Hoje em homenagem ao dia da Mulher vamos falar da primeira jornalística esportiva da TV brasileira.
Ela cresceu em Ibitinga, no interior de São Paulo, odiando futebol. Todo fim de semana, quando tinha jogo do Corinthians na região, os pais pegavam um ônibus para ir ver o time do coração. A ausência deixava a pequena Níobe chateada. O nome, de ascendência grega e que causava muita confusão, ela acabou abandonando. Adotou Regiani Ritter, em homenagem a familiares italianos e austríacos. E, na sequência, deixou para trás também o rancor pelo esporte, o que a transformou em uma das primeiras mulheres a trabalhar com futebol do Brasil.
Ela cresceu em Ibitinga, no interior de São Paulo, odiando futebol. Todo fim de semana, quando tinha jogo do Corinthians na região, os pais pegavam um ônibus para ir ver o time do coração. A ausência deixava a pequena Níobe chateada. O nome, de ascendência grega e que causava muita confusão, ela acabou abandonando. Adotou Regiani Ritter, em homenagem a familiares italianos e austríacos. E, na sequência, deixou para trás também o rancor pelo esporte, o que a transformou em uma das primeiras mulheres a trabalhar com futebol do Brasil.
Regiani Ritter entrevistava jogadores no vestiário numa época em que as mulheres eram poucas no jornalismo esportivo.
Regiani iniciou sua carreira como atriz, mas conta que ficar em cartaz por longos meses com uma mesma peça a deixava entediada. Apaixonou-se pela rotina do esporte, por estar cada vez em um canto diferente. Trabalhou com profissionalismo dentro de um universo que pouco reconhecia o talento feminino e conquistou o rádio, a TV e o jornal impresso. Quem acompanhou seu tempo de repórter de campo se lembra: "Ela entrava nos vestiários e entrevistava os jogadores pelados". Sim, Regiani fez isso, mas fez muito mais.
Entrevistando Sócrates
Quando criança, eu meio que detestava futebol. Todo final de semana que tinha jogo do Corinthians nas cidades próximas à nossa, que era Ibitinga, os meus pais sumiam. Iam para Bauru, Ribeirão Preto, Araraquara, assistir às partidas. E eles não levavam as crianças, nos deixavam com a minha avó. Mas logo depois eu comecei a jogar bola e adorava. Só o futebol mexe tanto com emoções. Olhando bem, não tem graça nenhuma. São 20 homens brigando por uma bola, fazendo as mesmas jogadas, repetindo a mesma marcação. Antigamente ainda tinha gol de letra e jogadas fantásticas, antológicas. Hoje não tem mais. Nosso futebol está retrógrado, atrasado, parou no tempo. Eu gosto do futebol arte..
Hoje eu falo para que time torço, mas, nos 20 anos em que atuei na beira do gramado, como repórter e como comentarista no "Mesa Redonda"(Gazeta), eu não falava, porque eu já tinha o peso de ser mulher. E achava que poderia cair no descrédito. Eu sou palmeirense. A primeira vez que meu pai me levou ao Pacaembu –obrigado, porque ele não tinha com quem me deixar–, era um jogo entre Corinthians e Palmeiras, eu tinha uns 8 ou 9 anos. Ficamos no meio da torcida do Corinthians, claro, só que eu tinha uma visão fantástica da torcida adversária, verde e branca, belíssima. Aquele estádio lotado, com aquelas bandeiras maravilhosas. O Corinthians perdeu, e meu pai ficou dizendo que eu era pé-frio. Eu não sabia de nada na época. Perguntei: "Que time é esse?". E ele falou: "Essa porcaria do Palmeiras!". E eu imediatamente pensei: "Esse lindo do Palmeiras!". Naquele dia, nasceu uma palmeirense.
Trabalhei como atriz por muitos e muitos anos, depois parei. Quando atriz, eu tinha uma felicidade muito grande a cada trabalho, mas faltava alguma coisa. Eu me sentia muito na rotina. Você fica com uma peça de teatro oito meses em cartaz, dá vontade de chorar, dá vontade de morrer. Por isso eu me casei três vezes, a rotina me cansa. E, quando eu fui para o jornalismo esportivo, isso mudou. Hoje estou aqui, amanhã vou para Belo Horizonte, na semana que vem para Belém. É cada dia um lugar diferente. É muito prazeroso. É um jogo de emoções muito grande. Cobertura de férias A rádio Gazeta, em 1980, me convidou para apresentar um programa musical de variedades, que abordava todos os todos os assuntos: economia, política, saúde, literatura, artes, cinema. E eu criei um quadrinho de esporte dentro desse programa. Um dia, o diretor da rádio, o Pedro Luiz Paoliello, que foi um dos grandes narradores do Brasil e um grande jornalistas esportivos, me convidou para cobrir a ausência de um repórter que ia viajar acompanhando a seleção brasileira. Eu ia cada dia para um clube e, no fim de semana [quando acontecem os jogos], eu folgava. Sempre olhava a escala com a esperança de que um dia ele poria meu nome lá, mas ele não me escalava para jogos, só para treinos. Após um mês trabalhando, me sentei com ele e falei: "Pedro, eu quero fazer um jogo. Senão, nunca vou me sentir realizada". Ele ficava me pedindo calma. Disse que o superintendente da rádio tinha medo de que a voz feminina tirasse a credibilidade da informação esportiva.
De tanta insistir conseguiu anos depois na TV Gazeta. No canal 11 de São Paulo/SP ocupou também as funções de produtora e comentarista do programa Mesa Redonda, além de apresentadora do Jornal do Esporte com Cléber Machado e Roberto Avallone.
Marcelo Di Lallo (In Memoriam), Pedro Luiz Paoliello (In Memoriam) , José Diniz, Regiani Ritter, Silvio Valente, Ennio Rodrigues (In Memoriam), Mauro Betting e Jiane Carvalho, Eduardo Luiz, Ricardo Capriotti e Jarbas Duarte.
Em 1991, foi escolhida a melhor jornalista do ano em eleição do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Após um tempo fora da mídia, Regiani voltou a Rádio Gazeta, no prefixo que a consagrou, apresentando um programa de variedades, o Revista Geral, além de apresentar o tradicional programa esportivo Disparada no Esporte.
Comentando sobre os preconceitos que teve de superar por ser mulher num ramo masculino, o futebol ela disse:
"Do público, eu não sofria rejeição nem recebia ofensas. Mas uma vez o Milton Neves falou: 'Regiani Ritter, você me irrita, você não entende nada de futebol'. Nove anos depois, eu perguntei se ele ainda pensava assim. E ele me disse: "Tive nove longos anos para me arrepender". Mas senti isso de alguns colegas. Havia três tipos de profissionais. A primeira categoria –e era a minoria– me tratava superbem, sem festa, sem rejeição, sem desconfiança, sem antipatia. Com o tempo, descobri que eram os bons, a elite do jornalismo. Teve uma outra categoria que me recebeu mais ou menos. Eram os jornalistas porte médio. E a terceira categoria, que me recebeu com grunhido, eram os ruins. Esses sabiam que iam ser superados, pois não confiavam no próprio trabalho. Eram fraquíssimos."
Entrevistando José Roberto Marin (camisa do S.Paulo) e Carlos Miguel Aidar
Atualmente apresenta dois programas na própria Gazeta; o Disparada no Esporte e o Revista Geral.
Fontes:
wikipedia.orgportldosjornalistas.com.br
google.com
extraordinarias.blogsfera.uol.com.br
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