quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Olá, pessoal !

Hoje vamos falar de Antero de Quental.


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                                      Antero de Quental

Poeta e filosofo português (1842-1891), foi um dos expoentes do movimento literário conhecido como Realismo em Portugal.
Nasceu em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores em 18 de abril de 1842.
Estudou Direito na famosa Universidade de Coimbra. Lá teve contato com outros intelectuais reformistas, que tinham como mote à crítica ao Romantismo.

Em 1861 publicou "Sonetos de Amor"

Com os Mortos

Os que amei, onde estão? Idos, dispersos, 

arrastados no giro dos tufões, 
Levados, como em sonho, entre visões, 
Na fuga, no ruir dos universos... 

E eu mesmo, com os pés também imersos 
Na corrente e à mercê dos turbilhões, 
Só vejo espuma lívida, em cachões, 
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos... 

Mas se paro um momento, se consigo 
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado 
De novo, esses que amei vivem comigo, 

Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também, 
Juntos no antigo amor, no amor sagrado, 
Na comunhão ideal do eterno Bem. 



Em 1865, depois de um texto do poeta  Antônio Feliciano Castilho, criticando as novas ideias literárias de Antero de Quental e Teófilo Braga; na qual questionava a arte em suas obras literárias, Antero criticou duramente Castilho, numa carta aberta que teve como título "Bom senso e bom gosto", onde acusava Castilho de obscurantismo, defendendo a liberdade de pensamento e estética dos novos escritores.



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                            Antonio Feliciano Castilho

Essa polêmica ficou conhecida como "Questão Coimbrã".



“Acabo de ler um escripto de v. ex.ª onde, a proposito de faltas de bom-senso e de bom-gosto, se falla com aspera censura da chamada eschola litteraria de Coimbra, e entre dois nomes illustres se cita o meu, quasi desconhecido e sobre tudo desambicioso.

Esta minha obscuridade faz com que a parte de censura que me cabe seja sobre maneira diminuta: em quanto que, por outro lado, a minha despreoccupação de fama litteraria, os meus habitos de espirito e o meu modo de vida, me tornam essa mesma pequena parte que me resta tão indifferente, que é como que se a nada a reduzissemos.

Estas circumstancias pareceriam sufficiente para me imporem um silencio, ou modesto ou desdenhoso. Não o são, todavia. Eu tenho para fallar dois fortes motivos. Um é a liberdade absoluta que a minha posição independentissima de homem sem pretenções litterarias me dá para julgar desassombradamente, com justiça, com frieza, com boa-fé.

Como não pretendo logar algum, mesmo infimo, na brilhante phalange das reputações contemporaneas, é por isso que, estando de fóra, posso como ninguém avaliar a figura, a destreza e o garbo ainda dos mais luzidos chefes do glorioso esquadrão. Posso também fallar livremente. E não é esta uma pequena superioridade neste tempo de conveniencias, de precauções, de reticencias—ou, digamos a cousa pelo seu nome, de hypocrisia e falsidade. Livre das vaidades, das ambições, das misérias d'uma posição, que não retendo, posso fallar nas miserias, nas ambições, nas vaidades d'esse mundo tão extranho para mim, atravessando por meio d'ellas e sahindo puro, limpo e innocente.”

Reparem no português do final do século XIX.

Evolução

Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo 
tronco ou ramo na incógnita floresta... 
Onda, espumei, quebrando-me na aresta 
Do granito, antiquíssimo inimigo... 

Rugi, fera talvez, buscando abrigo 
Na caverna que ensombra urze e giesta; 
O, monstro primitivo, ergui a testa 
No limoso paúl, glauco pascigo... 

Hoje sou homem, e na sombra enorme 
Vejo, a meus pés, a escada multiforme, 
Que desce, em espirais, da imensidade... 

Interrogo o infinito e às vezes choro... 
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro 
E aspiro unicamente à liberdade. 

A linguagem despojada desse poema, como de outros contemporâneos a esse, que falam de assuntos que os puristas do Romantismo rejeitavam, alegando rudeza e falta de lirismo, foi um dos motivos da discussão na "Questão Coimbrã"

Depois de se mudar de Lisboa para Paris, retorna para Portugal em 1868. Em 1869 funda o jornal "A República".


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                                 Casa de Antero de Quental


Em 1871, junto com Eça de Queirós e outros escritores e intelectuais planeja uma série de conferências chamadas de "Conferências Democráticas"

O programa de conferências tinha como mote as preocupações com as mudanças sociais, políticas e econômicas dos povos, e principalmente preparar Portugal, para as mudanças que estavam ocorrendo na Europa.


Antero de Quental expressa em seus sonetos a sua inquietação religiosa e metafísica constituindo a parte mais importante de sua obra: "Sonetos de Antero" (1861), "Primaveras Românticas" (1872), "Sonetos Completos" (1886) e "Raios de Extinta Luz" (1892). É considerado, ao lado de Bocage e Camões, os grandes sonetistas da literatura portuguesa.
Antero Tarquínio de Quental sofrendo de depressão, se suicida no dia 11 de setembro de 1891, em Ponta Delgada, Portugal, sua terra natal.


Fontes:


wikipedia.org
ebiografia.com
citador.pt
todaamateria.com.br
google.com.br

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