Numa crise como essa que estamos passando da pandemia do Coronavírus, a informação é super importante.
Na década de 70, o país foi assolado por uma epidemia de meningite, que foi escondida pela ditadura militar.
EM 1974, UMA EPIDEMIA DE MENINGITE MENINGOCÓCICA assolou o país. Despreparado para enfrentar o crescente número de casos e face à incapacidade de importar, em curto prazo, a quantidade de doses de vacinas necessárias, o regime militar censurou qualquer menção à doença nos meios de comunicação. Enquanto a moléstia se restringia às áreas mais carentes, a proibição funcionou, mas quando os óbitos começaram a ocorrer nos bairros nobres do Rio e de São Paulo, a notícia vazou e a pressão da opinião pública se fez sentir. O governo percebeu a importância do investimento tecnológico na área de saúde e firmou, então, acordo com o Instituto Mérieux – que construiu uma nova fábrica apenas para atender à demanda brasileira – para a transferência da tecnologia de produção do imunizante. Em 1976, foi criado, na Fiocruz, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos – Bio-Manguinhos – e implantado um centro de produção de vacinas contra a meningite meningocócica A e C
Apesar da situação, a letalidade, que de 1970 a 1972 variou entre 12% e 14% dos casos, a partir de 1973 declinou acentuadamente, atingindo o valor mais baixo (7%) em 1974. O maior número de óbitos foi observado em 1975, quando foram registrados 411, média de 1,15 ao dia. A letalidade da meningite tende a diminuir exatamente nos momentos epidêmicos, em decorrência do diagnóstico precoce e da introdução oportuna de tratamento.
A troca de presidente, com a entrada do general Ernesto Geisel, em 1974, facilitaria a mudança de atitude das autoridades. Em julho de 1974 foi criada a Comissão Nacional de Controle da Meningite, encarregada de traçar a política de vigilância epidemiológica. O número de casos registrados em janeiro de 1975 foi seis vezes maior do que o mesmo mês de 1974. Ironicamente, a meningite que tem o início de sua história na contaminação de soldados em postos militares, parecia não querer dar tréguas ao regime.
Em março de 1975 foi elaborado o plano básico de operações para garantir a vacinação de 10 milhões de pessoas em apenas quatro dias. A parte operacional da campanha esteve a cargo do exército. O esquema adotado durante a campanha não permitiu que fosse fornecido qualquer comprovante às pessoas vacinadas, nem o registro do número de vacinados. O número de casos continuou muito acima do registrado no ano anterior até abril, quando foi realizada a campanha de vacinação. Para conhecer a proporção de vacinados, o IBGE realizou um inquérito por amostragem domiciliar. A cobertura foi estimada em cerca de 93% na cidade. Após a campanha os casos diminuíram, mas só retornaram a valores endêmicos dois anos depois. Até julho de 1977 ainda eram registradas incidências acima do esperado. A partir desse ano, os casos provocados pelo sorogrupo A deixaram de ser identificados; enquanto os produzidos pelo sorogrupo C retornaram ao nível endêmico. São Paulo retornou à rotina. Apesar dos inúmeros problemas, a cidade estava livre, pelo menos dessa epidemia.
O Brasil vivia o período mais violento da ditadura militar. No comando do governo, o general Emílio Garrastazu Médici.
Foi a época do “milagre econômico” e o auge da repressão, da tortura e da censura nas artes (música, teatro, cinema, literatura), televisão e imprensa.
“As autoridades consideravam a epidemia um fracasso. Logo, empanava o brilho do ‘milagre econômico’. Por isso, optaram por negá-la’
Só em 1974, no município de São Paulo, foram 12.330 casos e cerca de 900 óbitos”.
A população não era informada sobre os cuidados para evitar o contato. Aulas não foram suspensas, as atividades culturais e de recreação continuaram normalmente constituindo uma total irresponsabilidade.
Fontes:
cremesp.org.br
ccs.saude.gov.br
viomundo.com.br
google.com
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