O primeiro texto conhecido da língua portuguesa data do século XIII, chama-se "Cantiga da Ribeirinha", escrito por Paio Soares de Taveirós para Maria Pais de Ribeira, senhora da corte que tinha um relacionamento amoroso com o soberano D.Sancho I. Era um exemplo clássico de Cantiga de Amigo modelo típico do Trovadorismo.
D. Maria Pais de Ribeira, A Ribeirinha (como também é conhecida) ( 1170 - Grijó 1258), foi uma nobre portuguesa. Destacou-se por ser concubina de Sancho I de Portugal.
Na Cantiga de Amigo o poeta põe as palavras na boca de sua amada, como se fosse ela a dize-las.
Cantiga da Ribeirinha
(texto em galego-português)
No mundo non me sei parelha,
mentre me fôr como me vai,
ca já moiro por vós – e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi en saia!
Mau dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel dia, ai!
me foi a mi mui mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d’haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós houve nen hei
valia d’ua correa.
"Ay eu coitada
Como vivo em gran cuidado
Por meu amigo que ei alongado!
Muito me tarda
O meu amigo na Guarda!
Ay eu coitada
Como vivo em gram desejo
Por meu amigo que tarda e não vejo!
Muito me tarda
O meu amigo na Guarda."
O testamento de D.Afonso de 1214, também é considerado um dos primeiros textos em língua portuguesa.
O Testamento do D. Afonso II (trecho, datado de 1214)
En’o nome de Deus, Eu rei don Afonso pela gracia de Deus rei de Portugal, seendo sano e saluo, temẽte o dia de mia morte, a saude de mia alma e proe de mia molier raina dona Orraca e de me(us) filios e de me(us) usassalos e de todo meu reino fiz mia mãda p(er) q(ue) depos mia morte mia molier e me(us) filios e meu reino e me(us) vassalos e todas aq(ue)las cousas q(ue) Deu(us) mi deu en poder sten en paz e en folgãcia. Primeiram(en)te mãdo q(ue) mu filio infante don Sancho q(ue) ei da raina dona Orraca agia meu reino enteg(ra)m(en)te e en paz. E ssi este for morto sen semmel, o maior filio q(ue) ouuer da raina dona Orraca agia o reino entegram(en)te e en paz. E ssi filio barõ nõ ouremos, a maior filia que ouuermos agia’o…
Em língua portuguesa a primeira gramática conhecida é da autoria de Fernão de Oliveira, foi publicada em Lisboa, em 1536, com o título “Grammatica da lingoagem portuguesa”. Fernão de Oliveira estabeleceu um sistema ortográfico para a língua portuguesa e definiu a “arte que ensina a bem ler e falar”. Ele deu destaque aos aspectos sonoros da língua e criou regras de sintaxe e dedicou seu livro a D. Fernando de Almada.
João de Barros (1496-1570), contemporâneo de Fernão de Oliveira, publicou sua “Grammatica da Língua Portuguesa" juntamente com o Diálogo em Louvor de nossa Linguagem, obras que veem valorizar e afirmar a língua portuguesa.
João de Barro (1496-1570)
João de Barros nasceu provavelmente em Viseu (Portugal) e foi um importante historiador e cronista da expansão portuguesa.
Filho de um nobre, Lopo de Barros, teve a sua entrada facilitada na corte de D. Manuel I. Tornou-se, ainda jovem, servidor do Paço Real e "moço do guarda-roupa" do então príncipe D. João III. Reconhecendo a capacidade do jovem, D. João III, logo que subiu ao trono, em 1521, concedeu a Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina, em África. No ano a seguir à sua nomeação, João de Barros partiu para assumir o seu posto, em África. Em 1525, já em Lisboa, foi nomeado tesoureiro da Casa das Índias, função que cumpriu durante três anos.
Além de se dedicar à administração pública, João de Barros também interessou-se pelas letras. Muito influenciado pela filosofia humanista, Barros escreveu várias obras em que destacou a importância da língua como fator de fixação da soberania imperial.
Publicou, em 1540, a segunda gramática da língua portuguesa, sendo precedido, apenas, por Fernão de Oliveira. Intitulada "Grammatica da Língua Portuguesa", a gramática de Barros foi a segunda obra publicada, em Portugal, com o objetivo de normatizar a língua, tal como era falada naquele tempo. Além do caráter normativo de uma gramática, também tinha um carácter pedagógico, com o objetivo de ensinar e educar.
Além destas obras, que colaboraram para o ensino e a normalização da língua portuguesa, João de Barros também escreveu obras que exaltavam os feitos dos portugueses no mundo. A primeira, A Crônica do Imperador Clarimundo, publicada em 1522, exalta a história de Portugal, que é tratado como "a clareza do mundo", uma terra que representa "a mãe de todo o esforço". Sempre exaltando os feitos de Portugal, Barros justificava a expansão ultramarina com argumentos espirituais, apresentando-a como uma cruzada religiosa contra os mouros.
Consta que, em janeiro de 1568, sofreu um acidente vascular cerebral e foi exonerado das suas funções na Casa da Índia, recebendo título de fidalguia e uma tença régia do rei Dom Sebastião. Faleceu, dois anos mais tarde, na sua quinta de Alitém. Tendo-se endividado por causa da expedição fracassada de 1539 quando vinha assumir duas capitanias hereditárias no Brasil, nunca conseguiria recuperar-se financeiramente, morrendo na mais completa miséria, sendo tantas as suas dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento.
Fernão de Oliveira nasceu em Aveiro, em 1507. Foi um homem de múltiplos interesses, tendo desenvolvido atividades como gramático, historiador, cartógrafo, piloto e teórico de guerra e de construção naval. Iniciou os estudos, aos nove anos, no Convento de S. Domingos daquela cidade, tendo sido transferido, em 1520, para o convento da mesma ordem, em Évora. Aos 25 anos, fugiu para Castela, onde se dedicou ao estudo da língua espanhola e se tornou clérigo secular. Em 1536, regressou a Lisboa, dedicando-se ao ensino e publicando a primeira gramática da língua portuguesa, intitulada "Grammatica da Lingoagem Portuguesa".
A partir desta publicação, passou a integrar o grupo dos gramáticos do Renascimento que se dedicaram à descrição das suas línguas maternas. Por volta de 1541, partiu para Itália, onde se dedicou à diplomacia secreta, provavelmente relacionada à complexa questão a respeito dos cristãos-novos que o rei D. João III manteve com a Santa Sé. Em 1543, regressou a Portugal, onde foi ameaçado de ser denunciado ao Tribunal da Santa Inquisição, por heresia. Temendo a perseguição do Santo Ofício, Fernão de Oliveira deixou o sacerdócio e fugiu para a França, onde se alistou como soldado e serviu na guerra contra a Inglaterra.
Um dos aspetos que caracterizaram Fernão de Oliveira foi o espírito crítico e humanista. O seu fascínio pelo mar, pela arte de navegar e pela expansão marítima levou-o a desenvolver também um fascínio pelas línguas, especialmente a portuguesa. Publicou, em 1536, a primeira gramática da língua portuguesa, que tinha como objetivo primordial a perpetuação da memória daquela língua. Foi publicada num período em que Portugal procurava afirmar sua a autonomia nacional em relação às outras nações.
Por seu espírito rebelde, e aventureiro e pelo apoio dado ao rei da Inglaterra Henrique VIII, àquele que para conseguir o divórcio da esposa Catarina e casar com Ana Bolena, rompeu com a Igreja Católica e fundou a Igreja Anglicana, teve diversos problemas com a Santa Inquisição sendo presos algumas vezes.
Henrique VIII
Fontes:
letras119.tumblr.com
cvc.instituto-camoes.pt
faseshistoricasdalp.wordpress.com
super.abril.com.br
coladaweb.com
wikipedia.org
google.com
sohistoria.com.br
sohistoria.com.br
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