas de ações dramáticas, acrescentando que para Boal o teatro é ação.
O “Teatro-Jornal” foi uma forma de ação teatral desenvolvida por Boal no Teatro de Arena, em São Paulo, no período anterior a sua saída do Brasil por força da ditadura daquele momento. Desde 1956 ele dirigia o teatro de Arena, onde permaneceu por quinze anos consecutivos. Esta técnica pretende que se transforme quaisquer notícias de jornal, ou qualquer outro material sem propósito dramático, em cenas ou ações teatrais.
O “Teatro-Fórum” é uma técnica em que os atores representam uma cena até a apresentação do problema, e em seguida propõem aos espectadores que mostrem, por meio da ação cênica, soluções para o então problema apresentado.
Outra possibilidade de ação dramática dentro do arsenal do Teatro do Oprimido é o “Teatro Invisível”, cuja proposta é a representação de uma cena diante de pessoas que não sabem que estão sendo espectadoras da ação dramática, e precisa acontecer num ambiente diferente do teatral, o mais dentro do cotidiano das pessoas. Para esta forma de apresentação é preciso a preparação de um roteiro de improvisação, onde já se ensaie a possível interferência do espectador no ato estético coletivo. Cabe aos atores prolongarem a discussão dos espectadores a respeito do tema abordado na cena, de forma que outros “atores anônimos” se insiram no contexto e reafirme a veracidade da ação para o espectador, que neste momento já passa a ser protagonista da ação teatral proposta. É imprescindível o caráter invisível dos atores para que os espectadores atuem com liberdade.
Teatro do invisível
Casado com uma argentina, Cecilia Boal, com quem viveu no exílio, especialmente na Argentina, onde moravam os parentes dela.
Cecília e os filhos Fabian e Julian
Exilado, viveu na Argentina, em Portugal e na França. Foi durante o exílio que ele desenvolveu as bases conceituais do Teatro do Oprimido, método teatral ligado ao teatro de resistência, a Bertolt Brecht e aos movimentos de vanguarda surgidos na Rússia e na Alemanha nos anos 1930. O objetivo do Teatro do Oprimido é suscitar a tomada de consciência e a mobilização política. Ele voltou ao Brasil em 1984, depois da anistia. Em 1986, fundou o Centro de Teatro do Oprimido.
Durante o exílio em Portugal lança a peça "Lisa, a mulher Libertadora" uma adaptação de "Lisítrata" de Aristófones, com músicas de Chico Buarque de Holanda,com destaque para "Mulheres de Atenas"
A música "Meu caro amigo" de Chico Buarque e Francis Hime foi uma homenagem para Boal exilado na Argentina na época.
Foi um homem que acreditava que somente através da cultura e educação de qualidade, massificada entre a população, é que transformaria o Brasil numa potência; diminuindo as injustiças sociais e as desigualdades.
Junto com Darcy Ribeiro trabalhou num dos maiores projetos de educação do país, os CIEPS.
Ele foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2008, em virtude de seu trabalho no Teatro do Oprimido, que se espalhou pelo mundo inteiro.
Morreu de insuficiência respiratória no Rio de Janeiro em 2 de maio de 2009. Boal sofria de leucemia.
Fontes:
wikipedia.org
memoriasdaditadura.org.br
youtube.com
cultura.estadao.com.br
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